28 de dez. de 2006

"Há algo que jamais se esclareceu... onde foi exatamente que larguei, aquele dia mesmo, o leão que sempre cavalguei?"

Na estrada.





Passou a mão na garganta, acariciando o pescoço e implorando qualquer nova vibração, qualquer nota, a emissão de uma palavrinha sequer que soasse inteligível na frustrante e simplória língua dos homens.


Parou a mão na testa, como se seus dedos pudessem cavar idéias, desamarrar os pensamentos, trazer alguma paz. Nada.


Em vão cada tentativa – só o silêncio (peito apertado, cabeça girando, olhos mareados, ar que não entra, som que não sai), tumulto pouco saudável entre a dor e o desejável, arrependimento, mágoa, raiva martelando... e o ar não entra, e o som não sai.


Talvez... talvez devesse ter gritado. Talvez beijado. Talvez partido. Mas nada restou, palavras sobrepostas e sem sentido, lembranças cortadas de um monólogo esquecido - só o silêncio incontrolado, incontrolável, dessa grande confusão de tudo que não foram, ou eram.



"Não sei o que em mim

só quer me lembrar

que um dia o céu reuniu-se a terra num instante por nós dois..."

26 de dez. de 2006

Torcida e retorcida por você....

Foram, então, eternos, os minutos seguintes:
olhos congelados no celular
- Esperando, ansiosos.
E se tocava, suavam mãos,
faltava ar:
- Acelerava.
Mas não era você.
(será que com ele acontecia o mesmo, do outro lado da janela?)

Se olhassem no espelho,
poderiam ver:
- Dentro dos olhos,
imagem retorcida do outro.
Involuntariamente, arrepiava
a antiga espera
Pelo amor. Pela saudade.

Como em toda partida,
não se sabia ao certo
Quanto o tempo, qual a distância...

Ainda assim, ela sorriu,
Numa inevitável torcida
de que não fosse aquela
a última vez.

(Você estava em tudo, mas principalmente em mim).

"Ainda lembro..."


Foi sim. Antes de ir embora, lembrei de abrir os olhos e olhar pra você, bem ali - no meio do beijo. Memorizei, atentamente, cada pedacinho seu: os olhos, a inclinação da cabeça, o cantinho dos lábios... guardei o perfume (agora ele vem, invariavelmente, quando lembro) e o tudo mais que envolveu seu gosto (essa parte, sabia inesquecível... rs). Foi sim, abri os olhos... e agora é basta fechá-los – não sei se sonho ou pesadelo –, mas tudo o que vejo é você.

Aquele abraço.

Fecho os olhos e sinto seu abraço, seus braços num cruzamento perfeito ao meu redor, seu cheiro... Queria poder voltar o tempo, congelar a cena, arquivar num compartimento mágico a sensação que tive quando você estava, quando eu era, quando nada mais se ouvia além do silêncio, da paz, nada mais havia além do encontro, nada mais pulsava, além da batida ritmada em meu peito.

Te sentir aqui, tão próximo agora, é a melhor das ilusões, quase como se não tivesse ido, como se pudéssemos parar o tempo.

É essa proximidade que quero. Esse misto de surpresa, naturalidade, até de incerteza (esse frio na barriga!) de encantamento. A cumplicidade de encontrar seus olhos e perceber que eles estão junto com os meus, na mesma sintonia, no mesmo querer; sentir que você me olha traduzindo cada idéia, cada vontade... meu amor é liberdade, mas me prende, me rende, porque me encanta (espanta!), exala involuntário... Meu amor é presente.

Sinto uma outra vez o abismo próximo, numa contagem regressiva escuto o tic tac de uma bomba, vejo que se aproxima uma tal hora, esse tal momento que ninguém quer saber, que tentamos evitar como se não viesse, mas sentimos com medo e procuramos ignorar. Vejo perto a encruzilhada e sei que dói repartir caminhos, sei que queria a estrada reta e sem desvios, sem precisar decidir, sem ter que questionar mais uma vez meu coração - ele já vai cansado, ele não quer perder, desespera o medo de errar........

