30 de jan. de 2006

"Me encontro tão ferida, mas te vejo aí também, em carne viva..."

...CESSO...

Fique ou não do meu lado
A minha dor eu atravesso,
Transformo em verso
Canto cada gota
A minha dor
Expresso

Veja em meu sorriso
Observe, na entrelinha
Dos meus lábios
As palavras saíram
Mas você ficou
Confesso

Travado no peito
Partindo meu chão
Não dá pra escutar
Se você não ouvir
O vai e vem que eu vou
Processo

De você agora apenas
Um gesto
Ridícula saída dos meus braços
Triste o olhar perdido
Do qual fujo, sem destino
Recesso
.

“...Um beijo, um beijo só...”

01/2005


Profanando meus lábios
Foi esse beijo
Quase não-beijo
Que me pegou de surpresa
Congelando em meus lábios
O desabor do mais vazio
O sem sentimento

Beijo
De puro favor
Vem e me diz:
“- te beijo assim, por você e não pra mim....”
Acaba sendo de ninguém
Esse beijo
Se posso chamar assim

Beijo
Por educação
Como se meus lábios
Fossem pátio de recreio
Você me beijo em cheio
Sem quase tocar...

Se quer beijar
Me beija
Vem aqui, me aperta forte
Envolve, despenteia, desarruma

Faz com gosto, prazer
Faz de verdade, com o corpo todo
Não beija metade, não beija sozinho
O meu beijo - carinho -
Não entende essa pressa
Que afronta

Me beijar
Faz, pra ser impossível resistir
Me lembra porque te escolhi
Para chegar assim, perto
Mesmo desavisado

Foi bem esse beijo
Essa coisa qualquer de você
encostando sem me sentir, ou verFoi bem esse beijo
Partido
Que me falou de você.

Um beijo que disse o adeus mais insosso,
insípido
Disse que ia desdenhando
Que tanto faz
Tão pouco fez

Beijo dessa boca
Que tanto me chamava
Adorava, pirava
Agora mesma boca ....
Envenenada.

"Fico perguntando como é que aqueles que não escrevem, não compõem, nem pintam, conseguem escapar do medo, que é inerente à condição humana"

Graham Green.

Meu amor é preto no branco. Eu noite, ele dia.

03/12/2005

O meu amor enxerga bem
Ele não que óculos para ver o dia
Não teme o sol
Não tem medo da transparência
Meu amor
Quer tudo assim
Bem claro, raro.
E eu,
Parte minúscula da estória
Tento me disfarçar de noite
Perfumo-me com estrelas
Maqueio-me de luar
Cubro todo o corpo com a mais negra cor...
Em vão!
É você, como sol
Despe, desarruma, aquece
Me deixa e vê toda nua, sua
Nega esconderijo ou proteção
Quando me ama
Sem razão
E quando me tem, domina
Só eu, menina
Que já não posso mais
Nem quero mais,
Eu só de arrepio.....

Mais um dia de domingo.

27/11/2005

Você dorme e comigo seu cheiro, seu gosto na boca e pelo corpo, você que me toma inteira e me tem só sua, mesmo longe, mesmo quieto, desligado... e é o sol que vem pra clarear nós dois, pra esclarecer, transparecer toda e qualquer parte... é o sol que chega e me ilumina (te ilumina), a manhã seguinte, do dia que segue depois do amor.

Tenho um nó na garganta que vem dessa paixão, o nó do dia que não deixa ser, estranho, não deixa omissões, nem o escuro. O nó da luz que entra e passa por nós dois desafiando meu desejo, questionando minha sede (o outro quarto não era assim tão claro...)

O dia vem assim, sem pena de te levar de mim, ou de me levar de você. Sem medo de me consumir inteira, o mesmo sol que aquece, incendeia.

O dia não tem tempo a perder e fere com cada palavra que você diz sem rodeio, como todos os sinais de alerta, gritando, em vermelho, dos seus olhos matinais.

É o silêncio da manhã que me consome... O pouco amargo do café, o sem-açúcar da luminosidade, meu coração que segue só entre as páginas do dia, o sem-reflexo de todos os espelhos.

Você saiu e não notei...guardou quase tudo entre o computador e o edredom, deixando suspenso o sabor da noite que foi, deixando só a neblina que envolve seu sono.... E eu fecho as cortinas tentando ofuscar, fingindo não ver como tudo clareou, disfarço pra você esquecer, faço que nada mudou – eu sei que é dia em meu coração, mas aqui, deitada, eu quero o dia não.

Bis

20/11/2005

Ah, mas isso tudo é tão você! Seu sorriso, seu gosto, seu cheiro, vem você pra mim em energia, vibrante - você em nota musical, que me invade, desarruma tudo e nem parece perceber... Você que sem qualquer esforço toca e ecoa em mim...

