8 de out. de 2006

Essas coisas da vida, a gente nunca sabe se fica triste ou feliz com algumas noticias....

Ela chegou pontualmente. Tinha certeza, eles combinaram, tudo era muitíssimo específico: hoje, cinco e meia da tarde. Depois de ontem, no tempo exato da cicatrização das paixões mais devastadoras (precisamente ridas e choradas. Definitivamente idas). Um pequeno intervalo depois dos lençóis secarem na calçada, das lágrimas passarem, desentupirem veias, aortas, logo depois daqueles calafrios que sentimos quando a paixão e o amor estão se despedindo. Acharam melhor se despedirem de tudo que se fora.

Marcaram ainda antes das borboletas na janela. Seria antes do espasmo, antes do espanto, antes daquele certo veneno que provamos quando embriagados pela nossa própria companhia e nada mais. Seria alguns minutos antes do sol se pôr.

Eles marcaram tudo, cronometrados.

Justamente por isso, não entedia. A verdade é que estava lá. Sozinha. Teria errado o local, talvez....

Era aquele mesmo ponto que nenhum dois dos conhecia, exceto pela foto estranha no jornal, pelos comentários secretos de casais apaixonados – era o lugar que nunca tinha sido dele, nem dela. Pensavam que assim poderiam consumi-lo, cada ângulo, cada sombra passaria a ser ele e ela sem virgulas, sem acentos. E com pôr-do-sol.

Como se sabe, ele não foi. Ele não foi e o relógio do mundo corre muito mais rápido que o deles, portanto o momento passou e portanto a porta bateu pouco antes de seus olhos cruzarem.

Do outro lado da rua, ele seguiu outros enredos, ela tocou outros discos. Numa outra esquina, dançaram outras musicas e atropelaram.........
O que foi mesmo que atropelaram? Ninguém lembrava... Alguns segredos precisam ser esquecidos muito, muito rápido... Alguns segredos dão medo se lembrados (por isso, sequer guardá-los).

Não foi culpa dela. Nem dele. Ou foi culpa de ambos, para os que acreditam que alguém tem sempre que levar a culpa.

Sua.


Eu, pensando em você e nos dias incertos.
Eu, sem lógicas, sem razão.
Eu com ciúme de você aí, dormindo.
Eu querendo ser a única flor do jardim (apesar de saber bem do meu lugar, mesmo assim).
Sou eu.

Ai, ai, ai....



"…Don’t go breaking my heart…"
Just
Don’t break apart
My ideas and dreams
Don’t take away
From all I believe at
Don’t tell me I’m too crazy
When all I’m crazy about
Is the thought of us,
together
Don’t try so hard to convince me
This is the only way out
When I can see that door
And it takes me straight to your arms
When I can see through you,
Into your eyes,
Inside your heart.
It’s me
And you
We’ve been looking for.

Porque sou uma pessoa enrolada...

Era uma vez uma menininha. Ela tinha um coração bom, mas gostava de brincar com fitas coloridas (sem saber bem o porquê, inclusive) e por isso, às vezes, as fitas se enrolavam, davam nós, laços, formavam correntinhas rosas, azuis, verdes, amarelas... é, uma menina de bom coração que gostava de dançar com fitas coloridas e as fitas se prendiam no caminho e a menina se prendia no caminho, nos galhos, pelas grades dos portões que ela não deseja entrar. Às vezes, fitas se confundiam com cordas, e a menina era arrastada por trilhas que desejava menos ainda. Cordas sabem apertar. A menina tem um bom coração, mas desconhece as vontades. Ela escolhe muito pouco e assim, os caminhos vão escolhendo ela. Fitas-cordas a esticam por desejos alheios – fitam tapam seus lábios, cordas tocam, desafinadas, melodias desconhecidas. Outra fita, amarela, tapa seus olhos de menina. Uma rosa, prende às costas suas mãos. Tudo por que ela mesma gostava de brincar com seus laços (sem saber bem o porquê, inclusive). No meio da lagoa tinha o sapo celular. O sapo gritava incessante (coaxava, parece), toda a vez que a menina fugia de medo. Ela, pequena, amarela, se escondia bem no fundo da caverna, tapava forte os ouvidos (se não fosse o eco!), entupia os ouvidos com fitas quadriculadas. Algumas vezes tinha fome, então comia amoras encantadas, que lhe tiravam a voz e o sono. E as vezes, para conseguir locomover-se, a menina virava peixe, e seguia com a correnteza... A menininha não respondia aos berros do celular-sapo (aquele mesmo, que queria ser um príncipe), nem aos bips/sorrisos do MSN, nem a quase, quase nada – todos estavam do outro lado do aquário e ela vivia bem dentro dele. Não é por mal, acreditem. A menina tem um bom coração. Acontece que, às vezes, as paredes do aquário são largas demais. As fitas são longas demais. Ela se perde um pouco longe demais. E tudo, tudo toca. Menos ela?

