15 de dez. de 2007

"Amo tanto e de tanto amar..."



- “Me perdoa.”
Ele tem esse jeito todo especial de pedir desculpas. É até difícil de explicar, mas cada vez que fala assim comigo, penso com meus botões: ainda tenho muito que aprender em nessa matéria...

É que tem essas horas que ele fala com o coração, como se nada mais existisse. Sem orgulho, sem raiva, sem rancor. E quando ele me abraça, e fala baixinho que sente muito, e quando eu sinto o coração dele batendo pertinho, eu sei que é verdade e sei que meu perdão, por mais difícil que possa parecer pra mim, é válido e será recompensado.
Foi uma briga meio feia, eu sei. E por uma bobagem, talvez. Ainda assim, aprendi que não devemos relevar sentimentos, oculta-los no fundo do baú, especialmente quando eles se referem às pessoas que mais amamos.

Discutimos. Eu me excedi, acho que ele se excedeu, fiquei triste, senti raiva, quis chorar (quis? Rs.), bater, sair correndo pra bem longe...

Mas engoli o orgulho e tudo mais que seria contrário ao amor e pedi, por favor, desculpas. (Sim, ambos erramos, ambos soobemos disso, afinal).
- “Temos que aproveitar o fato de que nos amamos tanto assim para crescermos juntos. Ouvir as críticas um do outro com maturidade e pensar sobre elas... quem sabe mudar...”

Há muito tempo eu não ouvia nada tão lindo. Tão real. Tão exatamente o que eu teria dito, o que eu penso disso tudo.

Não é fácil mudar. Não é fácil encarar os próprios defeitos – sentimos vergonha, raiva, medo de perder ou magoar quem amamos e o tentamos esconder de nós mesmos que temos, sim, defeitos, imperfeições, incoerências...

Mas se é este o caminho que escolhemos, de crescer, evoluir, sermos mais pacientes, altruístas, honestos com nós mesmos... Enfim, sermos pessoas melhores neste mudinho complicado, melhor que tenhamos do nosso lado o amor.

E melhor ainda que esse amor seja grande o suficiente para criticar e encerrar discussões com beijos e um abraço apertado, que seja mais forte que os nossos defeitos, a nossa intolerância, o medo e a insegurança que carregamos, ainda que sem querer.

Que seja um amor que saiba dizer:
– “cuide de mim, que eu cuido de você”.

Tive uma semana de frases de efeito. Sinto que elas vão ficar comigo por um longo tempo. Eu sempre gostei de palavras. Estou aprendendo a me apegar as positivas, e não me deixar enganar por más interpretações.

Acima de tudo, é amor demais que carrego. E nada ensina mais que o amor.

23 de out. de 2007

"Vê como a vida está mais bela, só mudou sua forma de olhar..."




Já tinha cansado de procurar tanto, voltas e voltas em vão pelos mesmos caminhos, entre tantas outras pessoas - enquanto algumas pareciam saber que ela procurava, outras sequer a viam – eram, enfim, pessoas demais, obstáculo adverso quando dentre todas o que ela queria ver era apenas uma.
Seus olhares cruzaram na multidão e a multidão se foi num piscar de olhos. Ou talvez nem tenha piscado, o importante é que todo o resto se foi.

Olhou primeiro com medo. Não sabia se aqueles outros olhos também a procuravam, se estariam de passagem, se desviariam rápido ou seriam rispidamente gelados. Não sabia quase nada, pra ser exata, exceto que os olhos que procurava eram aqueles, mas nenhum.

Foi quando “aqueles” olhos sorriram de volta. Eles sorriram e os lábios sorriram e ela sentiu um aperto no peito – vontade de correr pra bem perto dele e respirar aquele sorriso de perto! Em um segundo, era tudo tão óbvio, tudo era exatamente, muito além dos certos e errados, das críticas, dos pensamentos, muito além de todas juras e promessas que repetiram “over and over and over”, de todas as brigas, da raiva, da dor.

Acompanhou aqueles olhos sem piscar - lembrou do filme que a noiva saia correndo do altar por causa do flash de uma foto que a fez fechar os olhos e desviá-los do futuro noivo e teve, outra vez, medo de perdê-lo de vista.

Então veio o abraço. Desculpem-nos todos os outros, mas só os apaixonados sabem do abraço que vem depois de uma separação. Do nó na garganta e do conflito entre as lágrimas e o riso, do bater descontrolado do coração e da vontade de que fosse possível ficar ali pra sempre (sem palavras, sem idéias, sem julgamentos e sem medos).

Ambos tinham errado seus caminhos outras vezes, mas (e isso independente do que aconteça) aquele abraço jamais seria um erro.

5 de set. de 2007

Eu e os telefones. Uma novela pessoal.




Preciso urgentemente parar com este péssimo hábito de atribuir diferentes “toques” telefônicos. É um problema sempre, eu incorro repetidamente no mesmo erro e parece não ter solução.


Seguinte: contatos diários e constantes via telefônica. De repente, vontade de identificar previamente o emissor, o que no mundo moderno dos celulares com personalidade própria e que fazem praticamente tudo, é absolutamente possível – basta clicar uma e outra teclinha, e pluft! Toque especial, musiquinha exclusiva, tom personalizado.


Ai, tudo começa... “tchup tchuru, tchup tchuru, tchuru, tchurururu”, ou seria “tam taram, taram, taram, tararam, tam, taram, taram, ram ,ram...” Enfim. Não importa. (alguém tire essa música da minha cabeça!!!).


O problema é que termina. Termina e ai o telefone não toca, e ai você já não houve mais o barulhinho diário e viciante que tocava todo dia pra você. Você já no houve mais e toda vez o “trim” tradicional faz o “trim” tradicional dói uma pontinha no coração.


Brilhante. Pensei ter achado a solução brilhante: troquei do “oficial”, bom e velho “trim” nosso de cada dia para a antiga musiquinha que tinha parado de tocar. Agora TODAS as vezes que alguém ligasse eu ouviria a musiquinha de que tinha saudade e todos os problemas do mundo iriam acabar! Vejam só, nada mais de “trins” tristes! Só “tchups, tchups” engraçadinhos!!! E uma banana pra quem tinha dito que ‘toques” de celular de advogado tem que ser sério.


Ledo Engano.....

Agora, toda vez o telefone toca é um problema. Pra ser sucinta (a quem eu quero enganar? Eu nunca sou sucinta no meu próprio blog), digo que sinto um sutil embrulho no estômago (butterflies, you could say...), um arrepio interno e externo que se perfaz em um pequeno tremor, notável pelas pessoas mais perspicazes, as quais poderiam jurar que, como algumas velhas esquizofrênicas, me assusto com o ínfimo tocar de meu próprio celular.



Sim, como percebem, foi uma idéia infeliz. Ninguém quer tremer repetidas vezes ao dia. E o pior, preciso confessar: e se fosse o dono original do toque??? Aquele mesmo, que já não ligava, e se ligasse? Seria afinal o mesmo toque e eu sequer identificaria previamente, já teria relaxado do susto inicial e um segundo susto poderia ser fatal! Segundos sustos costumam ser piores, sempre piores, perguntem aos assustados.



Não, não. Foi necessário retornar ao velho e bom, tradicional “trim”. Nesta noite, me prometi nunca mais presentear “ligadores” com toques especiais. Melhor dizendo, naquela noite, prometi.


E aqui estou hoje... Imagine porque....

É isso. Sou um risco para mim mesma algumas vezes.

E o melhor? Ainda consigo ser honestamente feliz assim. E o meu sorriso continua brilhando quando meu celular fala línguas estranhas em toques especias.

1 de set. de 2007

Walk on by, and bye.