Sem comentários... Agora não cabe nada. Apenas música me invade, por inteiro. Nem mais eu estou, é só o som, a vibração – e essa paixão sem palavras que já vinha e agora canta (me encanta!)... Porque dizem que a música toca pelo corpo todo, assim, por cada poro. Tão gostoso ser tomada, absorvida por você!

Sei que vou guardar pra sempre essas horas, esses minutos, porque a melhor memória é energia, é a da pele e é meu corpo que sente e que diz agora... Meu corpo que vai te levar comigo hoje e te lembrar tanto o quanto for, sempre sorrindo, sempre. Fecho os olhos e sei que a vida se esconde aqui, em momentos como esse. É um feixe de luz, uma fresta, brilhante demais pra se cobrir... Fecho os olhos e tento captar da melhor forma cada um desses segundos, arquivar em mim o quanto é bom, o quanto de prazer me envolve agora. Assim toda vez que a vida tentar fugir, que ela desanimar, oscilar por qualquer uma das razões (da vida) – posso voltar e reviver esse pedacinho tão pequeno, tão curto, mas tão intenso de vida, que vou levando comigo agora – pra lembrar do que há de mais simples, de verdadeiro, de completo, de sentir inteira – e de ser, inteiramente.

Que morra toda a raiva, passe todo o ódio e ainda reste meu coração...

26/10/2005

Foi rezando sozinha,
que pedi pela verdade
Nua, crua,
pedi a verdade gelada e
sem rodeios, destemperada.

Com toda a fé,
toda a vontade,
pedi pra saber com clareza,
pedi a transparência dos fatos,
dos atos,
a realidade.

E como todo pedido sincero,
vi atendido meu anseio, respondidas
minhas perguntas, resolvido
cada dilema.

Eu vi a verdade.
Senti seu gosto amargo
em mim
Sua frieza indelicada e cruel.
A verdade esbarrou em mim
me descontruindo com sua força.

A verdade, sem cerimônia
veio me despedaçando,
partindo, levando,
flecha certeira e afiada
bem na mira das minhas ilusões
A verdade devastou meus pensamentos, contentos.

Ela veio por mim,
Mas tão forte assim,
que resta pouco,
quase nada
e desce forçada pela garganta
dissolvendo esse lado doce,
substituindo qualquer ingenuidade.

A verdade é presente
E eu, que era saudade,
Sou só a verdade
e o fim.

Meu canto mudo no ar faz do seu nome hoje o céu da cidade.

14/10/2005

A poesia chegou
sem qualquer licença.
Entrou pelas frestas da janela
e em pouco preencheu meu mundo.
E veio assim,
Descontrolada, louca
Minha poesia,
que antes sussurava
parou de falar e agora grita
Não mais se esconde atrás do armário
das falsas idéias e caras,
da poeira...
Ela derrama dos meus olhos.
Minha poesia
me enlouquece com essa dança
não para ou descansa
minha poesia criança
não respeita os relógios ou compromissos.
E eu, que já não ouvia,
Não sentia poesia
Eu que não lembrava
E dormia o sono das formigas
Fui pisada (atropelada!)
Pela poesia elefante.

"Rápido, com quem rouba...."

07/10/2005
Eles corriam. E seus passos seguiam as batidas aceleradas de seus corações, acelerados. E o que era distante, difícil, o que havia de medo, de incerto – tudo isso era, então, perto. Tudo era certeza, a sintonia dos caminhos, era a música que tocava e a dança que faziam...

Eles andavam. E seus passos eram soltos e leves, naturalmente. Podiam ver as flores pela estrada, porque havia tranquilidade e havia tempo. Havia amor. Ainda assim, distraiam-se pelo caminho, e por vezes perdiam-se, desvencilhavam-se em grandes curvas, mas que se faziam paralelas novamente, na esperança de encontrarem o compasso mais certo...

Mas o ritmo do coração foi se perdendo e cada passo não era mais conjunto, e às vezes o riso era só, a estória era só, a casa... Já não ouviam o zunido, não arrepiavam, não saboreavam da presença um do outro... Eles eram, mas não se sabe bem porque. Apenas estavam. E quando o telefone não tocava, a mensagem não chegava, quando extinta toda a possibilidade de se verem ou falarem, eles lembravam.

E passavam juntos-separados, todos os dias, lembrando dos passos da corrida ritmada, da feliz angústia de arriscar alto, do não temer irresponsável. Eles lembravam e sabiam, porque cada pedaço do corpo dizia.

Eles sofriam a perda por estarem juntos e terem desaprendido a amar.

