28 de dez. de 2006

"Há algo que jamais se esclareceu... onde foi exatamente que larguei, aquele dia mesmo, o leão que sempre cavalguei?"

Na estrada.





Passou a mão na garganta, acariciando o pescoço e implorando qualquer nova vibração, qualquer nota, a emissão de uma palavrinha sequer que soasse inteligível na frustrante e simplória língua dos homens.


Parou a mão na testa, como se seus dedos pudessem cavar idéias, desamarrar os pensamentos, trazer alguma paz. Nada.


Em vão cada tentativa – só o silêncio (peito apertado, cabeça girando, olhos mareados, ar que não entra, som que não sai), tumulto pouco saudável entre a dor e o desejável, arrependimento, mágoa, raiva martelando... e o ar não entra, e o som não sai.


Talvez... talvez devesse ter gritado. Talvez beijado. Talvez partido. Mas nada restou, palavras sobrepostas e sem sentido, lembranças cortadas de um monólogo esquecido - só o silêncio incontrolado, incontrolável, dessa grande confusão de tudo que não foram, ou eram.



"Não sei o que em mim

só quer me lembrar

que um dia o céu reuniu-se a terra num instante por nós dois..."

26 de dez. de 2006

Torcida e retorcida por você....

Foram, então, eternos, os minutos seguintes:
olhos congelados no celular
- Esperando, ansiosos.
E se tocava, suavam mãos,
faltava ar:
- Acelerava.
Mas não era você.
(será que com ele acontecia o mesmo, do outro lado da janela?)

Se olhassem no espelho,
poderiam ver:
- Dentro dos olhos,
imagem retorcida do outro.
Involuntariamente, arrepiava
a antiga espera
Pelo amor. Pela saudade.

Como em toda partida,
não se sabia ao certo
Quanto o tempo, qual a distância...

Ainda assim, ela sorriu,
Numa inevitável torcida
de que não fosse aquela
a última vez.

(Você estava em tudo, mas principalmente em mim).

"Ainda lembro..."


Foi sim. Antes de ir embora, lembrei de abrir os olhos e olhar pra você, bem ali - no meio do beijo. Memorizei, atentamente, cada pedacinho seu: os olhos, a inclinação da cabeça, o cantinho dos lábios... guardei o perfume (agora ele vem, invariavelmente, quando lembro) e o tudo mais que envolveu seu gosto (essa parte, sabia inesquecível... rs). Foi sim, abri os olhos... e agora é basta fechá-los – não sei se sonho ou pesadelo –, mas tudo o que vejo é você.

Aquele abraço.

Fecho os olhos e sinto seu abraço, seus braços num cruzamento perfeito ao meu redor, seu cheiro... Queria poder voltar o tempo, congelar a cena, arquivar num compartimento mágico a sensação que tive quando você estava, quando eu era, quando nada mais se ouvia além do silêncio, da paz, nada mais havia além do encontro, nada mais pulsava, além da batida ritmada em meu peito.

Te sentir aqui, tão próximo agora, é a melhor das ilusões, quase como se não tivesse ido, como se pudéssemos parar o tempo.

É essa proximidade que quero. Esse misto de surpresa, naturalidade, até de incerteza (esse frio na barriga!) de encantamento. A cumplicidade de encontrar seus olhos e perceber que eles estão junto com os meus, na mesma sintonia, no mesmo querer; sentir que você me olha traduzindo cada idéia, cada vontade... meu amor é liberdade, mas me prende, me rende, porque me encanta (espanta!), exala involuntário... Meu amor é presente.

Sinto uma outra vez o abismo próximo, numa contagem regressiva escuto o tic tac de uma bomba, vejo que se aproxima uma tal hora, esse tal momento que ninguém quer saber, que tentamos evitar como se não viesse, mas sentimos com medo e procuramos ignorar. Vejo perto a encruzilhada e sei que dói repartir caminhos, sei que queria a estrada reta e sem desvios, sem precisar decidir, sem ter que questionar mais uma vez meu coração - ele já vai cansado, ele não quer perder, desespera o medo de errar........

Bem sei quantas vezes queremos evitar a mudança (ah, tantas vezes eu quis...) parar os relógios e apenas estar ali, sem peso, sem cobrança, sem precisar complicar ou explicar nada... Mas a mudança não escuta apelos, não se preocupa com esse pequeno grande coração que carrego, ela vem – avalanche – derrubando as construções mais frágeis; a mudança limpa o terreno pra tudo que é novo e desconhecido e quase me mata de medo, pra só depois me fazer sorrir (esse é o lado otimista que não abro mão, rs. E ainda assim, tenho medo).

Falta a coragem pra sair, e se isso acontece é porque o que sinto é verdadeiro e especial, porque não quero perder você, descobrir muito frágil nossa história, vê-la voar e desfazer-se com os ventos da "mudança-tempestade" que vem chegando.

Nessas horas mesmas queria voltar o abraço (ainda peço e ele vem!). Ali o tempo não passa, nada me alcança, só você e eu.

No way.

É
Nada mesmo
Faz sentido
E se tudo se sente
Sou eu
Enlouquecendo
Amarrada até os dentes

É
Vai lá
Tiro o chapéu
Mas não deixo de deixar
De dizer de qualquer jeito
De jeito nenhum.

- não sei o que você está pensando.

Disco arranhado no meu ouvido.


Nem sequer bateu a porta. Ódio. Pensou. E odiou a si mesma por saber de tudo muito bem. Algumas mentiras vêm em caixas de presente, enroladas com laço de fita e presas com bombons de chocolate (ou discos, ou livros).

Sempre soube das mentiras. Ela, garota relativamente politizada, lia livros difíceis, assistia documentários na televisão. Ela acordava cedo quase todo dia e mentalizava o que fazer pro dia dar certo. Estava acima da média, lhe ocorreu. Ainda assim. Mentiras.

Todo mundo mente. Ela se envergonhava das próprias mentiras e as evitava, fatalmente (nem sempre de contá-las, em todo momento de lembrá-las). Sabia da estorinha do mundo imperfeito, dos seres imperfeitos, dos erros, das faltas, da palhaçada absurda de tentarmos sem querer.

E olhava a fundo, procurando dentro as respostas, a explicação pelo insípido acometimento. Não havia. Não estavam.

Raiva. O pior eram as palavras ecoando - cada sílaba, cada locução, tudo que achou tão simplesmente encantador e acreditou, acreditou. Que droga. Acreditou. Acreditou mesmo.

Algumas frases não têm pra onde ir. As perdidas, órfãs filhas-da-mãe, querem fazer de você uma casa, como se fosse só isso, como se não houvesse mais nada... Empurram, discretas ou rudes, toda idéia, o pensamento mais saudável; elas embaralham bem por trás do coração, cospem na alto estima e saem mastigando o bom humor até o estômago. Ainda não sei que bom humor resiste à dor no estômago.

Elas repetem e repetem e repetem (sempre tive horror a disco arranhado). Tanto, que às vezes lotam o corpo-casa possuído e inundam os olhos, mudando-lhes o brilho, alterando-lhes o tom. Frases e palavras-mentiras (ou verdades) vazam meus olhos equanto tento, em vão, escondê-las entre os dedos.

(Não se escondam. Todos choram frases repetidas, em especial no verão).

7 de dez. de 2006

Eu só aceito a condição... e nem consigo fingir.