Cake - Walk On By

Walk on by,
The house where you still live,
Walk on by,
The place where we would kiss,

And the room where,
I held you tight,
Tonight,
I must walk on by,

Yeah, walk on by,
The room where you still sleep,
Walk on by,
The company that you keep,

And the room where,
I held you tight,
Tonight,
I must walk on by,

Yeah, somehow,
I know,
No, I won't forget you,
No, no, no, no, no,
I won't,
You won't forget me,
No, no, no, no, no, no,
I'll keep on walking,
Away from here,
I'll forget you when
I reach,
The other side,
Walk on by,
The house where you still live,
Walk on by,
The place where we would kiss,
And the room where,
I held you tight,
Tonight,
I must walk on by,
And the room where,
I held you tight,
Tonight,
I must walk on by...

17 de ago. de 2007

Pra ser ninguém, alguém tem que querer. De verdade.



“Ninguém pra ligar
E dizer onde estou
Ninguém pra ir comigo onde eu vou
Por outro lado
Ninguém pra abaixar o volume
Ninguém pra reclamar dos pratos sujos
Ninguém pra fingir que eu não amo

Toda noite no mesmo lugar
Eu abro os olhos
E deixo o dia entrar
Pra ninguém
Pra ninguém
Ninguém pra dizer quando eu devo parar
Ninguém na casa pra poder acordar
Do meu lado
Ninguém pra contar novidades
Ninguém pra fechar as cortinas
Ninguém pra brigar de vez em quando”

E houve esse dia em que eu pensava ser ninguém.
Pensava não, acreditei de verdade verdadeira.
Acreditei e desejei de verdade verdadeira.
Verdade mesmo? Eu não esse niguém.
Se fui um dia, assim por acaso, não sou mais hoje.
E agora, ninguém pode até vir a ser um outro alguém, de vez em quando.
E o triste é acordar e constatar que não adianta fazer tudo pra ser alguém, ou ser ninguém, porque ainda há quem prefira que niguém seja só ninguém. Mesmo.
(Tudo isso e só queria que o meu ninguém fosse você. E mais ninguém.)

11 de jul. de 2007

A little bit Alice.



Goodbye.
Ela saiu de casa e deixou a porta aberta. Não tinha a intenção de voltar. Portanto, não faria diferença. Não queria sentimentos. Não queria ouvir a porta fechando, ou sentir o vento frio em suas costas.

Ela preferia partir. Dentre todas as escolhas, dentre as opções, resolveu sair pela porta e não voltar mais.
Ligou catorze vezes. Ele tentou inutilmente localizá-la entre as roupas no armário, entre os lençóis da cama, perdida entre algum antigo DVD, pelas fotos do computador. Em vão. Ela partiu. Ele partiu também, ao tempo que sentia a dor no peito que fez absolutamente tudo pra evitar sentir algum dia, alguma outra vez.

Queriam a formula para esquecer um do outro. Gotas, comprimidos, um xarope colorido com groselha. Qualquer antídoto contra a saudade, contra o abismo imenso entre os quinze minutos logo antes de dormir e os cinco primeiros minutos ao acordar, qualquer coisa eficaz contra a garganta seca de quando abraçavam o travesseiro ou lembravam do perfume. Contra o vazio.

Remédio mesmo, só o tempo - pensou. E enquanto pensava, detestava o tempo. Tic-tac que a ninava todas as noites, tic-tac da noite que não passa, tic-tac do dia que não chega, tic-tac do não saber o que fazer com todas aquelas horas sem amor, sem as risadas soltas no meio do minutos, involuntárias, inexplicáveis, de paixão. Sem as suas risadas que eram dele. Sem a sua “ela” que era dele.
Ele queria ser apenas dele mesmo. Mas ela não queria ser tanto só pra si mesma.
Trágico fim de um beijo sabor chiclete.

26 de jun. de 2007

"Espero não dormir, até se consumar o tempo da gente..."



Em duas versões...

Trecho do filme "Garota da Vitrine".

Some nights alone he thinks of her, and some nights alone she thinks of him. Some nights these thoughts occur at the same moment and Ray and Mirabelle are connected without even knowing it.

But Mirabelle, now feeling the warmth of her first reciprocal love, has broken away from him. And as Jeremy offers her more of his heart, Mirabelle offers equal parts of herself in return. One night, sooner that what she would’ve liked, which made it irresistible, they make love for the first time in fourteen months. At this point, Jeremy surpasses Ray Porter as a lover of Mirabelle, because what he offers her is tender and true.
(…)Ray - Just so you know, I am sorry for the way I’ve treated you.
Mirabelle - I know.
Ray - I did love you.
As Ray Porter watches Mirabelle walk away, he feels a loss. How is it possible - he thinks - to miss a woman whom he kept at a distance so that when she was gone he would not miss her?

Only then does he realizes how wanting part of her and not all of her, had hurt them both and how he can not justify his actions, except that, well… it was life.

"Prefiro então partir, a tempo de poder, a gente se desvencilhar da gente..."



Garota da Vitrine - live adaptação...
(um pouco menos livre do que eu gostaria, rs).

Algumas noites, sozinho, ele pensa nela, e algumas, sozinha, ela pensa nele. Algumas noites esses pensamentos acontecem num mesmo momento e Ray e Mirabelle estão conectados sem sequer saber.

Mas Mirabelle agora sentido o aconchego de um amor recíproco, afastou-se dele. E enquanto Jeremy oferece a ela mais de seu coração, Mirabelle oferece partes iguais dela mesma em troca. Uma noite, mais cedo do que ela gostaria que acontecesse, quando se tornara irresistível, eles fizeram amor pela primeira vez em quatorze meses. E nesse momento, Jeremy supera Ray Porter como amante de Mirabelle, porque o que ele lhe oferece é terno e verdadeiro.
(…)

Ray – Quero que saiba, Eu sinto muito pela forma que tratei você.
Mirabelle – Eu sei.
Ray – Eu realmente te amei.
Enquanto Ray Porter assiste Mirabelle ir embora, ele sente uma perda. Como é possível – ele pensa – sentir saudades de uma mulher de quem ele manteve distância para que quando ela fosse embora ele não sentisse sua falta?

Apenas nesse momento ele compreende como por querer parte dela, e não ela inteira, tinha machucado a ambos e como ele não tem meios para justificar suas ações, exceto pensando que, bem... É a vida.

"O amor é a resposta, pelo menos, para a maioria das perguntas no meu coração..."


Better Together
Jack Johnson

" There´s no combination of words
I could put on the back of a postcard
No song that I could sing
but I can try for your heart

Our dreams and they are made out of real things
Like a shoebox of photographs with sepia-toned loving
Love is the answer at least for most of the questions in my heart
Like why are we here? And where do we go? And how come it’s so hard?

It’s not always easy and sometimes life can be deceiving
I’ll tell you one thing,
it’s always better when we’re together

Hum it’s always better when we’re together
Yeah we’ll look at the stars when we’re together
Well it’s always better when we’re together
Yeah it’s always better when we’re together

And all of these moments just might find
their way into my dreams tonight
But I know that they’ll be gone
when the morning light sings
Or brings new things for tomorrow night you see
That they’ll be gone too, too many things
I have to do
But if all of these dreams might find
their way into my day to day scene

I’d be under the impression
I was somewhere in between
With only two, just me and you,
not so many things we got to do
Or places we got to be
we’ll sit beneath the mango tree now
Yeah it’s always better
when we’re together
Hum we’re somewhere in between together
Well it’s always better
when we’re together
Yeah it’s always better when we’re together

I believe in memories they look so, so pretty when I sleep
And now when, when I wake up
you look so pretty sleeping next to me
But there is not enough time

And there is no song I could sing
And there is no combination of words
I could say
But I will still tell you one thing
We’re better together..."

"Venero a saudade, quando ela está pra terminar..."

"A gente se acostuma. Mas não devia."

Tem essas horas que me pego pensando demais. Essa saudade e o vazio do nosso não estar...

Não quero jogos, não quero curas, nem ficar esperando outra vez o telefone, não quero nada que seja demais pra você ou de menos pra mim – não quero pontos, vírgulas, não quero mais ter que decifrar...

