
Nem sequer bateu a porta. Ódio. Pensou. E odiou a si mesma por saber de tudo muito bem. Algumas mentiras vêm em caixas de presente, enroladas com laço de fita e presas com bombons de chocolate (ou discos, ou livros).
Sempre soube das mentiras. Ela, garota relativamente politizada, lia livros difíceis, assistia documentários na televisão. Ela acordava cedo quase todo dia e mentalizava o que fazer pro dia dar certo. Estava acima da média, lhe ocorreu. Ainda assim. Mentiras.
Todo mundo mente. Ela se envergonhava das próprias mentiras e as evitava, fatalmente (nem sempre de contá-las, em todo momento de lembrá-las). Sabia da estorinha do mundo imperfeito, dos seres imperfeitos, dos erros, das faltas, da palhaçada absurda de tentarmos sem querer.
E olhava a fundo, procurando dentro as respostas, a explicação pelo insípido acometimento. Não havia. Não estavam.
Raiva. O pior eram as palavras ecoando - cada sílaba, cada locução, tudo que achou tão simplesmente encantador e acreditou, acreditou. Que droga. Acreditou. Acreditou mesmo.
Algumas frases não têm pra onde ir. As perdidas, órfãs filhas-da-mãe, querem fazer de você uma casa, como se fosse só isso, como se não houvesse mais nada... Empurram, discretas ou rudes, toda idéia, o pensamento mais saudável; elas embaralham bem por trás do coração, cospem na alto estima e saem mastigando o bom humor até o estômago. Ainda não sei que bom humor resiste à dor no estômago.
Elas repetem e repetem e repetem (sempre tive horror a disco arranhado). Tanto, que às vezes lotam o corpo-casa possuído e inundam os olhos, mudando-lhes o brilho, alterando-lhes o tom. Frases e palavras-mentiras (ou verdades) vazam meus olhos equanto tento, em vão, escondê-las entre os dedos.
(Não se escondam. Todos choram frases repetidas, em especial no verão).
Sempre soube das mentiras. Ela, garota relativamente politizada, lia livros difíceis, assistia documentários na televisão. Ela acordava cedo quase todo dia e mentalizava o que fazer pro dia dar certo. Estava acima da média, lhe ocorreu. Ainda assim. Mentiras.
Todo mundo mente. Ela se envergonhava das próprias mentiras e as evitava, fatalmente (nem sempre de contá-las, em todo momento de lembrá-las). Sabia da estorinha do mundo imperfeito, dos seres imperfeitos, dos erros, das faltas, da palhaçada absurda de tentarmos sem querer.
E olhava a fundo, procurando dentro as respostas, a explicação pelo insípido acometimento. Não havia. Não estavam.
Raiva. O pior eram as palavras ecoando - cada sílaba, cada locução, tudo que achou tão simplesmente encantador e acreditou, acreditou. Que droga. Acreditou. Acreditou mesmo.
Algumas frases não têm pra onde ir. As perdidas, órfãs filhas-da-mãe, querem fazer de você uma casa, como se fosse só isso, como se não houvesse mais nada... Empurram, discretas ou rudes, toda idéia, o pensamento mais saudável; elas embaralham bem por trás do coração, cospem na alto estima e saem mastigando o bom humor até o estômago. Ainda não sei que bom humor resiste à dor no estômago.
Elas repetem e repetem e repetem (sempre tive horror a disco arranhado). Tanto, que às vezes lotam o corpo-casa possuído e inundam os olhos, mudando-lhes o brilho, alterando-lhes o tom. Frases e palavras-mentiras (ou verdades) vazam meus olhos equanto tento, em vão, escondê-las entre os dedos.
(Não se escondam. Todos choram frases repetidas, em especial no verão).
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