27 de dez. de 2017

"Eu sei também tem gente me enganando, mas que bobagem, já é tempo de crescer..."

Sobre Ela. 


Ela já me trouxe muitas coisas...

Tanta raiva me deu, esta Senhora. Ira, até, se posso dizer... E Dor, disposta de um jeito que a Dor não se deveria dispor. 

Dor assim, com D maiusculo, para não se menosprezar, para não subestimar.

Dor da que não desejo a ninguém, nem mesmo a ela. Mesmo com a raiva, mesmo com a angústia.

Trouxe ainda toda essa indignação. Muita, bastante... 

Como é possível? Não entendo. Tão contraditória, tão oposta à tudo que é isso... Então, por um "suposto amor" se pode tudo? Uma "paixão"? Vamos ignorar outras mulheres, suas estórias (desconhecidas) de vida, o quilo de sal que já comeram, cada pedra que enfrentaram no caminho, todos os leões que encararam, cada medo e dificuldade que fitaram, sem piscar, sem desviar.... Vamos chamar de falsas as suas versões? 

Que maior violência contra a mulher do que aquela que cometemos, conscientes, contra as que cruzam nosso caminho?

Ser contra essa violência é muito mais... É pisar cada passo com responsabilidade, considerando a "outra" sem competir, sem diminuir e, especialmente, sem a violentar e/ou humilhar com o menor dos nossos gestos.

Cada um de nós escolhe por onde seguir, que papel interpretar. Não somos responsáveis pelo papel do outro. Não nos isentamos da responsabilidade do papel que escolhemos representar. Fora da adolescência, não somos vítimas do nosso querer, nem objeto do querer do outro. 

Faço a minha parte: desde que esta Senhora entrou na minha vida, peso todos os meus pensamentos sobre ela.

Não sou perfeita. Senti muita raiva. Ira, até. Mas especialmente, senti indignação. Por tanta incoerência. Por todo descaso que me deferiu - a mim: a mulher, a mãe, a estória: desconhecida (mas nem tão incomum, mas nem tão alheia...).

Desde que está Senhora entrou na minha vida, peso todos os meus pensamentos sobre ela.

E procuro vê-la além de suas imperfeições. E sinto muito por todo mal que ela me causou. Ela. Que ela causou, por ser quem aparentemente é, e ter as atitudes que teve. Ela, por dizer o que aparentemente diz, pela maternidade, pelas amizades, pela estória do amor que acabou, pelos leões que supostamente matou, pela dita não violência. 

Pessoas assim nos fazem questionar sobre esperança, sobre confiança, até sobre amor. 

Mas vigio os meus pensamentos e palavras sobre ela.

Não vou pagar na mesma moeda. Não é olho por olho. Não me autorizo isso. Sou mesmo contra a violência. 

De mim, terá apenas a triste constatação da sua fraqueza. Porque um "suposto" amor não justifica tudo. Imagine menos. Tão menos... Porque atitudes pode negar todos os nossos discursos bonitinhos.

De mim, terá apenas o sincero desejo que a sua vida seja melhor. Para que não precise mais machucar ninguém, pra que possa ser alguém melhor pro mundo...

Feliz aniversário pra você! Não te dou meu ódio, não te dou minha raiva, minha dor, ou qualquer ressentimento. Todos eles se foram, ainda bem!

Deixo que cultive e colha suas próprias sementes, suas responsabilidades e consequências, como qualquer uma de nós pode fazer. 

Não desejo mal, não farei o mal... Posso dizer que te dou apenas isso: o desatar do nosso nó, a liberdade de seguir, desvinculada de mim, fora da minha estória, fora do meu alvo, do meu mal dizer... 

Siga em paz, se for de paz o seu caminho. Ou apenas siga... E leve seu rastro, seu lastro, seus restos. De você, não quero nada: absolutamente nada, além desse laço solto, do desatar, do fim do nós. 


Ah, e não se confunda comigo. Que possamos descruzar nossos caminhos. Simples assim.


Fonte da Foto: Disponível em: http://hospitalhacos.blogspot.com.br/2013/08/conheca-os-22-habitos-de-pessoas-felizes.html. 

22 de dez. de 2017

"Well, just wake up, kiss that good life goodbye..."


Vamos brincar de gangorra?

Com três impulsos te jogo no alto, mas não esqueça, podemos cair...

E esse gosto amargo da sua distância apaga dos meus lábios o beijo interminado de ontem... Beijo de despedida e eu nem sabia, beijava eu, desavisada, porque nunca sabemos exatamente qual dos beijos pode ser o último e talvez por isso eu beije cada um com tanta intensidade...

Já estive pronta pra ir, se é que se apronta pra isso... Já estive pronta pra ir embora, tão rápido quanto para irmos à Paris, ou ao Capão, ou para passar o Reveillon num beijo, ali na esquina, logo mais.

Já estive pronta pra ir, pois o meu coração  acelera, mas não arreia as malas onde não vê repouso, não finca os pés em terra que não seja fértil, não se permite amar sem a profundidade toda do oceano no olhar, e fica atento aos suspiros do verão.

Já estive pronta pra ir, mas você preferiu não deixar - e nunca saberei bem a verdade - se por capricho, por vontade, se só pra saber se eu ficaria, se pra saber se eu encaixava ali, entre as suas coisas mais preciosas, ou se caberia em alguma estante, alguma vitrine, algum canto especial que usamos para aquecer a alma em noites frias, ou pra tornar mais quente as noites quentes.

E esse gosto amargo da sua distância retira, lentamente, os véus singelos da paixão, põe abaixo a doçura de encantamentos, derrubando nossas noites com uma onda inesperada de informações, de testes, de percepções, de dados, de tudo aquilo que não se pede (até se nega!), quando a doçura é a dos encantamentos...

Não estava pronta agora, ainda arrematada pelo último beijo; não estava pronta agora, quando suas palavras se confundiam com acalanto; não estava pronta agora, quando o dia clareou entre nós e nossas horas continuavam as mais longas e quando toda a guarda te abria espaço pra me povoar, como em um jogo qualquer de conquistar territórios... Como quando os soldados desistem de guerrear.

Não estava pronta agora, mas com o amanhecer do dia, é o que era: um novo sol, uma nova manhã, e todo o carinho a ser embrulhado, guardado cuidadosamente em sua caixa de memórias, junto com as lembranças que não iria misturar nessa lama do agora, que seja lá porque afogava a tudo...

Guardaria longe as suas noites, as palavras, guardaria longe cada beijo, cada sensação. Guardaria longe toda a coragem de aproximar, de ser vista, de não esconder seus medos e estórias, de confessar seus medos e estórias, de se deixar seduzir. Guardaria.

O sol nascia, então. E terminava ali a noite passada.

Sentiu uma lágrima escorrendo, quente, pelo canto do olho. Queria um beijo, pra amparar...

Mas o sol nascia, então. E terminava, ali, a noite passada.