
Tinha uma barbie no outdoor. Olhei e vi exatamente a bonequinha da estante, na caixa da loja, três meses depois do aniversário.
– Filhinha, porque não desembrulha? (Usa, brinca, troca as roupas, penteia o cabelo? Porque não muda o vestido que veio?)
Barbie me olha e sorri: sorriso perfeito, muito bem colocado. Apropriado. Brilhante. Os olhos azuis combinam com a cor escolhida pra camisa (olha só, quem quero enganar? Aqueles olhos azuis combinariam com qualquer camisa, com qualquer cor...). Os cabelos, dourados, parecem desenhados, simetricamente calculados, para fazer a ondinha da ponta, recair sobre o rosto, aparados, sem muito cobrir, ângulo exato pra destacar sabe se lá o que. Qualquer coisa, né, eu diria (irônica? Talvez...).
Brincos de brilhante e anel (sim, barbie usa anel!), pra complementar, compor a boneca que guardava na caixa, na estante.
E (vejam só) eu que sempre quis “barbeiar“ por aí, vestir um longo, salto alto, ter trinta e cinco vestidos e carro rosa conversível, namorar o Ken e nunca, nunca assanhar o cabelo (quem sabe estrelar no outdoor da semana) – me contento em ser Emilia, farrapos, sandálias e tiras, louquinha, destrambelhada (desastrada!). Muito, muito chata. E obviamente, falante. Bem o contrário da maioria das barbies que conheço, prefiro beijar os sapos, a engoli-los (hehe...).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E se o dito te inspirar a dizer, estou aqui.