Você e suas idas... e vindas.

Ainda não aprendi esse "amor-roda-gigante" que você faz. Não entendi, não entrei no ritmo dos altos e baixos, das vertigens de apaixonar e esquecer... ir e vir dos seus braços, sem saber dos caminhos, carinhos. E quando penso que acabou a rodada, que o tempo esgotou - hora de cair fora - é o telefone que toca e lá vai meu mundinho girando outra vez.
Me apaixonei, assim, em sintonia de carrossel, mas pronta (de fato) para sair dos trilhos, me perder por aí, e até soltar as mãos na descida mais radical na montanha-russa de nossa estória...
Eu e os trilhos do trem... e é sem eles, na inconstância da distância e da proximidade, que sigo... horas vazias, ora transbordando, mas definitivamente tonta, pelo não saber amar e desamar (depois amar?) em tempo hábil para ser sua e te esquecer.

A morte é como o carnaval.

30/09/2005

Melhor assim.
Golpe único às pancadas lentas, queda fulminante no 1º round. Demolição total ao desmoronamento gradativo, quando são as migalhas de mim que se espalham, gradativamente... Antes cair de vez à ver o chão chegar aos poucos, sem que se possa evitar...
Que sentido faz prolongar a queda - me manter suspensa entre as dúvidas e incertezas, quando a vertigem não passa, quando sinto que cada segundo é último (que o chão está próximo!) e sofro, por antecedência, a dor de um impacto que não vem, sentindo em cada pedacinho uma pontada, imaginando, ai, a expectativa do choque final, do ponto fatal, ai, se esse "fim" não chega.................
Nada! Se é pra sofrer que seja depois e não durante. Sinto essa dor sem medo e enfrento os fantasmas de uma só vez.
Se é mesmo do chão, lá, do fundo do poço, que encontro força pra ficar de pé, se é no chão que acordo e não na queda, porque do chão, ah, do chão não se passa!
Nada mais a fazer. Sei que morro agora, mas, sim, foi dose única e letal e se quer mesmo matar, vem assim, nada de assoprar meu coração.
Então deixa estar. Deixa ser, deixa doer... porque a dor do amor é a mais rica e até doendo se ama um pouco (o outro pouco se chora, enquanto a morte vem).

Ele disse que parece que vocês estão separados há mil anos...

22/09/2005

Mil beijos, mil palavras, mil olhares, sorrisos, mil dias felizes e viagens, mil e mais mil encontros... mil desencotros e algumas milhares de lágrimas... Agora, mil lembranças. Mil anos.

Apenas eu, me desfazendo, mil pedaços de mim espalhados, espelho quebrado, deslaço. Era mesmo vidro. Quem sabe cristal. Refaz assim não, seu moço. Nada a dizer, exceto o aperto. Porque não se diz, nem se pensa mais da mesma forma, porque a forma já não existe e não há porque falar, pensar... Deixo os iguais, deixo o conhecido, deixo pra trás todas as verdades, sonhos, vontades... Fica um pouco do brilho dos meus olhos, bastante de um pedaço do meu coração. Fica até amor, parece. Tudo fica e eu vou.

E já não questiono mais, não me interessa o caminho, não me pergunto as razões, cansei das coisas da mente, cansei do aperto, da dúvida, cansei da música triste do Chico (se é que dele se cansa), cansei da minha insistência por todas as respostas, por tudo no lugar. Ai, e quando se cansa do que se é, resta bem pouco a fazer... não ser... não pode...

Ainda assim, é tanto pela frente... tanta coisa e tanta gente, que dá medo ver crescer meu mundinho... Lá fora tudo é grande, mas aqui dentro! Aqui sempre foi lugar pra pouca coisa! Tudo que resta de espaço, quem ocupa é o amor.

Tinha essa pessoa que falava: "confiança é que nem cristal... quando se quebra... Bem, vc pode até reconstruir, mas igual, não será jamais. Quando olhar de perto, dá pra ver que já se partiu, ficam as marcas".

Eu? Acredito nisso não... rs. Depois explico... uma dessas minhas teorias loucas... uma dessas que não cansei.

No fundo, é só procurar um pouco mais (mais por dentro que por fora).

20 de jan. de 2006

Quanto tempo mais será....?


Agora, preciso que escute


Tantas coisas.


Apenas gostaria que soubesse...


Encosta em meu peito


E ouve, direto do coração


O que tenho a dizer


Digo sem palavras,


De lábios cerrados.


Escuta e traduz


É só pra você


Esse dialeto único


Que controlo e descontrolo


Quase música...


Linda, desesperada, sincera


Que toca a cada toque seu


Escuta, entende, perceb....


Para bom entendedor,


Meia batida basta.