Dia desses
Fui brincar de beijinhos
Naquele banco, isolado, da esquina.
Sei, admito,
Derreti com o chiclete, (rs)
Quis pra mim
E até esqueci os “nós”
Esqueci
Que não eram comigo
Os outros tantos laços
Amarrados.

Foi, é verdade,
Ninguém viu, na hora, o beijo,
Quase ninguém viu meu brilho,
Antes, os olhos cantando.
(eu leve de alegria)
Enquanto todos
Pensavam ser apenas um sorriso.

Dia desses
Resolvi ficar com as flores
Que encontrei, perdidas, no caminho.
Sei, admito,
Me apeguei ao perfume,
Quis pra mim
E até esqueci os espinhos
Esqueci
Que não era meu
Todo aquele jardim,
Afastado.

Foi, é verdade,
Ninguém viu, na hora, o corte.
Quase ninguém viu a dor,
Agora, espinho - estanque, no peito.
(eu pesada de solidão)
Enquanto todos
Pensam ser só uma farpa.

(Exceto por você, que pensa não ser nada).


À Mesa do Amor
Joaquim Pessoa

"Quero-te para além das coisas justas
e dos dias cheios de grandezas.
A dor não tem significado quando mais roubam as árvores
as ágatas, as águas.
O meu sol vem de dentro do teu corpo,
a tua voz respira a minha voz.
De quem são os ídolos, as culpas, as vírgulas
dos beijos? Discuto esta noite
apenas o pudor de preferir-te
entre as coisas vivas."

"Nem que eu bebesse o mar..."


Deixo a estrada.
Logo eu, que no amor
Pensei saber, pensava ser
Brava, valente
Ir mais fundo que o normal
Hoje,
só desejo
Sair correndo
Fugir da chuva
Não pegar tanto vento...
(me assusta o barulho do outro lado da janela)

É que me apaixonei por você.
Nem sei como, ou quando
Mas sei
Não quero dor, angústia, lágrima
Palpitação
Se justo agora
Estou aqui.
Mas você não.

Minhas palavras-filhotes
Mal saem de mim
Querem o mundo
Autonomia, liberdade
Blá-blá-blá completo
Pra fazer diferença e tal

Minhas palavras-delas-mesmas
Independem da vontade
(incontroláveis!)
Vivendo suas próprias vidas
Amores, medos, sedes bastante próprias
Aproria e desapropriadamente

Brincam comigo
As palavras (safadas!)
Riem de mim,
As miseráveis.
E no fim da noite,
No fundo do quarto
Elas gargalham incessantes
Por saberem, notória e principalmente:
“In the end, it’s me (and only me!) the one to blame....”

"Quem é mais sentimental que eu? Eu disse e nem assim se pôde evitar..."

Para um grande amor.
Que não importa onde, não importa quando
Não importa sequer
Que lugar distante nesse mundo
Se esconda
Porque no meu coração descansa.

Independe dos nomes, das bandeiras
Independe das portas, cadeados
Dos muros altos,
Dos desamparos.

Meu amor
Vai além da solidão dos dias
Da frieza, da saudade.
Muito ainda além
Do medo, da verdade.

E se preciso apenas
Amparar meu peito
Num suspiro
E guardar calado
Todo amor

Ele espera
Em mim:
Silêncio e fado,
Pois nem se eu quisesse,

ou pudesse
Deleeuseparo.

6 de dez. de 2006

Menina amarela...


Confusa, contraditória, complicadinha
Dei um nó
e sai, de fininho
Fiz que ia
e errei o caminho
Me animei e cansei,
sem porquê.



(Rosas, brancas, amarelas -
Param todas as janelas
E sou elas,
lapelas...
Rosas, brancas, amarelas).

Lonliness and smells... so cute. Little sad...rs.

As time goes by....

Poderia tentar
Resumir em palavras
Te contar
Como quem narra uma história qualquer
Personagem qualquer
Dia qualquer
Amor... qualquer.

Mas faz um ano
E era eu
Que ainda sou
Mesmo com o tempo
Vento, lágrimas e sorriso.
Ainda estou

Foi seu o brilho
No sol, no dia.
A mesma luz
E eu de volta
Aprisionada

Se em teu peito
Descansam meus sonhos
E do seu lado
Silencio. Alegria.

Queria apenas
Tudo de você
Tudo que houver
Até não ter
Não ser

Queria o impossível
O desejável
O dia imperfeito
O amor dos meus planos

É que faz um ano
E tudo que tenho
É saudade.

8 de out. de 2006

Essas coisas da vida, a gente nunca sabe se fica triste ou feliz com algumas noticias....

Ela chegou pontualmente. Tinha certeza, eles combinaram, tudo era muitíssimo específico: hoje, cinco e meia da tarde. Depois de ontem, no tempo exato da cicatrização das paixões mais devastadoras (precisamente ridas e choradas. Definitivamente idas). Um pequeno intervalo depois dos lençóis secarem na calçada, das lágrimas passarem, desentupirem veias, aortas, logo depois daqueles calafrios que sentimos quando a paixão e o amor estão se despedindo. Acharam melhor se despedirem de tudo que se fora.

Marcaram ainda antes das borboletas na janela. Seria antes do espasmo, antes do espanto, antes daquele certo veneno que provamos quando embriagados pela nossa própria companhia e nada mais. Seria alguns minutos antes do sol se pôr.

Eles marcaram tudo, cronometrados.

Justamente por isso, não entedia. A verdade é que estava lá. Sozinha. Teria errado o local, talvez....

Era aquele mesmo ponto que nenhum dois dos conhecia, exceto pela foto estranha no jornal, pelos comentários secretos de casais apaixonados – era o lugar que nunca tinha sido dele, nem dela. Pensavam que assim poderiam consumi-lo, cada ângulo, cada sombra passaria a ser ele e ela sem virgulas, sem acentos. E com pôr-do-sol.

Como se sabe, ele não foi. Ele não foi e o relógio do mundo corre muito mais rápido que o deles, portanto o momento passou e portanto a porta bateu pouco antes de seus olhos cruzarem.

Do outro lado da rua, ele seguiu outros enredos, ela tocou outros discos. Numa outra esquina, dançaram outras musicas e atropelaram.........
O que foi mesmo que atropelaram? Ninguém lembrava... Alguns segredos precisam ser esquecidos muito, muito rápido... Alguns segredos dão medo se lembrados (por isso, sequer guardá-los).

Não foi culpa dela. Nem dele. Ou foi culpa de ambos, para os que acreditam que alguém tem sempre que levar a culpa.

Sua.


Eu, pensando em você e nos dias incertos.
Eu, sem lógicas, sem razão.
Eu com ciúme de você aí, dormindo.
Eu querendo ser a única flor do jardim (apesar de saber bem do meu lugar, mesmo assim).
Sou eu.

Ai, ai, ai....



"…Don’t go breaking my heart…"
Just
Don’t break apart
My ideas and dreams
Don’t take away
From all I believe at
Don’t tell me I’m too crazy
When all I’m crazy about
Is the thought of us,
together
Don’t try so hard to convince me
This is the only way out
When I can see that door
And it takes me straight to your arms
When I can see through you,
Into your eyes,
Inside your heart.
It’s me
And you
We’ve been looking for.

Porque sou uma pessoa enrolada...

