27/11/2005
Você dorme e comigo seu cheiro, seu gosto na boca e pelo corpo, você que me toma inteira e me tem só sua, mesmo longe, mesmo quieto, desligado... e é o sol que vem pra clarear nós dois, pra esclarecer, transparecer toda e qualquer parte... é o sol que chega e me ilumina (te ilumina), a manhã seguinte, do dia que segue depois do amor.
Tenho um nó na garganta que vem dessa paixão, o nó do dia que não deixa ser, estranho, não deixa omissões, nem o escuro. O nó da luz que entra e passa por nós dois desafiando meu desejo, questionando minha sede (o outro quarto não era assim tão claro...)
O dia vem assim, sem pena de te levar de mim, ou de me levar de você. Sem medo de me consumir inteira, o mesmo sol que aquece, incendeia.
O dia não tem tempo a perder e fere com cada palavra que você diz sem rodeio, como todos os sinais de alerta, gritando, em vermelho, dos seus olhos matinais.
É o silêncio da manhã que me consome... O pouco amargo do café, o sem-açúcar da luminosidade, meu coração que segue só entre as páginas do dia, o sem-reflexo de todos os espelhos.
Você saiu e não notei...guardou quase tudo entre o computador e o edredom, deixando suspenso o sabor da noite que foi, deixando só a neblina que envolve seu sono.... E eu fecho as cortinas tentando ofuscar, fingindo não ver como tudo clareou, disfarço pra você esquecer, faço que nada mudou – eu sei que é dia em meu coração, mas aqui, deitada, eu quero o dia não.
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