Alguém me diz o que eu disse, o que eu fiz que foi demais... Alguém me diz o que eu não fiz, o que eu posso fazer ainda, ou não fazer, alguém explica, desenha no espelho, onde estão os erros e as respostas... é que eu já nem quero procurar por nada.

Se eu pudesse, deixava, ia, saia.

So long, me deixei levar pelo tic-tac do relógio, quis voltar o caminho depois de ir partido, sem tijolos amarelos, sem marcas pelo chão, sem migalhas pra me ensinarem a chegar...

Fui te amar toda e mais uma outra vez. Fui tanto e sem demoras, fui pra ver de uma vez por todas e agora estou aqui, so trapped, nessa minha mesma estória e minha mesma armadilha, labirinto que construí e não sei mais se sei voltar.

Algo aconteceu. Não se controla tudo, não se controla isso. Sei que vou te esquecer. Não sei porque não controlo as lágrimas. Não sei porque estou tão triste em partir. Não sei se quis amar você desse jeito. Imagino que você nunca quis. Não sei você vai entender, se eu vou conseguir assim tão rápido. Você está muito e em tudo agora. Eu deixei você ser muito e estar em tudo.
Onde será que eu estou pra você?

9 de jun. de 2007

"E queria sempre achar explicação pro que eu sentia...às vezes o que eu vejo, quase ninguém vê..."





Eu preciso de 15 minutinhos pra mim.

São quinze ínfimos minutos pra ficar de mal comigo mesma, com você, com o mundo inteiro, quinze minutos de segregação, de partida, escondida, quinze minutos sem saída, sem despedida, sem uma estória pra contar.

Nos meus quinze e sagrados minutinhos, não quero papo, não quero seu braço muito amarrado no meu, nos meus quinze minutos, não quero ter que responder, ou argumentar, concordar, comentar, ou emitir qualquer outra das espécies verbais que impliquem opinião, por quinze minutos, apenas, esqueça, de mim, comunicação (Nem um “tá”, nenhum “sim”, nem um “não”).

Por quinze minutos quero me perder pelas minhas idéias e sentimentos mais grosseiros, quero mergulhar pelo lado mais carregado, mais antipático de mim, ir ao fundo do poço do meu descontentamento - por apenas quinze minutos quero contatar o pior que posso ser ou fazer, mirar nos olhos da minha sombra e com profundidade, sem dó, sem piedade, encará-la e a mim mesma, como pela primeira e última vez.

Quero quinze minutos sem por favor, sem obrigada, quinze minutos isolada (até sem água), sem qualquer educação e de preferência sem sermão, já que, afinal, são só quinze minutos de loucura e liberdade, eu e meu barquinho navegando e navegando pela hostilidade...

Também, não quero explicar muito esses meus quinze minutos. Eles existem porque existem, dentro da minha condição feminina de ser, fora do contexto da objetividade ou do racional, meus quinze minutos não obedecem a padrão conceitual, convencional - eles lavam as mãos às apologias e se perdem do entender.

Ainda assim, não por eles, mas por mim, peço sinceras desculpas. É que me apeguei aos quinze minutos. Já não passo sem eles de quando em quando... Esses supermencionados quinze minutos são meu refúgio, minha resposta pra tudo mais que não sei ou não quero responder. Minha válvula de escape do “não-poder”.

Por isso, peço desculpas e peço licença, por nada mais, nada menos, que quinze minutos.

"...Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo..."



Pra recomeçar: Eu prometo.

Prometo te ligar depois do intervalo, prometo ser “eu” mesma outra vez, com a mesma risada e os mesmos “ais” (curtos e seqüenciados), prometo rir das músicas no rádio, ou do comercial na TV, prometo até cantar pra você – se não brigar comigo ou disser que eu desafino (críticas infames e descabidas, intrigas da oposição!), prometo te fazer rir comigo e falar tanto e sem sentido, daquele jeito que você quase tapa o ouvido (não pense que não sei dos seus hábitos tacanhos!), prometo desligar quando você não agüentar mais.

Prometo manter o bom humor grande parte do resto das próximas horas, já que também prometo lembrar constantemente das coisas e momentos bons que são só nossos, do seu jeito de me apertar e do jeito que eu quase sufoco se ficamos mais do que trinta segundos de lados opostos do travesseiro.

E se estivermos juntos, prometo passar perfume na testa, prometo piscar os olhos como uma boa bruxinha e deixar escapar bolhinhas de sabão, coloridas, alegre, saltitantes, só pra você ver o mundo através delas e achar incrível e engraçado como tanto brilho cabe nessa miniatura de menina do seu lado.

Prometo não protestar quando você tiver razão (mesmo quando eu quiser “advogar” a questão) e não prolongar discussão, prometo dengos e carinhos no pescoço, prometo deixar você escolher o filme (e a sessão!).

Finalmente, prometo ser uma boa menina (dormir mais cedo, escovar o dente...) e não te culpar por nada, nada mesmo, dos quinze e passados minutos.
(Exceto, claro, o que caiba justificativa e seja racionalmente traduzível – afinal de contas continuo sendo advogada e prometi não te esconder mais nada. Mesmo que tenha sido algo ocorrido nos meus e só meus quinze minutos).

31 de mai. de 2007

Once in the blue moon...


Será esta noite, a rara lua azul.
“A lua azul nos ensina a importância de seguir nosso caminho sem nos deixar desviar por ilusões que interferiram em nossas visões. E cada vez que nos transformamos, realizando nossas visões, uma nova perspectiva e compreensão se abre, permitindo-nos alcançar outro nível na eterna espiral da evolução do espírito. A última visão a ser alcançada é a decisão de simplesmente ser. Sendo tudo e sendo nada, eliminamos os rótulos e definições que limitam nossa plenitude.”



A Lua
Fernando Pessoa

(dizem os Ingleses) (14-11-1931)
A Lua (dizem os Ingleses)
É feita de queijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.

E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De... não sei se é desejar.

Sim, todos os meus desejos
São de estar sentirpensando...
A Lua(dizem os Ingleses)
É azul de quando em quando.

30 de mai. de 2007

"Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar..."

Embora digam não, embora pensem contrário.

Embora percam o chão,
Embora achem errado.
Embora o dia não fosse
e a noite fosse emprestado
Embora oculta a paixão,
Embora outro o horário.

Embora apenas calasse,
e respirasse forçado,
Embora um copo na mão,
Embora o tempo fechado.
Embora ainda soubesse,
E nada houvesse esperado,
Embora a velha ilusão,
Embora antigo o pecado.

Embora diga que não, embora pensem contrário.

Embora toda a paisagem,
e aquele dia ao seu lado.
Embora qualquer melhora,
Embora a chuva lá fora
Embora triste a canção
Embora fosse (sim...)
Embora.

" Eu fui fechando o tempo sem chover..."



..."E veio me puxando pela mão
Por onde não imaginei seguir...
(...)
E fui abrindo portas sem sair...
Sonhando às cegas, sem dormir
(...)
O amor me consumiu, depois sumiu
E eu até perguntei, mas ninguém viu
E fui fechando o rosto sem sentir
E mesmo atenta, sem me distrair
Não sei quem é você..."

Quero ter você bem mais que perto
Com você eu sinto o céu aberto.”

“Chegou de mansinho, veio vagarinho... Menino, não faz assim não...”


Seu corpo
Pertinho...
Sorriso,
Carinho.
Me abraça!
E deixa o mundo girando
Tadinho.

Ai, a malemolência... E é tudo que eu posso lhe adiantar!!! Rs...

- Vamos falar do meu mais novo vício por Céu?

17 de mai. de 2007

Ai, ai.... o pão doce...