Era uma vez uma menininha. Ela tinha um coração bom, mas gostava de brincar com fitas coloridas (sem saber bem o porquê, inclusive) e por isso, às vezes, as fitas se enrolavam, davam nós, laços, formavam correntinhas rosas, azuis, verdes, amarelas... é, uma menina de bom coração que gostava de dançar com fitas coloridas e as fitas se prendiam no caminho e a menina se prendia no caminho, nos galhos, pelas grades dos portões que ela não deseja entrar. Às vezes, fitas se confundiam com cordas, e a menina era arrastada por trilhas que desejava menos ainda. Cordas sabem apertar. A menina tem um bom coração, mas desconhece as vontades. Ela escolhe muito pouco e assim, os caminhos vão escolhendo ela. Fitas-cordas a esticam por desejos alheios – fitam tapam seus lábios, cordas tocam, desafinadas, melodias desconhecidas. Outra fita, amarela, tapa seus olhos de menina. Uma rosa, prende às costas suas mãos. Tudo por que ela mesma gostava de brincar com seus laços (sem saber bem o porquê, inclusive). No meio da lagoa tinha o sapo celular. O sapo gritava incessante (coaxava, parece), toda a vez que a menina fugia de medo. Ela, pequena, amarela, se escondia bem no fundo da caverna, tapava forte os ouvidos (se não fosse o eco!), entupia os ouvidos com fitas quadriculadas. Algumas vezes tinha fome, então comia amoras encantadas, que lhe tiravam a voz e o sono. E as vezes, para conseguir locomover-se, a menina virava peixe, e seguia com a correnteza... A menininha não respondia aos berros do celular-sapo (aquele mesmo, que queria ser um príncipe), nem aos bips/sorrisos do MSN, nem a quase, quase nada – todos estavam do outro lado do aquário e ela vivia bem dentro dele. Não é por mal, acreditem. A menina tem um bom coração. Acontece que, às vezes, as paredes do aquário são largas demais. As fitas são longas demais. Ela se perde um pouco longe demais. E tudo, tudo toca. Menos ela?

Eu - por mim mesma.



Até pensei em alter-ego. Pensei em ser ela - pra tratar mais fácil de mim, falaria dela. Ela: Marcela, Ana Cláudia, Daniela... Ela que pulou a janela ou se afogou em pílulas diversas com bolinhas de champanhe..

Ela que queria noite em pleno dia, ela mesma que saia achando que voltava em meros 05 minutos. Ela que eu mesma seria, sem pudores, sem poderes, pura e simplesmente alguém mais, desconhecida.

É porque hoje não foi. Hoje não é. Não é ela, sou eu. Flébil. Metarmórfica. Acontece que não me reconheço de tempo em tempo.

Eram os dias que muita gente não era o suficiente.
No hoje, me basto, com um copo d´agua semi-cheio e certa frieza no coração... Não sei bem da trilha que me trouxe, lembro de passagens, pedacinhos remotos que agreguei num sem vontade sem fim – hoje tudo isso, conjunto de mim. Sei bem que estou e não tenho alterado, mesmo ao seu lado continuo sentindo esse sem tempo.

E se dizer: menos intensa – minto. Sim, sinto. Sinos tocam com certa freqüência e o sol nunca foi tão grande; o céu, azul; a correria, agradável. Vazio? Confortável...

Apenas troquei a porta de entrada e me vejo correndo dos meus sonhos mais antigos, nada mais do que foi faz sentido, seduz, satisfaz. Nada mais por tudo que quis.

Ah.... clichês irritadinhos de mim mesma!!!! Eu ser, do não-ser que fui e hoje sou, oculta entre as manifestações e os fenômenos inexplicáveis do não-ser (ser-aí????), do que ninguém entende, mas todos são. Eu, hipócrita, fazendo minhas: verdades, tempo, vento, canção. (fui essa mesma eu, intelectual - liguei pra Heidegger entre dois goles de cerveja e ri do sorriso de Aluap na madrugada de sexta).

Ela tava olhando justamente pra mim....



Tinha uma barbie no outdoor. Olhei e vi exatamente a bonequinha da estante, na caixa da loja, três meses depois do aniversário.

– Filhinha, porque não desembrulha? (Usa, brinca, troca as roupas, penteia o cabelo? Porque não muda o vestido que veio?)

Barbie me olha e sorri: sorriso perfeito, muito bem colocado. Apropriado. Brilhante. Os olhos azuis combinam com a cor escolhida pra camisa (olha só, quem quero enganar? Aqueles olhos azuis combinariam com qualquer camisa, com qualquer cor...). Os cabelos, dourados, parecem desenhados, simetricamente calculados, para fazer a ondinha da ponta, recair sobre o rosto, aparados, sem muito cobrir, ângulo exato pra destacar sabe se lá o que. Qualquer coisa, né, eu diria (irônica? Talvez...).

Brincos de brilhante e anel (sim, barbie usa anel!), pra complementar, compor a boneca que guardava na caixa, na estante.

E (vejam só) eu que sempre quis “barbeiar“ por aí, vestir um longo, salto alto, ter trinta e cinco vestidos e carro rosa conversível, namorar o Ken e nunca, nunca assanhar o cabelo (quem sabe estrelar no outdoor da semana) – me contento em ser Emilia, farrapos, sandálias e tiras, louquinha, destrambelhada (desastrada!). Muito, muito chata. E obviamente, falante. Bem o contrário da maioria das barbies que conheço, prefiro beijar os sapos, a engoli-los (hehe...).

Bem de saco cheio de tentativas.....


Melhor Desistir.

Não tente entender,
meus olhares não foram pra você.
Não tente me dizer
como agir
quando todos os dias
são os mesmos dias, mesmos casos, mesmas cenas,
mesmos calos, no mesmo silêncio.
Nada mais muda por aqui.
Não tente me julgar,
Eu só não quero mais você
Não me leve a mal,
mas sua mesmice me aborrece
demais.

Foi embora....

Foi embora a minha amiga bruxinha....
Ainda não terminei de chorar, porque ela foi embora.
Sei que são apenas quilometros (e o que são meros quilometros!?), mas ainda assim:
Quilometros são mais que a distância entre nossos quartos.
mais que a distância entre nossos momentos,
mais que a distância que eu gostaria de precisar atravessar
para rimos muito disso tudo
agora.

Nada mais.

Fim.

Não te peço que volte
Com toda a vontade,
Que brigue com o tempo
E apague lembranças
E se desejo

Não espero que fale
Com palavras doces
Que abracesse apertado
E diga “pra sempre”
E se te peço

Não espero que acorde
No meio da noite
Com saudade do beijo
Ou do meu corpo ao lado
E se te lembro

Não espero que venha
De surpresa em minha porta
Que não me deixe sair.

Pois se desejo, peço, lembro,
se me atormento assim
É porque já se foram
Todas as expectativas
Do meu amor ser pra você.
Ou você, pra mim.

24 de jun. de 2006

Coitado.... rs.


Pois no fundo acho que ele é um sortudo, kkkk....
Pergunta isso a uma pessoa assim, cheia de amor no coração...

Apaixonada pela vida hoje! Meu sorriso é tão de dentro que não podem roubar. (Dá pra ver daí?)
Sem razão, sem explicação. Meu coração tem vida própria, rs.

14 de jun. de 2006

Uma estória emprestada... em breve lanço minha versão.

Conto de Fadas Ao Contrário


"Era uma vez um príncipe burro e medroso, que só beijava sapos desencantados, pois tinha medo de não conseguir nunca a princesa num desses sapos encantados.
"Ah, assim é garantido que eu não vou conseguir, pelo menos. Uma garantia é sempre uma garantia, afinal."
E seguia pela vida, beijando sapos e se conformando com seus bafos de lagoas por aí. Sonhando com uma princesa de verdade, linda e só sua.
Nessa mesma época, em terras distantes jamais visitadas, vivia em um reino, com sua mãe e seu pai, uma princesa desbocada. Sem medo de nada, que adorava beijar todos os sapos por aí, sem temer príncipes desencantados.
Vivia sua vida, esperando que um príncipe lindo e todo seu aparecesse e a tirasse dali do seu reino, onde nenhum sapo era premiado.