Bem sei quantas vezes queremos evitar a mudança (ah, tantas vezes eu quis...) parar os relógios e apenas estar ali, sem peso, sem cobrança, sem precisar complicar ou explicar nada... Mas a mudança não escuta apelos, não se preocupa com esse pequeno grande coração que carrego, ela vem – avalanche – derrubando as construções mais frágeis; a mudança limpa o terreno pra tudo que é novo e desconhecido e quase me mata de medo, pra só depois me fazer sorrir (esse é o lado otimista que não abro mão, rs. E ainda assim, tenho medo).

Falta a coragem pra sair, e se isso acontece é porque o que sinto é verdadeiro e especial, porque não quero perder você, descobrir muito frágil nossa história, vê-la voar e desfazer-se com os ventos da "mudança-tempestade" que vem chegando.

Nessas horas mesmas queria voltar o abraço (ainda peço e ele vem!). Ali o tempo não passa, nada me alcança, só você e eu.

No way.

É
Nada mesmo
Faz sentido
E se tudo se sente
Sou eu
Enlouquecendo
Amarrada até os dentes

É
Vai lá
Tiro o chapéu
Mas não deixo de deixar
De dizer de qualquer jeito
De jeito nenhum.

- não sei o que você está pensando.

Disco arranhado no meu ouvido.


Nem sequer bateu a porta. Ódio. Pensou. E odiou a si mesma por saber de tudo muito bem. Algumas mentiras vêm em caixas de presente, enroladas com laço de fita e presas com bombons de chocolate (ou discos, ou livros).

Sempre soube das mentiras. Ela, garota relativamente politizada, lia livros difíceis, assistia documentários na televisão. Ela acordava cedo quase todo dia e mentalizava o que fazer pro dia dar certo. Estava acima da média, lhe ocorreu. Ainda assim. Mentiras.

Todo mundo mente. Ela se envergonhava das próprias mentiras e as evitava, fatalmente (nem sempre de contá-las, em todo momento de lembrá-las). Sabia da estorinha do mundo imperfeito, dos seres imperfeitos, dos erros, das faltas, da palhaçada absurda de tentarmos sem querer.

E olhava a fundo, procurando dentro as respostas, a explicação pelo insípido acometimento. Não havia. Não estavam.

Raiva. O pior eram as palavras ecoando - cada sílaba, cada locução, tudo que achou tão simplesmente encantador e acreditou, acreditou. Que droga. Acreditou. Acreditou mesmo.

Algumas frases não têm pra onde ir. As perdidas, órfãs filhas-da-mãe, querem fazer de você uma casa, como se fosse só isso, como se não houvesse mais nada... Empurram, discretas ou rudes, toda idéia, o pensamento mais saudável; elas embaralham bem por trás do coração, cospem na alto estima e saem mastigando o bom humor até o estômago. Ainda não sei que bom humor resiste à dor no estômago.

Elas repetem e repetem e repetem (sempre tive horror a disco arranhado). Tanto, que às vezes lotam o corpo-casa possuído e inundam os olhos, mudando-lhes o brilho, alterando-lhes o tom. Frases e palavras-mentiras (ou verdades) vazam meus olhos equanto tento, em vão, escondê-las entre os dedos.

(Não se escondam. Todos choram frases repetidas, em especial no verão).

7 de dez. de 2006

Eu só aceito a condição... e nem consigo fingir.














Dia desses
Fui brincar de beijinhos
Naquele banco, isolado, da esquina.
Sei, admito,
Derreti com o chiclete, (rs)
Quis pra mim
E até esqueci os “nós”
Esqueci
Que não eram comigo
Os outros tantos laços
Amarrados.

Foi, é verdade,
Ninguém viu, na hora, o beijo,
Quase ninguém viu meu brilho,
Antes, os olhos cantando.
(eu leve de alegria)
Enquanto todos
Pensavam ser apenas um sorriso.