Pão Doce
Adriana Calcanhoto

Não adianta mentir pra mim mesma
Ficar me enganando, tentando dizer
Que nunca na vida,
nunca na vida eu gostei de pão doce
Porque por mais que eu queira esconder
A verdade é que eu adorava pão doce
Não podia passar sem pão doce
Bastava ver padaria, que logo eu ia, que logo eu ia
Comprar
Não adianta mentir pra mim mesma
Porque no fundo,
porque no fundo eu sei muito bem
Que essa história toda de não comer açúcar
Que essa história toda de não comer pão branco
Que essa história toda de viver de mel e pão integral
Isso tudo só foi começar muito depois
Depois de um tempo em que eu era
Tão completamente ingênua
Tão sem força de vontade
Que as doces delicadezas
De qualquer guloseima
Lânguidas me seduziam
E minha língua sofria
De incontrolável fascínio

Por cremes dourados
E frutas cristalizadas
Feito rubis incrustadas
Nas crostas crocantes dos pães
Mas hoje
Hoje tudo é diferente
Se eu olho pruma padaria, me ponho cismando,
chego a duvidar

Como é que pôde um dia
Eu ter entrado tanto lá!...

Porque por mais que eu queira, mas que eu queira
Mentir pra mim mesma
Ficar me enganando, tentando dizer
Que nunca na vida,
nunca na vida eu gostei de pão doce

Fazendo um exame detido,
sendo sincera, eu tenho que admitir
Que a verdade, meus amigos
(pelo menos no que tange a trigos)
A verdade no duro, doa a quem doer
A verdade é que eu adorava pão doce
A verdade é que eu adorava pão doce
A verdade é que eu adorava pão doce...

4 de mai. de 2007

...Why don´t we... Change.



- Fala pra realidade que só vou levantar quando ela tiver mudado...


- Hunf!


- Fala também que eu odeio gente acomodada...

20 de abr. de 2007

Dezesseis horas atrás.


E se eu voltasse o tempo

E se pudesse evitar

E se nada disso fosse alguma coisa

que pensávamos ter em comum.





Olho agora pra você: dezesseis horas atrás, é muito pouco tempo pra passar e esquecer, somente dezesseis horas, e tudo que pensei era você, tudo que eu vi, tudo que fez algum sentido num dia completamente sem nexo ou loucura.



No final da festa, já tinha desistido de qualquer outra comemoração. Recolheria os copos e garrafas vazias, juntaria a pilha de pratos na pia, deixaria tudo mais para a manhã seguinte. Exausta.



Seria um beijo de despedida. Talvez. Talvez não. Assustada, abriu os olhos e ele estava bem ali, dormindo. Lindamente. Tranquilamente. Chamou. - Acorde... Mais uma vez. Sentia-se pesada de sono, leve de carinho... Abriu os olhos novamente. Treze ligações perdidas no celular. Ninguém do seu lado na cama. Alguns sonhos podem parecer mais reais que o comum.




Pensei 16 vezes em não passar perto, mas 16 horas (ou menos de dezesseis? Já não importava.) para tanto assim... Era pouco demais.


Por uma vida menos ordinária - Cap. I





Cacos.



Acordou cansada. Viu-se cercada por esse lixo de vida que acabou acontecendo, resultado de escolhas falhas, alguma preguiça, descaso, atitudes impulsivas e impensadas. Resultado se sua própria sabotagem.




- Eu to com muita vontade de te dar um beijo agora...
- Você acha que eu também não tenho vontade? Tenho vontade... Mas muitas vezes na minha vida agi por impulsividade, porque tinha “vontade”. Agora, resolvi fazer o que acho certo.





Tinha tudo pra ser feliz, no sentido mais lato de felicidade – todos os elementos para levar uma “vida moderninha”, mais prazeres que sacrifícios.




Contrário a tudo isso, pelo menos por um dia, escolheu comer aquela comida lixo, ouvir aquela música lixo, ter amigos lixo e um homem completamente lixo, beber aquela vodka lixo e acordar com um lixo de ressaca (física e moral).

Por uma vida menos ordinária - Cap. II


Reflexo.




Olhou no espelho, sua imagem turva (resquícios do álcool), maquiagem escorrida nos olhos, cabelo horrivelmente desalinhado. O esmalte vermelho, milagrosamente intacto das unhas.



- Nem sei mais onde a menina que eu fui se escondeu.



Recolheu as garrafas e, junto, reuniu os cacos do que entendia reciclável: pedaços de antigas crenças e vontades, um pouco de sonho, uma boa dose de peso de consciência. Conhecimentos vagos de lições passadas. Não queria mesmo levar muito. Nada de excesso de bagagem dessa vez. Lembrou de um livro: estórias de amor devem ser esquecidas, abandonadas pelo caminho. Tinha muitas estórias de amor. A way to much to take.



- Temos que começar de algum lugar.

Por uma vida menos ordinária - Cap. III


Resoluções.




Decidiu fazer tudo diferente. Começaria do zero, itens numerados numa listinha de pendências:



- Ir ao gastro, ao otorrino e a nutricionista.
- Se matricular na academia.
- Tirar xérox do material, ler e sublinhar com marca texto colorido. Fichar.
- Pagar os vinte reais ao seu irmão.
- Visitar sua vó.
- Escrever aquela carta pra mãe.
- Dar baixa nos emails, apagar os encaminhados dos dois últimos anos.
- Passar no mínimo três horas na sua livraria preferida, ler seus autores preferidos, pesquisar novos livros de cabeceira.
- Devolver duas blusas, um par de brincos, algumas canetas...
- Esvaziar as gavetas e os armários.
- Esvaziar o peito.
- Agarrá-lo de uma vez (com calma, desejo, sem muito pensar, sem nada dizer, e um sorriso há muito não visto).

Por uma vida menos ordinária. - Cap. IV

Vontades Próprias.



Não perderia mais oportunidades. Não gastaria tantas palavras, não assistiria tanta bobagem na televisão. Não ficaria esperando ele ligar. E daria seu telefone, sempre que parecesse interessante.

19 de abr. de 2007

Rabuguice.

- Não há razão para termos essa conversa, está tudo muito bem resolvido. Desculpe, é que não há mais nada pra conversar.

- Mas o problema é que...





Viu ele sentado ali, beijo no beijo de uma outra boca, coisa mais incômoda de assistir, e assim de tão perto, entre os copos e braços cruzados pela mesa...


Ele a beijava de olhos fechados, dedos entrelaçados entre os cabelos. Um casal a mais numa noite de sábado. Mas não mais. É que... Não era. Era para ser ela. O que houve, afinal? Escorria a raiva e a cerveja, inveja, escondida, seu desejo atrás do descaso, quando apenas ela mesma pensava que sabia disfarçar alguma coisa, e nem sabia mais se pensava assim. Óbvio, seria perceptível a vontade, triste melancolia no fundo dos olhos, mau humor injustificado na mesa do bar.


Cada beijo, outro “bum” (idealizado para ser “prá-pum-tchibumm-crash-bang”) - iria pular em cima dele, iria a talzinha num cruzeiro pra áfrica, iria ele ser sem resposta, sem reação, e iria ela embora, sorrindo de ser exatamente o quanto tinha se apaixonado.




Ele não sabe. Eu mesma não quis dizer, eu mesma deixei e não fui quando ele chamou. Nem agora, apaixonada. Não fui.




Sentiu que teria que esquecer, mesmo antes de ter alguma outra coisa pra lembrar.
E não era agravável. Apenas. Não era.

17 de abr. de 2007

Chateada. Triste. blarght.

Meu Blog está em crise existencial.


Ele desisitiu de dar espaçamentos, quebra de linhas e tal.


Estou sofrendo ainda com isso.... Todos os meus textos antigos se desconfiguraram... E logo eu, que escolho cada formatação e me preocupo com cada vírgula, libriana que sou....


Confesso que detesto a idéia de meus textos expostos e mal formatados. Minhas palavras, cada uma com sua razão de ser... ai... ai...


Se alguém souber alguma coisa sobre isso, help!


Sniff.
Saco.


Não sei.


Tá tudo errado.

Oi.

Testando!
Meu blog rá stressado.

Cansou de mim, eu acho.



Péssima.

11 de abr. de 2007

"... E um pouco mais..."

