24 de jun. de 2006

Coitado.... rs.


Pois no fundo acho que ele é um sortudo, kkkk....
Pergunta isso a uma pessoa assim, cheia de amor no coração...

Apaixonada pela vida hoje! Meu sorriso é tão de dentro que não podem roubar. (Dá pra ver daí?)
Sem razão, sem explicação. Meu coração tem vida própria, rs.

14 de jun. de 2006

Uma estória emprestada... em breve lanço minha versão.

Conto de Fadas Ao Contrário


"Era uma vez um príncipe burro e medroso, que só beijava sapos desencantados, pois tinha medo de não conseguir nunca a princesa num desses sapos encantados.
"Ah, assim é garantido que eu não vou conseguir, pelo menos. Uma garantia é sempre uma garantia, afinal."
E seguia pela vida, beijando sapos e se conformando com seus bafos de lagoas por aí. Sonhando com uma princesa de verdade, linda e só sua.
Nessa mesma época, em terras distantes jamais visitadas, vivia em um reino, com sua mãe e seu pai, uma princesa desbocada. Sem medo de nada, que adorava beijar todos os sapos por aí, sem temer príncipes desencantados.
Vivia sua vida, esperando que um príncipe lindo e todo seu aparecesse e a tirasse dali do seu reino, onde nenhum sapo era premiado.

Nunca se encontraram. Era tudo uma questão de Geografia."

Dentre os riscos de pensar demais... fico com o sem razão!

Por não estarem distraídos
Clarice Lispector

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Esse texto sempre foi meu, de cabeceira. Gira o mundo e paro aqui dentro outra vez.
Sindrome do amor demais... rs.
Porque gira o mundo, e só descubro outra razão para amar novamente. Não tenho medo do meu coração. Não tenho medo do caminho. Apenas a espera me aflinge.... e abençoa. Sorte dos otimistas.

2 de jun. de 2006

Porque sou igual a minha gatinha...



Mel comia apenas ração. Exigência minha, tentando ser boa mãe, inteligente e prática, decidi que ela não provaria qualquer tipo de comida, exceto a boa, nutritiva, sem sal e pálida ração.
Bem, por razões diversas e intrínsecas ao jeito do mundo girar (leia-se, minha doce avó, quem passava mais tempo em casa do que eu e tinha pena da gatinha que só comia aquela coisa sem graça), Mel foi exposta a mais deliciosa carne moída, brandamente temperada, incrivelmente cheirosa.

Minha avó viajou, o segredo foi revelado.

Mel hoje detesta a ração. Eu – educadora insistente (e profundamente raivosa com toda a situação, arght) – continuo dando APENAS ração e nada mais.
Eis que tenho uma gata rebelde...! Mel aprendeu a subir na bancada da cozinha, abrir panelas... sente de longe cheiro de qualquer guloseima, fica nervosa quando entram na cozinha, não deixa ninguém completar uma refeição sem o crivo dos seus olhinhos apelativos. A comida tem que ser cuidadosamente vigiada nesta residência.

Tenho esperanças (e mesmo agora sou como a gata – otimista!) de que ela esqueça, contente-se, ou ao menos canse das palmadinhas que leva quando se aproxima de um prato de comida. Tenho esperanças de que a ração volte a ser suficiente pra ela e outros prazeres e benesses possam dissuadi-la dos prazeres da carne.

O prato preferido da minha gatinha pode causar mal digestão, prejudicar seu pêlo, sua virtude, o andamento normal e equilibrado dos seus dias... mas ela não está preocupada...


Diz o ditado: tal mãe, tal filha (adaptação nossa).

Meu lado criança não me deixa desistir, independente das palmadinhas da vida. Levo praticamente socos algumas vezes, rs (porque é melhor rir meeesmo, não deixa de ser uma estória engraçada).

E eu, all grown up... so embarassing... Mesmo medrosa quanto às interpretações, deixo maiores analogias a critério alheio...

Entrelinhas.

Tá Combinado
Caetano Veloso

Então tá combinado, é quase nada
É tudo somente sexo e amizade.
Não tem nenhum engano nem mistério.
É tudo só brincadeira e verdade.
Podermos ver o mundo juntos,
Sermos dois e sermos muitos,
Nos sabermos sós sem estarmos sós.
Abrirmos a cabeça
Para que afinal floresça
O mais que humano em nós.
Então tá tudo dito
E é tão bonito
E eu acredito
Num claro futuro
de música, ternura e aventura
Pro equilibrista em cima do muro.

Mas e se o amor pra nós chegar,
De nós, de algum lugar
Com todo o seu tenebroso esplendor?
Mas e se o amor já está,
se há muito tempo que chegou
E só nos enganou?
Então não fale nada,
Apague a estrada
Que seu caminhar já desenhou
Porque toda razão, toda palavra
Vale nada quando chega o amor...

Passado. Presente...

Cansei
De cada dia, da velha estória, do descontrole total dos seus, dos meus passos... Correlatos.
Não sou mais a mesma – e nem você, e passo o tempo para redescobrir o que um dia foi, tentando, em vão, reencontrar o que amei inteira, o que quis e talvez queira, o que pretendia viver - e mal deu pra tentar.

Se sou mesmo essa nuvem, neblina no reflexo dos seus dias, se não caibo mais entre a segunda e a segunda feira, se não te toco quando rio, nem choro, se não sou pra você.

Que sentido podemos fazer, quando tudo que se sente é angustia, a voz abafada do meu coração, lamentos em verso, que rimam, em lagrimas, melódicas, e igualmente tristes.

Porque pensar em tudo que existiu já não me contenta mais, apenas sua sombra num vale azul, quando meu céu já vai negro, pela tempestade que invadiu, abrupta, noite gélida que entrou a janela.

Estava sim, aberta, devidamente conquistada em cada fresta, sentindo um vento do qual achava protegida, quando a mesma brisa se transforma em crueldade, e não importa quantas vezes contemos estrelas, será ainda insatisfeita a minha estória.


Termino porque foi longe demais.

Não vi a estrada quando peguei o caminho, não medi os entraves, as encruzilhadas, não percebi as voltas e intempéries, não avistei o abismo ou a vastidão do labirinto que envolveria meus passos, que seria então meu caminho,

Engoli seco cada palavra-comprimido que você prescreveu, aceitei como o enfermo, na procura incansável de uma cura, deixei de lado preconceitos e acreditei na pílula milagrosa, num xarope mágico de convencimento, do eufemismo prático, floreando sua proposta de todas as formas, para que soasse quase irressistível.

Calei todas as vozes da minha cabeça e as ao meu redor, calei o mundo – nada se ouvia que não você, nada podia, nem devia saber, seria apenas meu - segredo guardado, como quisessem roubado, perturbado, lacrado – e todo o barulho só interrompe o efeito do remédio que escolhi - perigosa interação de medicamentos, interferindo no sorriso que eu montara a tanto custo, pra usar com você.
E com eles.

Termino porque não existiu.
Termino porque já acabou.