Nunca se encontraram. Era tudo uma questão de Geografia."

Dentre os riscos de pensar demais... fico com o sem razão!

Por não estarem distraídos
Clarice Lispector

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Esse texto sempre foi meu, de cabeceira. Gira o mundo e paro aqui dentro outra vez.
Sindrome do amor demais... rs.
Porque gira o mundo, e só descubro outra razão para amar novamente. Não tenho medo do meu coração. Não tenho medo do caminho. Apenas a espera me aflinge.... e abençoa. Sorte dos otimistas.

2 de jun. de 2006

Porque sou igual a minha gatinha...



Mel comia apenas ração. Exigência minha, tentando ser boa mãe, inteligente e prática, decidi que ela não provaria qualquer tipo de comida, exceto a boa, nutritiva, sem sal e pálida ração.
Bem, por razões diversas e intrínsecas ao jeito do mundo girar (leia-se, minha doce avó, quem passava mais tempo em casa do que eu e tinha pena da gatinha que só comia aquela coisa sem graça), Mel foi exposta a mais deliciosa carne moída, brandamente temperada, incrivelmente cheirosa.

Minha avó viajou, o segredo foi revelado.

Mel hoje detesta a ração. Eu – educadora insistente (e profundamente raivosa com toda a situação, arght) – continuo dando APENAS ração e nada mais.
Eis que tenho uma gata rebelde...! Mel aprendeu a subir na bancada da cozinha, abrir panelas... sente de longe cheiro de qualquer guloseima, fica nervosa quando entram na cozinha, não deixa ninguém completar uma refeição sem o crivo dos seus olhinhos apelativos. A comida tem que ser cuidadosamente vigiada nesta residência.

Tenho esperanças (e mesmo agora sou como a gata – otimista!) de que ela esqueça, contente-se, ou ao menos canse das palmadinhas que leva quando se aproxima de um prato de comida. Tenho esperanças de que a ração volte a ser suficiente pra ela e outros prazeres e benesses possam dissuadi-la dos prazeres da carne.

O prato preferido da minha gatinha pode causar mal digestão, prejudicar seu pêlo, sua virtude, o andamento normal e equilibrado dos seus dias... mas ela não está preocupada...


Diz o ditado: tal mãe, tal filha (adaptação nossa).

Meu lado criança não me deixa desistir, independente das palmadinhas da vida. Levo praticamente socos algumas vezes, rs (porque é melhor rir meeesmo, não deixa de ser uma estória engraçada).

E eu, all grown up... so embarassing... Mesmo medrosa quanto às interpretações, deixo maiores analogias a critério alheio...

Entrelinhas.

Tá Combinado
Caetano Veloso

Então tá combinado, é quase nada
É tudo somente sexo e amizade.
Não tem nenhum engano nem mistério.
É tudo só brincadeira e verdade.
Podermos ver o mundo juntos,
Sermos dois e sermos muitos,
Nos sabermos sós sem estarmos sós.
Abrirmos a cabeça
Para que afinal floresça
O mais que humano em nós.
Então tá tudo dito
E é tão bonito
E eu acredito
Num claro futuro
de música, ternura e aventura
Pro equilibrista em cima do muro.

Mas e se o amor pra nós chegar,
De nós, de algum lugar
Com todo o seu tenebroso esplendor?
Mas e se o amor já está,
se há muito tempo que chegou
E só nos enganou?
Então não fale nada,
Apague a estrada
Que seu caminhar já desenhou
Porque toda razão, toda palavra
Vale nada quando chega o amor...

Passado. Presente...

Cansei
De cada dia, da velha estória, do descontrole total dos seus, dos meus passos... Correlatos.
Não sou mais a mesma – e nem você, e passo o tempo para redescobrir o que um dia foi, tentando, em vão, reencontrar o que amei inteira, o que quis e talvez queira, o que pretendia viver - e mal deu pra tentar.

Se sou mesmo essa nuvem, neblina no reflexo dos seus dias, se não caibo mais entre a segunda e a segunda feira, se não te toco quando rio, nem choro, se não sou pra você.

Que sentido podemos fazer, quando tudo que se sente é angustia, a voz abafada do meu coração, lamentos em verso, que rimam, em lagrimas, melódicas, e igualmente tristes.

Porque pensar em tudo que existiu já não me contenta mais, apenas sua sombra num vale azul, quando meu céu já vai negro, pela tempestade que invadiu, abrupta, noite gélida que entrou a janela.

Estava sim, aberta, devidamente conquistada em cada fresta, sentindo um vento do qual achava protegida, quando a mesma brisa se transforma em crueldade, e não importa quantas vezes contemos estrelas, será ainda insatisfeita a minha estória.


Termino porque foi longe demais.

Não vi a estrada quando peguei o caminho, não medi os entraves, as encruzilhadas, não percebi as voltas e intempéries, não avistei o abismo ou a vastidão do labirinto que envolveria meus passos, que seria então meu caminho,

Engoli seco cada palavra-comprimido que você prescreveu, aceitei como o enfermo, na procura incansável de uma cura, deixei de lado preconceitos e acreditei na pílula milagrosa, num xarope mágico de convencimento, do eufemismo prático, floreando sua proposta de todas as formas, para que soasse quase irressistível.

Calei todas as vozes da minha cabeça e as ao meu redor, calei o mundo – nada se ouvia que não você, nada podia, nem devia saber, seria apenas meu - segredo guardado, como quisessem roubado, perturbado, lacrado – e todo o barulho só interrompe o efeito do remédio que escolhi - perigosa interação de medicamentos, interferindo no sorriso que eu montara a tanto custo, pra usar com você.
E com eles.

Termino porque não existiu.
Termino porque já acabou.

16 de mai. de 2006

Eu sou Feliciaaaaaa!!!


Aí estou, rs, sonhando com o Tal do Valentino Troca Tapa... kkk...

Uma noite só, um minuto só
como se pudessemos
parar o tempo
controlar o mundo
e sermos só
nós dois.

8 de mai. de 2006

“Que mal há em estreitar seu rosto em minhas mãos e pensar que se isso durasse pra sempre, no fundo não seria tão mal...”

E foram justamente suas as mãos que estreitaram meu rosto e foi dali, daquele encaixe, daquele abraço (apesar de todos os outros encaixes e abraços), foi justamente daquele, de alguns segundos atrás, que desejei nunca mais sair.

Chega dói de tão bom que é.
Respiro fundo pra guardar no coração.

E se não posso ter, se está perdida a partida, o jogo, a guerra, se são finitas e até extintas minhas opções, então - vai embora. Corra, suma, desapareça entre os carros pela noite, esquece o endereço, apaga meus números, desfaz a musiquinha tão linda e boba que toca quando sou eu que te chamo. Vai embora, por favor...

Se são meus sonhos que vão derramar pelo chão, meu coração que verei em pedaços, minhas lágrimas molhando meus pés daqui da frente.... Corre - não demore -, some, pra que eu tenha ao menos uma chance – pequena, ínfima, minúscula – de piscar os olhos, de acordar, de esquecer...

