Ele queria medidas exatas. Queria cálculos e números exatos que explicassem a intensidade das coisas. Ela desconhecia dos índices e não entendia os critérios de aprovação ou reprovação dele.
É que às vezes, os sentimentos a enroscavam, como torrente - adorava cantar palavras como se chovessem, como a água correndo no rio, sem freios, sem medos, sem padrões... Falava demais e descontroladamente. Faltavam beijos para impedi-la de continuar....
Teve certeza que tantas palavras seriam indigestas, em algum ponto. Não pelas palavras em si, não era isso. O problema era a falta do silêncio deles próprios.
Como explicar?
Tanto tempo e todos os diálogos se tornaram desproporcionais a tão pouco contato. Na medida em que se aproximavam com palavras e contavam suas estórias, foram deixando de viver para descobrir como seriam – não em tese, mas no dia a dia, na troca do café da manhã pelo beijo, no abraço apertado e inesperado, na briga, na raiva, na saudade. No amor e no silêncio.
Contentaram-se apenas com que era permitido ter um do outro: palavras soltas em telefonemas intermináveis. Disfarçavam e fingiam não ver o vazio pela ausência um do outro.
Não queria saber sobre as noticias do jornal. Tampouco queria falar sobre o calor da cidade, sobre o engarrafamento, sobre seus intermináveis erros no relacionamento anterior... Mas falava. Já nem eram as palavras, elas sequer importavam. Era o contato. “Melhor que nada”, pensou. Melhor que ter apenas a saudade.
Desejava apenas a chance de cometer novos erros, novos acertos. De provar tudo de novo que gostaria de tentar – de dividir com ele aquele aperto, de mostrá-lo tudo que não saberia dizer – a saudade, o ódio, o carinho...
Queria o abraço calado: encontrá-lo no meio do caminho, de um jeito que não pudesse fugir, nem dele, nem de si mesma.
Nada mais de lutas, nada mais de “nãos”, queria tudo de uma forma tão irresistível que ela não saberia como recusar. Perdoaria. Esqueceria. Ririam depois, como fizeram antes.
Ele queria medidas exatas. Tinha fôrmas certas e emolduradas. (Ela não se encaixava mais. Acredito que ela nunca se encaixou...).
Ainda assim, por um segundo, ele soube traduzir o silêncio do coração dela. Ainda assim, por um segundo, ele entendeu, e sussurrou sobre a saudade, sobre a espera, sobre a ausência, sobre a tristeza que ela sentira. Ele leu seus olhos a distância.
Pena que só por um segundo.
Pena que ele não correu até ali.
- Medidas exatas jamais mediriam o buraco em seu coração.
É que às vezes, os sentimentos a enroscavam, como torrente - adorava cantar palavras como se chovessem, como a água correndo no rio, sem freios, sem medos, sem padrões... Falava demais e descontroladamente. Faltavam beijos para impedi-la de continuar....
Teve certeza que tantas palavras seriam indigestas, em algum ponto. Não pelas palavras em si, não era isso. O problema era a falta do silêncio deles próprios.
Como explicar?
Tanto tempo e todos os diálogos se tornaram desproporcionais a tão pouco contato. Na medida em que se aproximavam com palavras e contavam suas estórias, foram deixando de viver para descobrir como seriam – não em tese, mas no dia a dia, na troca do café da manhã pelo beijo, no abraço apertado e inesperado, na briga, na raiva, na saudade. No amor e no silêncio.
Contentaram-se apenas com que era permitido ter um do outro: palavras soltas em telefonemas intermináveis. Disfarçavam e fingiam não ver o vazio pela ausência um do outro.
Não queria saber sobre as noticias do jornal. Tampouco queria falar sobre o calor da cidade, sobre o engarrafamento, sobre seus intermináveis erros no relacionamento anterior... Mas falava. Já nem eram as palavras, elas sequer importavam. Era o contato. “Melhor que nada”, pensou. Melhor que ter apenas a saudade.
Desejava apenas a chance de cometer novos erros, novos acertos. De provar tudo de novo que gostaria de tentar – de dividir com ele aquele aperto, de mostrá-lo tudo que não saberia dizer – a saudade, o ódio, o carinho...
Queria o abraço calado: encontrá-lo no meio do caminho, de um jeito que não pudesse fugir, nem dele, nem de si mesma.
Nada mais de lutas, nada mais de “nãos”, queria tudo de uma forma tão irresistível que ela não saberia como recusar. Perdoaria. Esqueceria. Ririam depois, como fizeram antes.
Ele queria medidas exatas. Tinha fôrmas certas e emolduradas. (Ela não se encaixava mais. Acredito que ela nunca se encaixou...).
Ainda assim, por um segundo, ele soube traduzir o silêncio do coração dela. Ainda assim, por um segundo, ele entendeu, e sussurrou sobre a saudade, sobre a espera, sobre a ausência, sobre a tristeza que ela sentira. Ele leu seus olhos a distância.
Pena que só por um segundo.
Pena que ele não correu até ali.
- Medidas exatas jamais mediriam o buraco em seu coração.