PARTE V


Falavam constantemente. Tornou-se incontrolável, viciaram-se em gastar palavras por não dizerem nada do que poderiam pensar ou sentir com a presença um do outro. Enchiam-se, bocas e ouvidos - conversas tolas, velhas, conhecidas, repetições - “como vai?”, “vou bem, e você?”, “mas e você, tudo bem?”...
- Planos pra hoje?
- Tenho sim, (...) sair, (...) uns amigos, (...) um bar.
- ...

Pensou em parar de uma vez aquela conversa toda. Gritar, apertá-lo nos braços.

Não queria nada além de você por perto essa noite.
Olhei pro lado e te vi, rindo comigo de tantas outras coisas bobas, de tantas coisas sérias demais e sobre as quais também iríamos rir. Mais do que ver, digo que gostaria que fosse você do meu lado.

Não disse absolutamente nada. No conseguia dormir. No meio da noite, ele ligou.

Qualquer pessoa no mundo que já gostou um pouco de qualquer outra pessoa no mundo conhece a sensação: o sorriso esticado, meio sono/meio sonho, sorriso sonso que vem junto com a ligação às duas da manhã. Perde-se o peso dos ombros, qualquer tristeza, qualquer melancolia. Perde-se quase e tudo, pela eufórica insônia, que é certa de chegar quando for pressionada a tecla end no celular.

Talvez ele também percebesse, talvez ele sentisse. Por um segundo, não havia amigos, nem bar, nem saída. Era ele chamando, era o telefone. Era ela, eufórica e insônica*, abraçando o travesseiro, feliz-triste-pouco-arrependida-mas-ainda-alegre por todo o então chamado juízo que ocasionara seu “não” àquela visita, àquela noite.



*licença, licença. Obrigada.

4 de abr. de 2007

"Pra você..."

PARTE IV


Acontece que nossos planos não são apenas nossos e coisas estranhas e inesperadas também acontecem.


E quando seu caminho não poderia mais ser o dele. Ela o conheceu. Conheceu de um jeito que não se conhece muita gente. Conheceu como não se faz mais hoje em dia.

E aconteceu assim, sim. Por saber impossível, deixou que se aproximasse. Por saber impossível, não teve medo, não teve “cuidado”, não teve calma ou receios. Era impossível e isso já basta como freio.

Dentro da impossibilidade de serem juntos, ela o viu. Numa cruzada ocasional de olhares, sentiu tremer, faltar o ar, sentiu.

Não se sente mais assim. Não se apaixona sem relógios, sem tempo, sem previsão. Não se apaixona sem querer, no meio da noite, de passagem, num mergulho. Ela se apaixonou.
Apaixonou-se pelo impossível por conseguir ver perto demais.

" Andei fazendo planos..."

PARTE III

Ela ia longe, percorrendo outro caminho – oposto ao dele. Contraditório. Nem que fosse tão grave assim ou agradável, mas era seu caminho também e decidiu-se pela licença poética, decidiu-se por aceitar acelerarrr seu ritmo e não desconfundir as idéias, ela não queria clarear nada e não seria nada, ela e esse seu outro caminho, nada além da despretensão de serem nada juntos ou separados, nada além de um filminho sessão da tarde, de um sorriso no meio de um não-relacionamento, que não se relacionava a absolutamente nada.


Confessava e sabia: era a ausência do risco de um amor. Não teria o medo, não teria o vazio. Estaria bem e escondida atrás do não-amor confortável e cômodo nas noites frias.

"Sem querer ..."


PARTE II


Tudo começou muito por acaso. Ela desistiu dele, mesmo antes de qualquer coisa acontecer. Não havia espaço para mensagens não respondidas na sua vida. Se tudo já lhe parecia desfavorável antes, este teria sido o ponto final.

"Mesmo sem motivos, sem sentido..."

PARTE I

“Ele trouxe as estrelas pra dentro da piscina. Ela nadou entre estrelas, banhou-se de céu, e foi feliz...”


Nunca acreditou em amor a primeira vista। Não tinha esse tipo de ilusão.
Acreditava que o amor era uma conquista a longo prazo, fruto da intimidade, da convivência, do carinho. Até mesmo a atração física se relacionaria a isso, tudo dentro de um mesmo grande contexto, onde os amantes conheciam pés, gostos, cheiros... Sabiam um do outro.



Num dia qualquer, se conheceram. O amor não foi bem a primeira vista (terceira ou quarta, talvez...). Ele era confortável aos olhos. Easy to talk to. Algo que ela tentou traduzir como empatia, afinidade, nada mais.


Um outro encontro. Muitos olhares. Um clima também absurdo. Nenhum beijo.



Somos de mundos diferentes. Isso não pode dar certo, loucura minha cogitar. Deixa passar, deixa esquecer, não seremos importantes assim um pro outro. Carência minha, culpa dessa semana difícil... Estado de espírito, deve ser o cansaço. Eduardo e Mônica só rimaram na música, nada mais.


Seria objetiva em seu raciocínio e com seus sentimentos. Ainda assim, não conteve o sorriso quando viu o nome dele do celular...

Ai... ele ligou. Mesmo. Ligou.



Não podia atender, retornou uma hora depois. Nada.

Viu só... passageiro. Não atende, não retorna. Essa hora, coisas novas estão acontecendo, você era uma outra opção. Só isso.

Passaram-se dias, noites, mais uma semana sem ele existir em seus pensamentos, exceto pela vaga lembrança de uma noite engraçada.

Num outro dia, uma mensagem. Inesperada e doce. Ela riu outra vez, pesando que talvez algum dia pudessem se conhecer melhor. Talvez no futuro, quem sabe. Não conseguiu explicar, mas ele tinha algo que a agradava e outro algo que fazia sorrir seu coração.

Respondeu a mensagem. Depois disso, apenas um eco... O vazio das perguntas não respondidas.

30 de mar. de 2007

Por que a vida é assim??? rs...


Legenda:

" - Você me faz bem..."

" - Você me faz bem..."

" - Você gosta de peixe?"

Vamos entender.... Por que é assim tão difícil??? rs...

Rabuguisses...



Tô apaixonada pela Rabuga....

28 de mar. de 2007

Finding my way back... numa oração.




ZERO GRAU DE LIBRA
Caio Fernando Abreu


Ouvindo Moon Over Bourbon Street, do Sting.
Sobre todos aqueles que continuam tentando,
Deus, derrama teu Sol mais luminoso.

O Sol entrou ontem em Libra. E porque tudo é ritual, porque fé, quando não se tem, se inventa, porque Libra é a regência máxima de Vênus, o afeto, porque Libra é o outro (quando se olha e se vê o outro, e de alguma forma tenta-se entrar em alguma espécie de harmonia com ele), e principalmente porque Deus, se é que existe, anda destraído demais, resolvi chamar a atenção dele para algumas coisas. Não que isso possa acordá-lo de seu imenso sono divino, enfastiado de humanos, mas para exercitar o ritual e a fé - e para pedir, mesmo em vão, porque pedir não só é bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal.


Nesse zero grau de Libra, queria pedir a isso que chamamos de Deus um olho bom sobre o planeta terra, e especialmente sobre a cidade de São Paulo. Um olho quente sobre aquele mendigo gelado que acabei de ver sob a marquise do cine Majestic; um olho generoso para a noiva radiosa mais acima. Eu queria o olho bom de Deus derramado sobre as loiras oxigenadas, falsíssimas, o olho cúmplice de Deus sobre as jóias douradas, as cores vibrantes. O olho piedoso de Deus para esses casais que, aos fins de semana, comem pizza com fanta e guaraná pelos restaurantes, e mal se olham enquanto falam coisas como: "você acha que eu devia ter dado o telefone da Catarina à Eliete?” – e outro grunhe em resposta.


Deus, põe teu olho amoroso sobre todos que já tiveram um amor, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem. Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se verem – nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa.


Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, na noite, liga para o CVV. Olha bem o rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas performáticas que para pagar o aluguel dão duro como garçonetes pelos bares. Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de taxi que confessa não Ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, mas gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto- olha por todos aqueles que queria ser outra coisa qualquer a que não a que são, e viver outra vida se não a que vivem.


Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na Capital, deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações da vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis da República do Líbano, sobre os porteiros de prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar certo), sobre todos que continuam tentando por razão nenhuma – sobre esse que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões.


Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio - Não. Derrama sobre elas teu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse zero grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.

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Como autêntica libriana que sou, só poderia sorrir com um texto como esse. Sem contar que foi escrito por um de meus favoritos autores...


Hoje, num dia de sol, agradeço por acreditar nesse meu coração e por saber sorrir apenas por ele brilhar (O sol. E o meu coração!)...


Quando ele quer ir em frente, vai guerreiro, vibrante... Tenho um coração capaz de amar. E nada poderia ser melhor que isso.


Que me critiquem, que atirem a primeira, a segunda e a terceira pedra...

Loucos são apenas os infelizes.

22 de mar. de 2007

“Aconteceu o que aconteceu... todo mundo via que acontecia...”



Seus olhos cruzaram exatamente no meio da terceira garfada. Ficou ali parada, garfo na mão, boca aberta, pânico.


- Leve o garfo até a boca. Leve o gar-fo até a bo-ca. Idiota. Vai ficar aí parada, como se o mundo inteiro fosse isso.

Ele estava com uma outra. Bonita. Simpática, parecia. Mulherzinha. Sentaram-se na mesa exatamente na sua frente. Sentiu o bar diminuir sob seus pés. Percebeu que teria torcicolo tentando desviar.

- Quantos anos ela deve ter? Mais velha, com certeza. Magra.


Desvencilharam-se poucos dias antes. Ainda assim, falaram na véspera, uma dessas conversinhas que não dariam em nada, resquícios de um amor que foi morto a balas de tiroteio – repentino e fatal.

O amor não teve tempo de reagir ao atentado. Num caminho aparentemente inofensivo, um desses percalços atravessou a garganta e deflagrou a crise, velha mola pressionada para não saltar por aí.

Não queria mais, verdade. Mas vê-lo ali depois de tudo era simplesmente indigesto. Sentiu nojo das conversas civilizadas que tiveram.

- Preciso sair daqui. Marte, lua, não importa. Júpiter... Sair do país, do planeta, da órbita. (voltar pra órbita? Ou eixo!). Mudar os telefones, quebrar o computador.

Ele acenou. Ela ainda pensava no que fazer com o garfo. Perdera o apetite. Acenou de volta. Detestou-se. Percebeu que não movia os lábios, nem falsificou um sorriso educado.

Ao invés daquele cumprimento politicamente correto, desejou arremessar o famigerado garfo। Arremessar o garfo, os pratos, o copo de chope... (não pretendia poupar nem a cevada... Sim, ateste-se: caso grave...)। Riu por dentro. Pelo menos conhecia suas vontades outra vez. Era muito bom estar de volta.


Música de fundo: “Você não serve pra mim” e “Aconteceu” – Marisa Monte.

19 de mar. de 2007

"...A sua estupidez não te deixa ver..."




Disfarce.

Vivia sua vidinha como se não devesse satisfação pra ninguém. E não devia mesmo. Há alguns anos aprendeu a não ligar para a maioria das coisas importantes para maioria das pessoas e de alguma forma isso se tornou rentável.

Escrevia a tal coluna antipática no jornal, as pessoas odiavam e liam compulsivamente. Convidaram para escrever um livro. Roteiro para um talk show da MTV. Sua intolerância à humanidade era sucesso de audiência. E ele, que não queria ser amado por ninguém, era um idolozinho moderno.

Ele não amava ninguém. Por isso, não lhe faltavam companhias para os dias frios, para as noites quentes.

Atraia todo tipo de mulher, as mais raras, as mais belas, todas dispostas a tentar quebrar seu gelo. Ele ria das tentativas frustradas. Há muito aprendeu que não é possível se apaixonar.

As suas escolhas foram feitas e ele não estava disposto a mudar. Não queria correr o risco de preencher o vazio que levou anos para construir com uma mulherzinha e suas peculiaridades.

Não iria se apaixonar. Não se prenderia a nada além de pequenos momentos de prazer e farras, cortesia de seu sucesso barato.

Ganhava corações de brinde. E os dispensava como talos de cigarro.

Ganhou o coração dela, após pequenas batalhas pouco cansativas que lhe rederam alguns arranhões. E o perdeu antes mesmo de dispensá-lo.

Orgulho ferido, conseguiu um band-aid na página seguinte. Nova foto, novo recado, mais uma pra coleção. Não era ela (gosto estranho do cigarro que não tinha fumado).

Pela janela, dava a entender que era insignificante. Se agarraria a qualquer coisa para não estar ali agora.

Ficaria com o band-aid. Fingiria. Seria de novo o vazio, de novo invencível. Dessa vez, tomaria mais cuidado.

18 de mar. de 2007

So long.


"Morreu, o nosso amor morreu... mas cá pra nós, antes ele do que eu."

17 de mar. de 2007

And so it is...

Compromisso.


Escolhemos nossos vínculos e relações, não há duvidas। Por alguma razão, que ainda não tive tempo ou coragem para descobrir, eu me comprometi a você. Difícil explicar, já que a unilateralidade desse compromisso era notória – por mim ou por qualquer pessoa, na realidade.

Expectativa.


Lembro desta conversa com um tio e no quanto me pareceu despretensiosa no dia, voltando da praia, presos no engarrafamento. Há anos lembro esta mesma conversa, quando sofro pelas mesmas antigas razões.

Criamos expectativas, para nós mesmos, para os outros. Esperamos atitudes e posturas que independem da nossa vontade, porque envolvem outros. Sem considerar que também não podemos ser sempre o melhor, o que esperamos de nós mesmos.

Acredito no poder de objetivos e metas. Tanto quanto acredito em aceitarmos nossas falhas e incapacidades para evitar os abismos.

Quanto aos outros, assumo minha própria incompetência. Falto um longo caminho na evolução para aprender a não esperar nada dos que amo. (um telefone que não toca, uma mensagem que não chega... ops! Mais um encontro desencotrado).

Decepção.

Ligamos nossas expectativas ao melhor do outro. Nem sempre o outro é o seu melhor. Nenhum de nós é.

“No meio do caminho, havia uma pedra” e eu não me dei conta do que estava acontecendo, até tudo ter ido longe demais. Não há caminho de volta. O castelo era apenas areia.

Sinais.

Dizem que as pessoas dão sinais do que realmente são – little tips, they said.

Bem. Não quis ouvir. Ouvi gritos, não quis ouvir, senti raiva, não quis ouvir, senti tristeza, não quis ouvir, senti medo, não quis ouvir, senti solidão e um estranho abismo - egoísmo soberbo, senti culpa e pena. Até me senti responsável. Em nenhum momento, quis ouvir.

Surpresa.

Não ouça sinais, alguém pode puxar seu tapete.

Ou te jogar pra fora, como um desses papeizinhos de ice kiss, chiclete mastigado (mal mastigado) - direto pela janela. (que anti-ecológico...)

Sapos.

Eles vivem na lagoa, não no estômago.
Eu engoli.

De repente restou apenas essa cólica imensurável e uma vontade incrível de vomitar tudo - all over you.

Raiva.

As ruas andam violentas. Preciso rir um pouco ao falar sobre isso, porque esse “adorável-recém-encontrado” me pediu cuidado com os meninos na rua, na mesma noite, algumas horas mais tarde. Ele falou com uma certa preocupação e carinho, dos quais eu tinha esquecido.

Continuo acreditando que a violência dentro de um carro, do lado de quem se pensa conhecer bem, pode ser muito maior que a das ruas da cidade, já que pelo menos a violência nas ruas a gente espera.

Cobrança.

Guess what? Keep the change, honey... It wasn’t much, anyway.

Death.

Sim, os mortos também vivem.
(Estão andando por aí, se passando por vivos e, se houver oportunidade, capaz de acenarem pra você... Detesto fantasmas.... Algum exorcista disponível?)