Leva contigo seus beijos, seu gosto, o toque, o abraço. Faz uma mala bem grande e empacota toda minha paixão. E nunca, nunca mais, aperta assim o meu rosto. Ou, esteja certo, não mais vou te deixar partir.

28 de abr. de 2006

Numa fração de segundo...

De repente
Saudade incrível
do beijo, do abraço
da noite anterior.
Ligação...
Quase nem penso.
E é saudade.
Impulso incontrolável -
Mensagem:
“te amo!”
Fração de segundo -
Resposta:
“também”.
E entre livros e notas,
cadernos, canetas,
foi meu coração
bantendo sincronizado
com o seu.
Meu sorriso
brilhando
sabendo
seu mesmo sorriso,
mesmo brilho,
mesma saudade.
Fração de segundo
você veio.
E fui você.

Numa mera tarde de quarta-feira...



Um humilde senhor no caixa ao lado, fila no supermercado. Óculos de grau, blusa pra dentro de uma calça surrada (bem passada, entretanto), cinto preto, sapatos velhos. Cabelos devidamente penteados. O senhor entregou um cartão de credito azul. Discussão em voz alta e tumulto entre as atendentes.
– “Fulana, você não viu o aviso! Ele não pode parcelar não!!!!”
E a tal da fulana, para o senhor:
- “Sinto muito, viu moço, o cartão realmente parcela em até 10 vezes, mas o valor mínimo é de R$ 10 reais a compra, olha ali no papel...”. (apontou para uma folha de oficio escrita com letras garrafais, colada na parede, atrás do caixa).

Dei por conta da situação e olhei pro balcão. A compra que tentara fazer era de uma garrafinha de Iogurte de morango, custava R$ 0, 79 (o valor, bem grande, estampado no monitor do computador da cobradora).
Quase deserpero – peguei correndo o iogurte e pedi alarmada pra Caixa passar junto com minhas compras. Cara de má vontade dá atendente, que tinha encerrado a venda.
O senhor olhou pra mim.
- “Não. De jeito nenhum. Obrigado.”
- “Mas, meu senhor, por favor. Eu faço questão. De verdade, por favor”.
- “Não, não”. E correu da loja antes que eu pudesse pensar em algo melhor pra dizer.

Esse foi um dos piores “nãos” que já ouvi na minha vida.
Voltei pra casa chorando. Borrei o rosto com o rímel de R$ 30,00, que foi escorrendo pelo pó de R$ 40,00... às vezes (poucas e tantas vezes), detesto a maquiagem que cobre meu rosto.

12 de abr. de 2006

Porque é única...

"Oportunidade é uma menina com trança na testa". Uma agulha, prestes a cair no palheiro, o segundo seguinte do relógio, o trem das 11 às 10:59... Vai passando sem volta, ou revolta, sem segunda opção.

A oportunidade sussurra e sua voz afiada me amedronta. Jamais grita, a oportunidade... Não me chama pelo nome, não aceita divagações. Mata-me aos poucos e me forço a entender, ameaça constante aos pratos postos da minha balança.

Não sou sua e não é meu. Somos apenas a sombra do que gostaríamos e nos perdemos um do outro quando a noite vem... Se sob o sol sou reflexo de tudo que espera, a noite sou escuridão e me teme, como temo, me perder em você e pela noite, não encontrar caminho, retorno, outra mão.

Já não falamos mais como antes. As palavras não ditas, entretanto, falam comigo sem parar, me cortam o sono, tomam o volante - sem direção meu próprio destino - tudo pelas palavras que não falei ou sentidos não explicados, tudo pela desculpa que não ouvi, tudo pelo desencontro que programamos tão bem.

Sim, porque se nossos encontros foram conturbados, nossos desencontros são exemplares – somos praticamente profissionais em desajustar nossos relógios (maior o desafio, creio eu) a ponto de chegarmos na pior das horas do outro, de estabelecermos as situações mais desaconselháveis, desamarrando todos os laços, como se fossemos um teste, prova de fogo ou de amor um do outro.

Eu te amo
Não digo muito
Quase disse nada
Mas você já sabe
Ou sabia

Porque te amo
Quando te vejo
E meus olhos lêem você
Brilhando mais forte
Impossível esconder

As palavras travam
E quase murmuro,
Mas você entende
Porque o som que escuta
É o do meu coração

É que te amo
Sem pensar muito
Pensando quase nada
Quando passa cada segundo
E já não passa.

Te amo
Além do quando
Além do quase
Além do nada
Eu amo, encantada.
(parada, calada, malvada, enfeitiçada).

Entendimentos e Desentendimentos.


Sermão do mandato
Padre Antônio Vieira

Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacó, nunca chega à idade de uso de razão. Usar de razão e amar são duas coisas que não se ajuntam. A alma de um menino, que vem a ser? Uma vontade com afetos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febriciante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso, os mesmos pintores do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor é cegar o entendimento, daqui vem que isto que vulgarmente se chama amor, tem mais partes de ignorância; e quantas partes tem de ignorância tantas lhe faltam de amor. Quem ama, porque conhece, é amante; quem ama, porque ignora, é néscio. Assim como a ignorância na ofensa diminui o delito, assim no amor diminui o merecimento. Quem ignorando ofendeu, em rigor não é delinqüente; quem ignorando amou, em rigor, não é amante.

6 de abr. de 2006

"Saber amar... saber deixar alguém te amar..."



Bem ou Mal
Vânia Abreu

Pode ser que seja normal
Acordar querendo te ver
Pode ser que seja fatal
Para mim, ficar sem você

Pode ser que o amor seja assim
E o remédio seja esperar
Pode ser que eu ria de mim
Quando tudo isso acabar



Antes que eu sinta mais saudades de você
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
Ainda é cedo e tudo pode acontecer
A chance é toda sua


Pode ser seu jeito de olhar
Um sorriso basta pra mim
Faz o mundo inteiro parar
Faz o coração dizer sim


Pode ser que eu queira demais
E você nem queira saber
Pode ser que seja fugaz
Mas eu quero estar com você

Eu visto a roupa mais bonita pra te ver
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
A noite cai e tudo pode acontecer
Debaixo dessa lua

Bem ou mal
Tudo se mistura, tudo é natural
Prazer e tortura juntos, bem ou mal
Se você quer calma, eu quero um temporal
De amor e prazer

5 de abr. de 2006



Assumo TOTALMENTE - com tranquilidade mesmo - a minha mais branda, porém real, incompetência para me direcionar neste mundo de marcianos...

"Mas o vento mudou a direção..."

E olha, não me pede pra achar os caminhos...!
Sou venusiana,
exata e diretamente de Vênus
onde as ruas são marcadas
por setas coloridas,
tijolos dourados,
ou migalhas de pão.

Não, não me peça
pra entrar na rua certa,
lembrar qual
dentre as trinta e cinco opções
me levam pra você,
sua casa,
seu coração...

Meu caminho,
alinear,
faz voltas e revoltas,
gira em torno de respostas,
não faria qualquer sentido pra você
Isso eu bem sei...

Mas não me peça pra entender
ou decorar
se é direita ou esquerda
a mão, contramão
Se posso, ou não
seguir por aqui

Não me pede pra acelerar
quando não conheço de cada adversidade
desse caminho pra você
Não, não vou arriscar
rodopiar descontrolada e no final
Tonta.

Agora, se quiser,
Te dou as chave do carro
Deixo que guie,
Controle a mudança de cada marcha
E te acompanho
Com palavras
Olhares

Vou saboreando
cada segundo
das suas mãos
no voltante
ou de leve
em minha perna

Dirige sim,
suas estradas e esquinas...
Leva o meu carro
e me dá o prazer
de observar seu caminho.