Dia desses
Resolvi ficar com as flores
Que encontrei, perdidas, no caminho.
Sei, admito,
Me apeguei ao perfume,
Quis pra mim
E até esqueci os espinhos
Esqueci
Que não era meu
Todo aquele jardim,
Afastado.

Foi, é verdade,
Ninguém viu, na hora, o corte.
Quase ninguém viu a dor,
Agora, espinho - estanque, no peito.
(eu pesada de solidão)
Enquanto todos
Pensam ser só uma farpa.

(Exceto por você, que pensa não ser nada).


À Mesa do Amor
Joaquim Pessoa

"Quero-te para além das coisas justas
e dos dias cheios de grandezas.
A dor não tem significado quando mais roubam as árvores
as ágatas, as águas.
O meu sol vem de dentro do teu corpo,
a tua voz respira a minha voz.
De quem são os ídolos, as culpas, as vírgulas
dos beijos? Discuto esta noite
apenas o pudor de preferir-te
entre as coisas vivas."

"Nem que eu bebesse o mar..."


Deixo a estrada.
Logo eu, que no amor
Pensei saber, pensava ser
Brava, valente
Ir mais fundo que o normal
Hoje,
só desejo
Sair correndo
Fugir da chuva
Não pegar tanto vento...
(me assusta o barulho do outro lado da janela)

É que me apaixonei por você.
Nem sei como, ou quando
Mas sei
Não quero dor, angústia, lágrima
Palpitação
Se justo agora
Estou aqui.
Mas você não.

Minhas palavras-filhotes
Mal saem de mim
Querem o mundo
Autonomia, liberdade
Blá-blá-blá completo
Pra fazer diferença e tal

Minhas palavras-delas-mesmas
Independem da vontade
(incontroláveis!)
Vivendo suas próprias vidas
Amores, medos, sedes bastante próprias
Aproria e desapropriadamente

Brincam comigo
As palavras (safadas!)
Riem de mim,
As miseráveis.
E no fim da noite,
No fundo do quarto
Elas gargalham incessantes
Por saberem, notória e principalmente:
“In the end, it’s me (and only me!) the one to blame....”

"Quem é mais sentimental que eu? Eu disse e nem assim se pôde evitar..."

Para um grande amor.
Que não importa onde, não importa quando
Não importa sequer
Que lugar distante nesse mundo
Se esconda
Porque no meu coração descansa.

Independe dos nomes, das bandeiras
Independe das portas, cadeados
Dos muros altos,
Dos desamparos.

Meu amor
Vai além da solidão dos dias
Da frieza, da saudade.
Muito ainda além
Do medo, da verdade.

E se preciso apenas
Amparar meu peito
Num suspiro
E guardar calado
Todo amor

Ele espera
Em mim:
Silêncio e fado,
Pois nem se eu quisesse,

ou pudesse
Deleeuseparo.

6 de dez. de 2006

Menina amarela...


Confusa, contraditória, complicadinha
Dei um nó
e sai, de fininho
Fiz que ia
e errei o caminho
Me animei e cansei,
sem porquê.



(Rosas, brancas, amarelas -
Param todas as janelas
E sou elas,
lapelas...
Rosas, brancas, amarelas).

Lonliness and smells... so cute. Little sad...rs.

As time goes by....

Poderia tentar
Resumir em palavras
Te contar
Como quem narra uma história qualquer
Personagem qualquer
Dia qualquer
Amor... qualquer.

Mas faz um ano
E era eu
Que ainda sou
Mesmo com o tempo
Vento, lágrimas e sorriso.
Ainda estou

Foi seu o brilho
No sol, no dia.
A mesma luz
E eu de volta
Aprisionada

Se em teu peito
Descansam meus sonhos
E do seu lado
Silencio. Alegria.

Queria apenas
Tudo de você
Tudo que houver
Até não ter
Não ser

Queria o impossível
O desejável
O dia imperfeito
O amor dos meus planos

É que faz um ano
E tudo que tenho
É saudade.