14 de mar. de 2007

Tarde demais.


Se eu fosse você
Falaria agora
Faria agora
Exatamente do jeito que você
Algum dia pensou em fazer
Não guardaria elogios
Não poupava galanteios
Delicadezas,
As menores surpresas

Se eu fosse você
Apresentava logo
A explicação verdadeira
Por aquela outra noite
Contava de uma vez
E pediria desculpas
Sem adiar nem mais um dia

Se eu fosse você
Abraçaria o maior abraço
E o beijo seria o mais apaixonado
Eu daria colo por cada momento difícil
E não esqueceria de ligar
Pra dizer que deu saudade
Quando aquela musica tocou na radio

Se eu fosse você
Não economizava amor
Nem mentiria pra mim mesmo
Dizendo que não é importante
Não teria tanto medo
De me sentir vulnerável
Assumiria todas as minhas vontades
Idéias, paixões

Se eu fosse você
Já teria percebido
O quanto nos afastamos
Pelas razões mais fúteis
E o quanto cada minuto longe
São um passo a mais
Para que tudo isso
E mesmo o agora
Seja tarde.

Bad girl...



Cruel. Tenho este veneno escorrendo em meus lábios, corre veneno em minhas veias e passa pelos dedos aos teclados... Esse meu veneno sórdido transposto em palavras ríspidas e deliciosamente prazerosas – sim admito, quase orgástico falar exatamente tudo que não senti... como revelar um segredo imundo sabendo que talvez ninguém possa ouvir – ou talvez você me escute, talvez se importe, quem sabe sofra um pouco ou sinta-se minimamente humilhado, até reflita, quem sabe queira saber mais (alguns até gostam de pés sobre as costas...) talvez ainda, (just maybe, really, I know) procure fazer melhor numa próxima oportunidade.
Sinto muito, ainda pensei comigo mesma – mas antes cruel que sem sal.
(Just hate the lack of flavor in my food.)

Perplexa.

Não seremos felizes para sempre.
Você foi uma imagem que criei
De um homem que conheci um tempo atrás
Foi o rabisco mal desenhado
De tudo que eu queria amar em você
E todas as vezes que quis você como eu lembrava
Você soube me lembrar que nada mais
Seria como naquela noite
Foi por um vulto que me apaixonei
E se perdi perseguindo meus próprios fantasmas
Não há mais ninguém, além de mim mesma,
Para acertar os ponteiros do agora.


Você realmente apagou um velho sorriso do meu rosto, pelo menos até que eu lembrasse o porquê exatamente ele estava lá... Não é qualquer um que sabe ser amado, ou amar. Aceitar e confiar no sentimento de outro requer muito amor por nós mesmos, de forma que se você me ama eu consigo achar compreensível e me sentir bem, saberei que seu amor por mim é possível se eu mesma descobrir que apesar dos inúmeros defeitos, sou “o melhor e o pior de mim” e isso tudo é bastante amável no final... Rs.

Quem tem medo de furar o dedo não brinca com agulhas. E quem tem medo de desaforo?


Sexto.


É como se nem fosse real
Guardei essas estranhas recordações
Outras memórias de dias felizes
Insistindo que podia ser diferente
Se poderia fazer alguma coisa mudar entre nós
Talvez quando as luzes apagassem
Alguém mais pudesse se dar bem nessa estorinha ridícula.


- Logo eu, que nunca me identifiquei com regras e esquemas, escrevo em pormenores, pobres linhas, gastando meus verbos em rimas rasas, só pra não perder a oportunidade de ser sarcástica.

“É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar...” – Introdução.

As pessoas andam descartáveis. No mundo do consumismo, do imediatismo, você tem que satisfazer o outro da melhor forma e neste exato segundo – não se perde mais tempo discutindo nada, arrumando nada, não há mais tempo para avaliações, para concessões. Não há tempo para aprendizados, Não há tempo pra mudar.

”Promessas que me fiz e que ainda não cumpri..” – PARTE I

Sinto muito, estou indo embora.
Não que você se importe, tem tantas outras coisas mais importantes do que eu. Tantas decisões de ontem, tantos e-mails acumulados que precisam de respostas urgentes, as ligações a retornar, tantos problemas inadiáveis que precisam de solução ainda mais imediatas. Não sinto por nada disso, aliás. Vou embora e sinto muito, mas não pelo seu descaso.

“Palavras me aguardam o tempo exato pra falar...” – PARTE II

Considere que você foi a única coisa realmente considerada todo esse tempo e se choro agora é por algo de bom do meu coração: mesmo nas estradas mais áridas, nos terrenos menos férteis acredito no poder do amor.

Acredito no encantamento e em todos os clichês e acreditei que meu sorriso poderia fazer diferença no seu dia, acreditei que poderia te trazer algo bom apenas sendo sua, te amando e estando aqui. Sei, sou uma romântica ingênua, sei, depois de tanto, talvez devesse encarar as coisas de um outro jeito... Mas com o tempo, o que perdi foi o medo de mim mesma: de ficar sozinha, de conviver comigo, com meus defeitos, com minhas perdas, sem ter ninguém pra culpar, pra reclamar, pra assumir meu lugar na hora do rush.
O lado bobo e romântico não morreu (riam!), pelo contrário. Se vejo beleza na vida, a encontro nos outros, e tenho potencial para me apaixonar e viver isso – como foi com você. Se vejo beleza em mim mesma e me alegro com isso, tenho desejo de me dividir, de compartilhar e de sonhar com mais alguém.
Isso tudo vai acontecer (e eu falo com a certeza dos românticos!), mas não foi dessa vez.

“Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir...” – PARTE III

Quando você falou que estava sendo egoísta e veio, até com carinho, explicar, eu achei que tudo ia ficar bem. Por um instante, senti como se você tivesse ido dentro de mim, lido em meus olhos, de alguma forma, essa tristeza que tenho tentado esconder. Ouvi você e não disse nada. Foi o momento mais alegre de muitos dias. É especial ouvir alguém conversar e consolar você pelo que não soube dizer, especialmente no meu caso (tenho problemas com palavras e conversas difíceis, acredite).
Estouraram fogos de artifício no meu peito. Nada estaria perdido então. “estou numa fase muito egoísta”, você disse. E desculpou-se, como quem me coloca no colo e nina, após um estranho pesadelo.

”Já sei olhar o rio por onde a vida passa...” – PARTE IV

Mas não era isso...

Acho que escutamos o que queremos ouvir, algumas vezes. Criaturas complexas somos nós, carregando dispositivos que alteram simples mensagens, para ouvirmos os mais belos discursos..... Ilusões servem apenas para adiar alguma dor.

Você continua só você, dia após dia. Eu amo você. Eu tentei esperar tudo isso passar. Tentei assoprar e descongelar essa neve ao seu redor – tentei com meu coração, que é o melhor de mim. Nem sempre ganhamos nossas batalhas.

Faltou muito pouco, eu sei. Muito pouco para que eu não desistisse agora, porque acima de tudo, eu te amo. Faltou você segurando minha mão no caminho, faltou o beijo na entrada do carro, faltou você – para que eu continuasse um pouco mais, soprasse mais forte, brilhasse um segundo mais.

”Sem me precipitar e nem perder a hora...” – PARTE V

Você me disse para ter certeza do seu amor. Do respeito. É... não tenho mais. Posso passar horas contando casos, narrando cada mágoa que, infelizmente ainda dói enquanto escrevo. Posso entrar nos detalhes de cada situação, e analisaríamos juntos o que pode ter influenciado em que, onde está minha parte no meio de tudo, o quanto o passado pode ter contribuído... poderia muitas coisas que não vou fazer agora, porque não seriam ditas pelo meu coração: o que meu sentimento captou esteve nas entrelinhas, na pausa entre as palavras, e em algumas farpas das quais vou me livrar aos poucos e com o tempo.