Dirige sempre...
Eu confio
Obedeço
Estremeço
E sorriu.

28 de mar. de 2006

Encanto.

É exatamente assim que fico:
Com medo de pular de uma vez
no oceano escuro do meu lado,
com medo de molhar os pés
ou a alma
E ser um mergulho sem volta.

Mal baixo a cabeça
pra não te perder
Esperando que os coqueiros
se transformem no seu corpo
Que meus cabelos
Voem o suficiente
Como sinalizadores pra você.

Ah, letras tortas,
Shorts brancos que me enganam
Trapaceando com meus olhos
E sentidos
Enganado meu coração
Já apertado

Se eu pudesse apenas
Te puxar com meus olhos
Te atrair com meu cheiro
Ou meu canto
Como sereia
Desviando seu navio
Para meus braços

Quase involuntariamente
Você viria,
sorrindo e cego
Como é cego o meu amor
Você seria,
Encantado,
Persuadido apenas em minha direção

Ai que já me dói a espera
Te procurar na calçada
Entre os carros na rua
Querer mudar o vento,
Que vai pro mar e me chama
Naturalmente.

Correndo...

O sol vai embora
E você
Perdendo aos poucos
A chance de me ter aqui,
Menina comportada,
Te esperando

Fotografando impaciente
Cada sinal,
Cada vulto
Minimamente semelhante;
Me perguntando sozinha:
Será que você me alcança?

E finjo não ouvir
Quando o mar grita pelo sol
O sol desce e me sussurra:

- Não, ele não vem mais...

Ou então, em sua corrida,
passou direto por meus olhos
Perdeu seus sinais
Passou por trás da cidade
Pra não ouvir mais chamar...

Ah... Vida longa aos que correm na direção que escolheram.

Deixa a noite chegar...

Só o frio.

Meu corpo, arrepiando,
confessa agora:

- Você não veio.

E ainda espero,
sem lágrimas, sem sossego
inquieto o coração, que
Sabe-se lá porque,

Ainda espera,
apesar de saber...
Já passou.

24 de mar. de 2006

"Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei..."

Cansada de perguntas e respostas...

Ultimo Grão
Isabela Taviani

Não demora agora,
há tanto pra gente conversar
Eu desejo e vejo, a rua você atravessar
e os seus passos largos já não incomodam
não te acompanho mais, caminho do meu modo
teus olhos turvos poucos sinceros
não me atormentam quanto mais eu enxergo

Eu e você podia ser
mas o vento mudou a direção
Eu e você e essa canção
pra dizer adeus ao nosso coração

ta na minha frente, não se perturbe
verdade é pra falar
sei que vai morrer um pouco
mas ainda há tanto pra lembrar
o seu sorriso lindo, indefinido
suas mãos tão quentes, atravessando o meu vestido
palavras que falavamos, simultaneamente
no meu ouvido, o teu discurso indecente

Eu e você podia ser, mas o vento mudou a direção
Eu e você e essa canção pra dizer adeus ao nosso...

As vezes o amor escorre como areia entre os dedos
não tem explicação pra tantos erros
é melhor partir antes do último grão cair

Eu e você podia ser, mas o vento mudou a direção
Eu e você e essa canção, pra dizer adeus ao nosso, ao nosso
coração.

19 de fev. de 2006

Da turbulência do mundo e dos compromissos...

Safena
(Elisa Lucinda)

Sabe o que é um coração
amar ao máximo de seu sangue?
Bater até o auge de seu baticum?
Não, você não sabe de jeito nenhum.
Agora chega.
Reforma no meu peito!
Pedreiros, pintores, raspadores de mágoas
aproximem-se!
Rolos, rolas, tinta, tijolo
comecem a obra!
Por favor, mestre de Horas
Tempo, meu fiel carpinteiro
comece você primeiro passando verniz nos móveis
e vamos tudo de novo do novo começo.

Iansã, Oxum, Afrodite, Vênus e Nossa Senhora
apertem os cintos
Adeus ao sinto muito do meu jeito
Pitos ventres pernas
aticem as velas
que lá vou de novo na solteirice
exposta ao mar da mulatice
à honra das novas uniões

Vassouras, rodos, águas, flanelas e cercas
Protejam as beiras
lustrem as superfícies
aspirem os tapetes
Vai começar o banquete
de amar de novo

Gatos, heróis, artistas, príncipes e foliões
Façam todos suas inscrições.
Sim. Vestirei vermelho carmim escarlate

O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.

"Anoiteça e amanheça eu..."

Intimidade

Você ao meu redor
Domina as idéias
Descontrola pensamentos
Tormentos

- Deixa o dia assim!
Só pra mim...
Só dessa vez

Aceita
ser refém de meu amor
amarra em meu cabelo
acorrenta em meus braços
cola em minha boca

Deixa
ser todo meu
todo o dia
tranca seus olhos
nos meus
perde a chave
do carro
de todos os contatos
desliga, desconecta

Aceita
ser mandado
a só me amar
Briga, perde,
esquece os compromissos
não me importa
fecho a porta
definitivamente
e por um dia
Te seqüestro.

(esperando resgate, pago ainda em beijos...)

E veio o sol....

Faço minhas as suas

Digitais
(Isabella Taviani)

Eu tava aqui tentando não pensar no seu sorriso
Mas me peguei sonhando com sua voz ao pé do ouvido
E te liguei
Me encontro tão ferida, mas te vejo aí também em carne viva
Será que não tem jeito?
Esse amor ainda nem nasceu direito pra morrer assim

Se você pudesse ter me ouvido um pouco mais
Se você tivesse tido calma pra esperar
Se você quisesse poderia reverter
Se você crescesse e então se desculpasse
Mas se você soubesse o quanto eu ainda te amo
É que eu não posso mais

Não vou voltar atrás
Raspe dos seus dedos minhas digitais
Não vou voltar atrás
Apague da cabeça, o meu nome, telefone e endereço
Não vou voltar atrás
Arranque do teu peito o meu amor cheio de defeitos

Me mata essa vontade de querer tomar você num gole só
Me dóis essa lembrança das suas mãos em minhas costas
Sob o sol da manhã
Você jã me dizia: Conheço bem as suas expressões
Você já me sorria ao final de todas as minhas canções
Então por quê?

Tear dropping, rain dropping

17 de fev. de 2006

"Ah, você é cheia de estorinhas...."

E você diz que te incomodam essas minhas “tantas estorinhas”...
Você, que pensa tanto em tantas outras paixões...
Te conto uma estória: foi bem a nossa que você deixou de viver. E de tantas, tão variadas estórias felizes (acabadas ou não, iniciadas ou não) foi justamente a nossa que ficou metade, que esfriou (até congelar!), parou no tempo. Fez-se triste.
Ah, estória essa, tão linda e nossa, de uma paixão inesperada que passou montanha, vento, atravessou rio, cachoeira... Sobreviveu outro amor só pra ser mais forte, intensa. Paixão que, de medo, virou deserto – quase nos mata de sede, faz procurar água em outro lugar (busca vã, tive certeza), leva parcela do brilho dos olhos... de tão seco que foi o deserto de você longe de mim.
Paixão que soube ser enchente em um deserto seco, ainda quente, mas de outro calor... Quente de presença, cheiro, gosto, quente dos encontros todos, de pensar em ser amor.Ah, muito linda sim foi nossa estória, e foi passando por mim e até por você, que sabe lá porque, não quis ver, saber... viver.
Apenas deixou a chuva virar orvalho (no meu amor “de cinema” – uma pena), gotas de lágrimas que caíram e se foram junto com tanto carinho, tanta admiração, junto com todo o enredo. Junto com om todo o enredo. Junto com toda a estória.

