20 de abr. de 2007

Dezesseis horas atrás.


E se eu voltasse o tempo

E se pudesse evitar

E se nada disso fosse alguma coisa

que pensávamos ter em comum.





Olho agora pra você: dezesseis horas atrás, é muito pouco tempo pra passar e esquecer, somente dezesseis horas, e tudo que pensei era você, tudo que eu vi, tudo que fez algum sentido num dia completamente sem nexo ou loucura.



No final da festa, já tinha desistido de qualquer outra comemoração. Recolheria os copos e garrafas vazias, juntaria a pilha de pratos na pia, deixaria tudo mais para a manhã seguinte. Exausta.



Seria um beijo de despedida. Talvez. Talvez não. Assustada, abriu os olhos e ele estava bem ali, dormindo. Lindamente. Tranquilamente. Chamou. - Acorde... Mais uma vez. Sentia-se pesada de sono, leve de carinho... Abriu os olhos novamente. Treze ligações perdidas no celular. Ninguém do seu lado na cama. Alguns sonhos podem parecer mais reais que o comum.




Pensei 16 vezes em não passar perto, mas 16 horas (ou menos de dezesseis? Já não importava.) para tanto assim... Era pouco demais.


Por uma vida menos ordinária - Cap. I





Cacos.



Acordou cansada. Viu-se cercada por esse lixo de vida que acabou acontecendo, resultado de escolhas falhas, alguma preguiça, descaso, atitudes impulsivas e impensadas. Resultado se sua própria sabotagem.




- Eu to com muita vontade de te dar um beijo agora...
- Você acha que eu também não tenho vontade? Tenho vontade... Mas muitas vezes na minha vida agi por impulsividade, porque tinha “vontade”. Agora, resolvi fazer o que acho certo.





Tinha tudo pra ser feliz, no sentido mais lato de felicidade – todos os elementos para levar uma “vida moderninha”, mais prazeres que sacrifícios.




Contrário a tudo isso, pelo menos por um dia, escolheu comer aquela comida lixo, ouvir aquela música lixo, ter amigos lixo e um homem completamente lixo, beber aquela vodka lixo e acordar com um lixo de ressaca (física e moral).

Por uma vida menos ordinária - Cap. II


Reflexo.




Olhou no espelho, sua imagem turva (resquícios do álcool), maquiagem escorrida nos olhos, cabelo horrivelmente desalinhado. O esmalte vermelho, milagrosamente intacto das unhas.



- Nem sei mais onde a menina que eu fui se escondeu.



Recolheu as garrafas e, junto, reuniu os cacos do que entendia reciclável: pedaços de antigas crenças e vontades, um pouco de sonho, uma boa dose de peso de consciência. Conhecimentos vagos de lições passadas. Não queria mesmo levar muito. Nada de excesso de bagagem dessa vez. Lembrou de um livro: estórias de amor devem ser esquecidas, abandonadas pelo caminho. Tinha muitas estórias de amor. A way to much to take.



- Temos que começar de algum lugar.

Por uma vida menos ordinária - Cap. III


Resoluções.




Decidiu fazer tudo diferente. Começaria do zero, itens numerados numa listinha de pendências:



- Ir ao gastro, ao otorrino e a nutricionista.
- Se matricular na academia.
- Tirar xérox do material, ler e sublinhar com marca texto colorido. Fichar.
- Pagar os vinte reais ao seu irmão.
- Visitar sua vó.
- Escrever aquela carta pra mãe.
- Dar baixa nos emails, apagar os encaminhados dos dois últimos anos.
- Passar no mínimo três horas na sua livraria preferida, ler seus autores preferidos, pesquisar novos livros de cabeceira.
- Devolver duas blusas, um par de brincos, algumas canetas...
- Esvaziar as gavetas e os armários.
- Esvaziar o peito.
- Agarrá-lo de uma vez (com calma, desejo, sem muito pensar, sem nada dizer, e um sorriso há muito não visto).

Por uma vida menos ordinária. - Cap. IV

Vontades Próprias.



Não perderia mais oportunidades. Não gastaria tantas palavras, não assistiria tanta bobagem na televisão. Não ficaria esperando ele ligar. E daria seu telefone, sempre que parecesse interessante.