Não me interprete mal. Sei que também há sentimento da sua parte. Mas não estamos, nem de perto, no mesmo lugar. Talvez tenha passado nosso momento – há um tempo atrás eu me senti realmente amada e respeitada por você. Seja como for, por minha responsabilidade, pelas oportunidades da vida, por nós dois, seja como for: acabou.

Não posso continuar esperando encontrar quem você era comigo. Me apaixonei por um homem que eu não encontro mais em você. Fico dias e dias esperando “você” voltar, quando já tive todos os sinais de que não somos mais como antes.

”Escuto no silêncio que há em mim e basta ... Outro tempo começou pra mim, agora.” – PARTE FINAL

Queria muito que você me ouvisse agora da forma mais certa – falo com todo meu amor, não são reclamações, não é a minha raiva... A tristeza talvez. Queria por poucos segundos te colocar do lado de dentro, para que visse por meus olhos, lembrasse minhas lembranças.
Você me disse pra não me apegar. Para não me apaixonar. Ainda, antes disso, por uma mensagem solta no celular, me disse que estava confuso demais. Olha... respeito se você se arrepende, respeito se o preço foi muito alto pra você. Entendo até. Mas nunca estivesse do seu lado por pena, ou por me sentir te devendo alguma coisa. Não quero que tenha raiva de mim por tudo que aconteceu, eu não planejei nada disso.
Desculpe se te machuquei alguma vez. Sei que mesmo o amor pode machucar e por isso só posso pedir desculpas.
Vou sentir saudade de todos os momentos bons que dividimos. Mas agora, resta apenas assumir o presente. Não lido bem com nossas brigas, mesmo as pequenas discussões, não sei cobrar carinho, amor, cuidado, atenção. Não sei como pedir mais de você, se acredito que somos livres para dedicar o quanto desejamos de nós mesmos – amor não se mendiga por aí.

Sei que já conversei sobre isso com você, sei que você não concorda, que não vê dessa forma. Ainda assim, estou falando sobre como me sinto e de como outros percebem também (entendo que talvez a opinião dos outros não tenha haver, definitivamente não foi o mais importante, mas aconteceu sim, muitas vezes).
E sabe, algumas horas, a verdade não é o mais importante: o que vale realmente aqui não é se você estava ou não dedicado a essa relação, o importante é que eu me sinto dessa forma. E nada disso que estou falando tem haver com rótulos ou nomes que poderíamos ter dado ao que vivemos. Sinto falta de você ficar 100% do meu lado, mesmo quando apenas saiamos juntos. De transparecer essa cumplicidade de um casal.... De pessoas que se gostam. Também não estou falando do amor. Acho até que isso era muito mais transparente entre nós quando éramos apenas bons amigos.

That´s it.




“Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você...” .

2 de fev. de 2007

"...Eu vou ficar são..." - Mas a vontade era apenas enlouquecer.

Ele queria medidas exatas. Queria cálculos e números exatos que explicassem a intensidade das coisas. Ela desconhecia dos índices e não entendia os critérios de aprovação ou reprovação dele.
É que às vezes, os sentimentos a enroscavam, como torrente - adorava cantar palavras como se chovessem, como a água correndo no rio, sem freios, sem medos, sem padrões... Falava demais e descontroladamente. Faltavam beijos para impedi-la de continuar....

Teve certeza que tantas palavras seriam indigestas, em algum ponto. Não pelas palavras em si, não era isso. O problema era a falta do silêncio deles próprios.
Como explicar?

Tanto tempo e todos os diálogos se tornaram desproporcionais a tão pouco contato. Na medida em que se aproximavam com palavras e contavam suas estórias, foram deixando de viver para descobrir como seriam – não em tese, mas no dia a dia, na troca do café da manhã pelo beijo, no abraço apertado e inesperado, na briga, na raiva, na saudade. No amor e no silêncio.

Contentaram-se apenas com que era permitido ter um do outro: palavras soltas em telefonemas intermináveis. Disfarçavam e fingiam não ver o vazio pela ausência um do outro.

Não queria saber sobre as noticias do jornal. Tampouco queria falar sobre o calor da cidade, sobre o engarrafamento, sobre seus intermináveis erros no relacionamento anterior... Mas falava. Já nem eram as palavras, elas sequer importavam. Era o contato. “Melhor que nada”, pensou. Melhor que ter apenas a saudade.

Desejava apenas a chance de cometer novos erros, novos acertos. De provar tudo de novo que gostaria de tentar – de dividir com ele aquele aperto, de mostrá-lo tudo que não saberia dizer – a saudade, o ódio, o carinho...

Queria o abraço calado: encontrá-lo no meio do caminho, de um jeito que não pudesse fugir, nem dele, nem de si mesma.

Nada mais de lutas, nada mais de “nãos”, queria tudo de uma forma tão irresistível que ela não saberia como recusar. Perdoaria. Esqueceria. Ririam depois, como fizeram antes.

Ele queria medidas exatas. Tinha fôrmas certas e emolduradas. (Ela não se encaixava mais. Acredito que ela nunca se encaixou...).

Ainda assim, por um segundo, ele soube traduzir o silêncio do coração dela. Ainda assim, por um segundo, ele entendeu, e sussurrou sobre a saudade, sobre a espera, sobre a ausência, sobre a tristeza que ela sentira. Ele leu seus olhos a distância.
Pena que só por um segundo.
Pena que ele não correu até ali.

- Medidas exatas jamais mediriam o buraco em seu coração.

So many ways...


"Não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser. Mas, graças a Deus, não somos o que éramos."

Tentação.


Nenhuma tentativa, nenhuma ação. Seus olhares se cruzaram pelo msn, mas ninguém disse nada. Agora, o silêncio gritante de olhos cruzados que não sabiam mais o que dizer.
Como se vence isso?

Fim de Estória.

E pediu mais uma vez.
- Não.
- Porque isso agora?
- Já disse. Não quero explicar. Apenas não sinto. E quando não se sente, não adianta querer sentir, e quando se quer querer sentir o que se sente é o contrário de sentir qualquer coisa.
- Eu sinto.
- As pessoas sentem, mas também mentem, aumentam... Exageram. Queria ver tudo nos seus olhos e não ter que me preocupar se você resolve ir embora. E nessas horas, não me entendo, porque sei que não quero te prender aqui.
- Já nem sabe se não sente? Eu que nem sei se você se importa de verdade.

Nada que ele diga pode consertar as coisas agora, pensou. Alguns caminhos são trilhas proibidas para pessoas que se gostam, mas não se amam. Alguns caminhos são trilhas proibidas para qualquer pessoa que uma outra pessoa cogitou amar.

Sabia que outras conversas viriam, viriam outros encontros, casuais, sozinhos, acompanhados... Viriam até outros sonhos, quem sabe com beijos, quem sabe reais. Mas a verdade é que a verdade era essa – uma pesada cortina levemente puxada, uma espécie de medusa – não deveriam olhar, mas viram. Agora, a verdade não se escondia atrás de panos e por mais que fingissem... Não seriam mais os mesmos: foram petrificados em um momento tal que se repetia e repetia, involuntário.
Involuntário ainda aquele aperto no coração. Involuntário o peso pela certeza, o peso do fim, da despedida.

- “Totalmente?”.
- Melhor.
(Disse melhor por não saber dizer mais nada. Não saberia dizer que sim, não saberia dizer "com certeza". Não era certeza. Era precisa e exatamente isso: melhor.)

Seguiriam assim agora, cada um a sua própria estória. E lembrou do dia que começaram, do texto. Do bate papo “despretensioso”. Riu sozinha – tudo se encaixa de um jeito ou de outro... as frases, todas, continuam válidas, atuais, pertinentes.

“Alguns segredos precisam ser esquecidos muito, muito rápido... Alguns segredos dão medo se lembrados (por isso, sequer guardá-los)........... Não foi culpa dela. Nem dele. Ou foi culpa de ambos, para os que acreditam que alguém sempre tem que levar a culpa”

E assim, terminaram.
No mesmo ponto.
Depois de algumas significativas voltas.