7 de fev. de 2006

"Procura-se um amor que goste de cachorros..." Ou um cachorro que goste de amor...? :)



BROWN PENNY
William Butler Yeats

I whispered, 'I am too young,'
And then, 'I am old enough';
Wherefore I threw a penny
To find out if I might love.
'Go and love, go and love, young man,
If the lady be young and fair.'
Ah, penny, brown penny, brown penny,
I am looped in the loops of her hair.

O love is the crooked thing,
There is nobody wise enough
To find out all that is in it,
For he would be thinking of love
Till the stars had run away
And the shadows eaten the moon.
Ah, penny, brown penny, brown penny,
One cannot begin it too soon.

1 de fev. de 2006

30 de jan. de 2006

"Me encontro tão ferida, mas te vejo aí também, em carne viva..."

...CESSO...

Fique ou não do meu lado
A minha dor eu atravesso,
Transformo em verso
Canto cada gota
A minha dor
Expresso

Veja em meu sorriso
Observe, na entrelinha
Dos meus lábios
As palavras saíram
Mas você ficou
Confesso

Travado no peito
Partindo meu chão
Não dá pra escutar
Se você não ouvir
O vai e vem que eu vou
Processo

De você agora apenas
Um gesto
Ridícula saída dos meus braços
Triste o olhar perdido
Do qual fujo, sem destino
Recesso
.

“...Um beijo, um beijo só...”

01/2005


Profanando meus lábios
Foi esse beijo
Quase não-beijo
Que me pegou de surpresa
Congelando em meus lábios
O desabor do mais vazio
O sem sentimento

Beijo
De puro favor
Vem e me diz:
“- te beijo assim, por você e não pra mim....”
Acaba sendo de ninguém
Esse beijo
Se posso chamar assim

Beijo
Por educação
Como se meus lábios
Fossem pátio de recreio
Você me beijo em cheio
Sem quase tocar...

Se quer beijar
Me beija
Vem aqui, me aperta forte
Envolve, despenteia, desarruma

Faz com gosto, prazer
Faz de verdade, com o corpo todo
Não beija metade, não beija sozinho
O meu beijo - carinho -
Não entende essa pressa
Que afronta

Me beijar
Faz, pra ser impossível resistir
Me lembra porque te escolhi
Para chegar assim, perto
Mesmo desavisado

Foi bem esse beijo
Essa coisa qualquer de você
encostando sem me sentir, ou verFoi bem esse beijo
Partido
Que me falou de você.

Um beijo que disse o adeus mais insosso,
insípido
Disse que ia desdenhando
Que tanto faz
Tão pouco fez

Beijo dessa boca
Que tanto me chamava
Adorava, pirava
Agora mesma boca ....
Envenenada.

"Fico perguntando como é que aqueles que não escrevem, não compõem, nem pintam, conseguem escapar do medo, que é inerente à condição humana"

Graham Green.

Meu amor é preto no branco. Eu noite, ele dia.

03/12/2005

O meu amor enxerga bem
Ele não que óculos para ver o dia
Não teme o sol
Não tem medo da transparência
Meu amor
Quer tudo assim
Bem claro, raro.
E eu,
Parte minúscula da estória
Tento me disfarçar de noite
Perfumo-me com estrelas
Maqueio-me de luar
Cubro todo o corpo com a mais negra cor...
Em vão!
É você, como sol
Despe, desarruma, aquece
Me deixa e vê toda nua, sua
Nega esconderijo ou proteção
Quando me ama
Sem razão
E quando me tem, domina
Só eu, menina
Que já não posso mais
Nem quero mais,
Eu só de arrepio.....

Mais um dia de domingo.

27/11/2005

Você dorme e comigo seu cheiro, seu gosto na boca e pelo corpo, você que me toma inteira e me tem só sua, mesmo longe, mesmo quieto, desligado... e é o sol que vem pra clarear nós dois, pra esclarecer, transparecer toda e qualquer parte... é o sol que chega e me ilumina (te ilumina), a manhã seguinte, do dia que segue depois do amor.

Tenho um nó na garganta que vem dessa paixão, o nó do dia que não deixa ser, estranho, não deixa omissões, nem o escuro. O nó da luz que entra e passa por nós dois desafiando meu desejo, questionando minha sede (o outro quarto não era assim tão claro...)

O dia vem assim, sem pena de te levar de mim, ou de me levar de você. Sem medo de me consumir inteira, o mesmo sol que aquece, incendeia.

O dia não tem tempo a perder e fere com cada palavra que você diz sem rodeio, como todos os sinais de alerta, gritando, em vermelho, dos seus olhos matinais.

É o silêncio da manhã que me consome... O pouco amargo do café, o sem-açúcar da luminosidade, meu coração que segue só entre as páginas do dia, o sem-reflexo de todos os espelhos.

Você saiu e não notei...guardou quase tudo entre o computador e o edredom, deixando suspenso o sabor da noite que foi, deixando só a neblina que envolve seu sono.... E eu fecho as cortinas tentando ofuscar, fingindo não ver como tudo clareou, disfarço pra você esquecer, faço que nada mudou – eu sei que é dia em meu coração, mas aqui, deitada, eu quero o dia não.

Bis

20/11/2005

Ah, mas isso tudo é tão você! Seu sorriso, seu gosto, seu cheiro, vem você pra mim em energia, vibrante - você em nota musical, que me invade, desarruma tudo e nem parece perceber... Você que sem qualquer esforço toca e ecoa em mim...

Sem comentários... Agora não cabe nada. Apenas música me invade, por inteiro. Nem mais eu estou, é só o som, a vibração – e essa paixão sem palavras que já vinha e agora canta (me encanta!)... Porque dizem que a música toca pelo corpo todo, assim, por cada poro. Tão gostoso ser tomada, absorvida por você!

Sei que vou guardar pra sempre essas horas, esses minutos, porque a melhor memória é energia, é a da pele e é meu corpo que sente e que diz agora... Meu corpo que vai te levar comigo hoje e te lembrar tanto o quanto for, sempre sorrindo, sempre. Fecho os olhos e sei que a vida se esconde aqui, em momentos como esse. É um feixe de luz, uma fresta, brilhante demais pra se cobrir... Fecho os olhos e tento captar da melhor forma cada um desses segundos, arquivar em mim o quanto é bom, o quanto de prazer me envolve agora. Assim toda vez que a vida tentar fugir, que ela desanimar, oscilar por qualquer uma das razões (da vida) – posso voltar e reviver esse pedacinho tão pequeno, tão curto, mas tão intenso de vida, que vou levando comigo agora – pra lembrar do que há de mais simples, de verdadeiro, de completo, de sentir inteira – e de ser, inteiramente.

Que morra toda a raiva, passe todo o ódio e ainda reste meu coração...

26/10/2005

Foi rezando sozinha,
que pedi pela verdade
Nua, crua,
pedi a verdade gelada e
sem rodeios, destemperada.

Com toda a fé,
toda a vontade,
pedi pra saber com clareza,
pedi a transparência dos fatos,
dos atos,
a realidade.

E como todo pedido sincero,
vi atendido meu anseio, respondidas
minhas perguntas, resolvido
cada dilema.