19 de abr. de 2007

Rabuguice.

- Não há razão para termos essa conversa, está tudo muito bem resolvido. Desculpe, é que não há mais nada pra conversar.

- Mas o problema é que...





Viu ele sentado ali, beijo no beijo de uma outra boca, coisa mais incômoda de assistir, e assim de tão perto, entre os copos e braços cruzados pela mesa...


Ele a beijava de olhos fechados, dedos entrelaçados entre os cabelos. Um casal a mais numa noite de sábado. Mas não mais. É que... Não era. Era para ser ela. O que houve, afinal? Escorria a raiva e a cerveja, inveja, escondida, seu desejo atrás do descaso, quando apenas ela mesma pensava que sabia disfarçar alguma coisa, e nem sabia mais se pensava assim. Óbvio, seria perceptível a vontade, triste melancolia no fundo dos olhos, mau humor injustificado na mesa do bar.


Cada beijo, outro “bum” (idealizado para ser “prá-pum-tchibumm-crash-bang”) - iria pular em cima dele, iria a talzinha num cruzeiro pra áfrica, iria ele ser sem resposta, sem reação, e iria ela embora, sorrindo de ser exatamente o quanto tinha se apaixonado.




Ele não sabe. Eu mesma não quis dizer, eu mesma deixei e não fui quando ele chamou. Nem agora, apaixonada. Não fui.




Sentiu que teria que esquecer, mesmo antes de ter alguma outra coisa pra lembrar.
E não era agravável. Apenas. Não era.

17 de abr. de 2007

Chateada. Triste. blarght.

Meu Blog está em crise existencial.


Ele desisitiu de dar espaçamentos, quebra de linhas e tal.


Estou sofrendo ainda com isso.... Todos os meus textos antigos se desconfiguraram... E logo eu, que escolho cada formatação e me preocupo com cada vírgula, libriana que sou....


Confesso que detesto a idéia de meus textos expostos e mal formatados. Minhas palavras, cada uma com sua razão de ser... ai... ai...


Se alguém souber alguma coisa sobre isso, help!


Sniff.
Saco.


Não sei.


Tá tudo errado.

Oi.

Testando!
Meu blog rá stressado.

Cansou de mim, eu acho.



Péssima.

11 de abr. de 2007

"... E um pouco mais..."

PARTE V


Falavam constantemente. Tornou-se incontrolável, viciaram-se em gastar palavras por não dizerem nada do que poderiam pensar ou sentir com a presença um do outro. Enchiam-se, bocas e ouvidos - conversas tolas, velhas, conhecidas, repetições - “como vai?”, “vou bem, e você?”, “mas e você, tudo bem?”...
- Planos pra hoje?
- Tenho sim, (...) sair, (...) uns amigos, (...) um bar.
- ...

Pensou em parar de uma vez aquela conversa toda. Gritar, apertá-lo nos braços.

Não queria nada além de você por perto essa noite.
Olhei pro lado e te vi, rindo comigo de tantas outras coisas bobas, de tantas coisas sérias demais e sobre as quais também iríamos rir. Mais do que ver, digo que gostaria que fosse você do meu lado.

Não disse absolutamente nada. No conseguia dormir. No meio da noite, ele ligou.

Qualquer pessoa no mundo que já gostou um pouco de qualquer outra pessoa no mundo conhece a sensação: o sorriso esticado, meio sono/meio sonho, sorriso sonso que vem junto com a ligação às duas da manhã. Perde-se o peso dos ombros, qualquer tristeza, qualquer melancolia. Perde-se quase e tudo, pela eufórica insônia, que é certa de chegar quando for pressionada a tecla end no celular.

Talvez ele também percebesse, talvez ele sentisse. Por um segundo, não havia amigos, nem bar, nem saída. Era ele chamando, era o telefone. Era ela, eufórica e insônica*, abraçando o travesseiro, feliz-triste-pouco-arrependida-mas-ainda-alegre por todo o então chamado juízo que ocasionara seu “não” àquela visita, àquela noite.



*licença, licença. Obrigada.