Eu - por mim mesma.



Até pensei em alter-ego. Pensei em ser ela - pra tratar mais fácil de mim, falaria dela. Ela: Marcela, Ana Cláudia, Daniela... Ela que pulou a janela ou se afogou em pílulas diversas com bolinhas de champanhe..

Ela que queria noite em pleno dia, ela mesma que saia achando que voltava em meros 05 minutos. Ela que eu mesma seria, sem pudores, sem poderes, pura e simplesmente alguém mais, desconhecida.

É porque hoje não foi. Hoje não é. Não é ela, sou eu. Flébil. Metarmórfica. Acontece que não me reconheço de tempo em tempo.

Eram os dias que muita gente não era o suficiente.
No hoje, me basto, com um copo d´agua semi-cheio e certa frieza no coração... Não sei bem da trilha que me trouxe, lembro de passagens, pedacinhos remotos que agreguei num sem vontade sem fim – hoje tudo isso, conjunto de mim. Sei bem que estou e não tenho alterado, mesmo ao seu lado continuo sentindo esse sem tempo.

E se dizer: menos intensa – minto. Sim, sinto. Sinos tocam com certa freqüência e o sol nunca foi tão grande; o céu, azul; a correria, agradável. Vazio? Confortável...

Apenas troquei a porta de entrada e me vejo correndo dos meus sonhos mais antigos, nada mais do que foi faz sentido, seduz, satisfaz. Nada mais por tudo que quis.

Ah.... clichês irritadinhos de mim mesma!!!! Eu ser, do não-ser que fui e hoje sou, oculta entre as manifestações e os fenômenos inexplicáveis do não-ser (ser-aí????), do que ninguém entende, mas todos são. Eu, hipócrita, fazendo minhas: verdades, tempo, vento, canção. (fui essa mesma eu, intelectual - liguei pra Heidegger entre dois goles de cerveja e ri do sorriso de Aluap na madrugada de sexta).

Ela tava olhando justamente pra mim....



Tinha uma barbie no outdoor. Olhei e vi exatamente a bonequinha da estante, na caixa da loja, três meses depois do aniversário.

– Filhinha, porque não desembrulha? (Usa, brinca, troca as roupas, penteia o cabelo? Porque não muda o vestido que veio?)

Barbie me olha e sorri: sorriso perfeito, muito bem colocado. Apropriado. Brilhante. Os olhos azuis combinam com a cor escolhida pra camisa (olha só, quem quero enganar? Aqueles olhos azuis combinariam com qualquer camisa, com qualquer cor...). Os cabelos, dourados, parecem desenhados, simetricamente calculados, para fazer a ondinha da ponta, recair sobre o rosto, aparados, sem muito cobrir, ângulo exato pra destacar sabe se lá o que. Qualquer coisa, né, eu diria (irônica? Talvez...).

Brincos de brilhante e anel (sim, barbie usa anel!), pra complementar, compor a boneca que guardava na caixa, na estante.

E (vejam só) eu que sempre quis “barbeiar“ por aí, vestir um longo, salto alto, ter trinta e cinco vestidos e carro rosa conversível, namorar o Ken e nunca, nunca assanhar o cabelo (quem sabe estrelar no outdoor da semana) – me contento em ser Emilia, farrapos, sandálias e tiras, louquinha, destrambelhada (desastrada!). Muito, muito chata. E obviamente, falante. Bem o contrário da maioria das barbies que conheço, prefiro beijar os sapos, a engoli-los (hehe...).

Bem de saco cheio de tentativas.....


Melhor Desistir.

Não tente entender,
meus olhares não foram pra você.
Não tente me dizer
como agir
quando todos os dias
são os mesmos dias, mesmos casos, mesmas cenas,
mesmos calos, no mesmo silêncio.
Nada mais muda por aqui.
Não tente me julgar,
Eu só não quero mais você
Não me leve a mal,
mas sua mesmice me aborrece
demais.

Foi embora....

Foi embora a minha amiga bruxinha....
Ainda não terminei de chorar, porque ela foi embora.
Sei que são apenas quilometros (e o que são meros quilometros!?), mas ainda assim:
Quilometros são mais que a distância entre nossos quartos.
mais que a distância entre nossos momentos,
mais que a distância que eu gostaria de precisar atravessar
para rimos muito disso tudo
agora.

Nada mais.

Fim.

Não te peço que volte
Com toda a vontade,
Que brigue com o tempo
E apague lembranças
E se desejo

Não espero que fale
Com palavras doces
Que abracesse apertado
E diga “pra sempre”
E se te peço

Não espero que acorde
No meio da noite
Com saudade do beijo
Ou do meu corpo ao lado
E se te lembro

Não espero que venha
De surpresa em minha porta
Que não me deixe sair.

Pois se desejo, peço, lembro,
se me atormento assim
É porque já se foram
Todas as expectativas
Do meu amor ser pra você.
Ou você, pra mim.