Eu vi a verdade.
Senti seu gosto amargo
em mim
Sua frieza indelicada e cruel.
A verdade esbarrou em mim
me descontruindo com sua força.

A verdade, sem cerimônia
veio me despedaçando,
partindo, levando,
flecha certeira e afiada
bem na mira das minhas ilusões
A verdade devastou meus pensamentos, contentos.

Ela veio por mim,
Mas tão forte assim,
que resta pouco,
quase nada
e desce forçada pela garganta
dissolvendo esse lado doce,
substituindo qualquer ingenuidade.

A verdade é presente
E eu, que era saudade,
Sou só a verdade
e o fim.

Meu canto mudo no ar faz do seu nome hoje o céu da cidade.

14/10/2005

A poesia chegou
sem qualquer licença.
Entrou pelas frestas da janela
e em pouco preencheu meu mundo.
E veio assim,
Descontrolada, louca
Minha poesia,
que antes sussurava
parou de falar e agora grita
Não mais se esconde atrás do armário
das falsas idéias e caras,
da poeira...
Ela derrama dos meus olhos.
Minha poesia
me enlouquece com essa dança
não para ou descansa
minha poesia criança
não respeita os relógios ou compromissos.
E eu, que já não ouvia,
Não sentia poesia
Eu que não lembrava
E dormia o sono das formigas
Fui pisada (atropelada!)
Pela poesia elefante.

"Rápido, com quem rouba...."

07/10/2005
Eles corriam. E seus passos seguiam as batidas aceleradas de seus corações, acelerados. E o que era distante, difícil, o que havia de medo, de incerto – tudo isso era, então, perto. Tudo era certeza, a sintonia dos caminhos, era a música que tocava e a dança que faziam...

Eles andavam. E seus passos eram soltos e leves, naturalmente. Podiam ver as flores pela estrada, porque havia tranquilidade e havia tempo. Havia amor. Ainda assim, distraiam-se pelo caminho, e por vezes perdiam-se, desvencilhavam-se em grandes curvas, mas que se faziam paralelas novamente, na esperança de encontrarem o compasso mais certo...

Mas o ritmo do coração foi se perdendo e cada passo não era mais conjunto, e às vezes o riso era só, a estória era só, a casa... Já não ouviam o zunido, não arrepiavam, não saboreavam da presença um do outro... Eles eram, mas não se sabe bem porque. Apenas estavam. E quando o telefone não tocava, a mensagem não chegava, quando extinta toda a possibilidade de se verem ou falarem, eles lembravam.

E passavam juntos-separados, todos os dias, lembrando dos passos da corrida ritmada, da feliz angústia de arriscar alto, do não temer irresponsável. Eles lembravam e sabiam, porque cada pedaço do corpo dizia.

Eles sofriam a perda por estarem juntos e terem desaprendido a amar.

Você e suas idas... e vindas.

Ainda não aprendi esse "amor-roda-gigante" que você faz. Não entendi, não entrei no ritmo dos altos e baixos, das vertigens de apaixonar e esquecer... ir e vir dos seus braços, sem saber dos caminhos, carinhos. E quando penso que acabou a rodada, que o tempo esgotou - hora de cair fora - é o telefone que toca e lá vai meu mundinho girando outra vez.
Me apaixonei, assim, em sintonia de carrossel, mas pronta (de fato) para sair dos trilhos, me perder por aí, e até soltar as mãos na descida mais radical na montanha-russa de nossa estória...
Eu e os trilhos do trem... e é sem eles, na inconstância da distância e da proximidade, que sigo... horas vazias, ora transbordando, mas definitivamente tonta, pelo não saber amar e desamar (depois amar?) em tempo hábil para ser sua e te esquecer.

A morte é como o carnaval.

30/09/2005

Melhor assim.
Golpe único às pancadas lentas, queda fulminante no 1º round. Demolição total ao desmoronamento gradativo, quando são as migalhas de mim que se espalham, gradativamente... Antes cair de vez à ver o chão chegar aos poucos, sem que se possa evitar...
Que sentido faz prolongar a queda - me manter suspensa entre as dúvidas e incertezas, quando a vertigem não passa, quando sinto que cada segundo é último (que o chão está próximo!) e sofro, por antecedência, a dor de um impacto que não vem, sentindo em cada pedacinho uma pontada, imaginando, ai, a expectativa do choque final, do ponto fatal, ai, se esse "fim" não chega.................
Nada! Se é pra sofrer que seja depois e não durante. Sinto essa dor sem medo e enfrento os fantasmas de uma só vez.
Se é mesmo do chão, lá, do fundo do poço, que encontro força pra ficar de pé, se é no chão que acordo e não na queda, porque do chão, ah, do chão não se passa!
Nada mais a fazer. Sei que morro agora, mas, sim, foi dose única e letal e se quer mesmo matar, vem assim, nada de assoprar meu coração.
Então deixa estar. Deixa ser, deixa doer... porque a dor do amor é a mais rica e até doendo se ama um pouco (o outro pouco se chora, enquanto a morte vem).

Ele disse que parece que vocês estão separados há mil anos...

22/09/2005

Mil beijos, mil palavras, mil olhares, sorrisos, mil dias felizes e viagens, mil e mais mil encontros... mil desencotros e algumas milhares de lágrimas... Agora, mil lembranças. Mil anos.

Apenas eu, me desfazendo, mil pedaços de mim espalhados, espelho quebrado, deslaço. Era mesmo vidro. Quem sabe cristal. Refaz assim não, seu moço. Nada a dizer, exceto o aperto. Porque não se diz, nem se pensa mais da mesma forma, porque a forma já não existe e não há porque falar, pensar... Deixo os iguais, deixo o conhecido, deixo pra trás todas as verdades, sonhos, vontades... Fica um pouco do brilho dos meus olhos, bastante de um pedaço do meu coração. Fica até amor, parece. Tudo fica e eu vou.

E já não questiono mais, não me interessa o caminho, não me pergunto as razões, cansei das coisas da mente, cansei do aperto, da dúvida, cansei da música triste do Chico (se é que dele se cansa), cansei da minha insistência por todas as respostas, por tudo no lugar. Ai, e quando se cansa do que se é, resta bem pouco a fazer... não ser... não pode...

Ainda assim, é tanto pela frente... tanta coisa e tanta gente, que dá medo ver crescer meu mundinho... Lá fora tudo é grande, mas aqui dentro! Aqui sempre foi lugar pra pouca coisa! Tudo que resta de espaço, quem ocupa é o amor.

Tinha essa pessoa que falava: "confiança é que nem cristal... quando se quebra... Bem, vc pode até reconstruir, mas igual, não será jamais. Quando olhar de perto, dá pra ver que já se partiu, ficam as marcas".

Eu? Acredito nisso não... rs. Depois explico... uma dessas minhas teorias loucas... uma dessas que não cansei.

No fundo, é só procurar um pouco mais (mais por dentro que por fora).

20 de jan. de 2006

Quanto tempo mais será....?


Agora, preciso que escute


Tantas coisas.


Apenas gostaria que soubesse...


Encosta em meu peito


E ouve, direto do coração


O que tenho a dizer


Digo sem palavras,


De lábios cerrados.


Escuta e traduz


É só pra você


Esse dialeto único


Que controlo e descontrolo


Quase música...


Linda, desesperada, sincera


Que toca a cada toque seu


Escuta, entende, perceb....


Para bom entendedor,


Meia batida basta.