4 de abr. de 2007

"Pra você..."

PARTE IV


Acontece que nossos planos não são apenas nossos e coisas estranhas e inesperadas também acontecem.


E quando seu caminho não poderia mais ser o dele. Ela o conheceu. Conheceu de um jeito que não se conhece muita gente. Conheceu como não se faz mais hoje em dia.

E aconteceu assim, sim. Por saber impossível, deixou que se aproximasse. Por saber impossível, não teve medo, não teve “cuidado”, não teve calma ou receios. Era impossível e isso já basta como freio.

Dentro da impossibilidade de serem juntos, ela o viu. Numa cruzada ocasional de olhares, sentiu tremer, faltar o ar, sentiu.

Não se sente mais assim. Não se apaixona sem relógios, sem tempo, sem previsão. Não se apaixona sem querer, no meio da noite, de passagem, num mergulho. Ela se apaixonou.
Apaixonou-se pelo impossível por conseguir ver perto demais.

" Andei fazendo planos..."

PARTE III

Ela ia longe, percorrendo outro caminho – oposto ao dele. Contraditório. Nem que fosse tão grave assim ou agradável, mas era seu caminho também e decidiu-se pela licença poética, decidiu-se por aceitar acelerarrr seu ritmo e não desconfundir as idéias, ela não queria clarear nada e não seria nada, ela e esse seu outro caminho, nada além da despretensão de serem nada juntos ou separados, nada além de um filminho sessão da tarde, de um sorriso no meio de um não-relacionamento, que não se relacionava a absolutamente nada.


Confessava e sabia: era a ausência do risco de um amor. Não teria o medo, não teria o vazio. Estaria bem e escondida atrás do não-amor confortável e cômodo nas noites frias.

"Sem querer ..."


PARTE II


Tudo começou muito por acaso. Ela desistiu dele, mesmo antes de qualquer coisa acontecer. Não havia espaço para mensagens não respondidas na sua vida. Se tudo já lhe parecia desfavorável antes, este teria sido o ponto final.

"Mesmo sem motivos, sem sentido..."

PARTE I

“Ele trouxe as estrelas pra dentro da piscina. Ela nadou entre estrelas, banhou-se de céu, e foi feliz...”


Nunca acreditou em amor a primeira vista। Não tinha esse tipo de ilusão.
Acreditava que o amor era uma conquista a longo prazo, fruto da intimidade, da convivência, do carinho. Até mesmo a atração física se relacionaria a isso, tudo dentro de um mesmo grande contexto, onde os amantes conheciam pés, gostos, cheiros... Sabiam um do outro.



Num dia qualquer, se conheceram. O amor não foi bem a primeira vista (terceira ou quarta, talvez...). Ele era confortável aos olhos. Easy to talk to. Algo que ela tentou traduzir como empatia, afinidade, nada mais.


Um outro encontro. Muitos olhares. Um clima também absurdo. Nenhum beijo.



Somos de mundos diferentes. Isso não pode dar certo, loucura minha cogitar. Deixa passar, deixa esquecer, não seremos importantes assim um pro outro. Carência minha, culpa dessa semana difícil... Estado de espírito, deve ser o cansaço. Eduardo e Mônica só rimaram na música, nada mais.


Seria objetiva em seu raciocínio e com seus sentimentos. Ainda assim, não conteve o sorriso quando viu o nome dele do celular...

Ai... ele ligou. Mesmo. Ligou.



Não podia atender, retornou uma hora depois. Nada.

Viu só... passageiro. Não atende, não retorna. Essa hora, coisas novas estão acontecendo, você era uma outra opção. Só isso.

Passaram-se dias, noites, mais uma semana sem ele existir em seus pensamentos, exceto pela vaga lembrança de uma noite engraçada.

Num outro dia, uma mensagem. Inesperada e doce. Ela riu outra vez, pesando que talvez algum dia pudessem se conhecer melhor. Talvez no futuro, quem sabe. Não conseguiu explicar, mas ele tinha algo que a agradava e outro algo que fazia sorrir seu coração.

Respondeu a mensagem. Depois disso, apenas um eco... O vazio das perguntas não respondidas.