11 de jul. de 2007

A little bit Alice.



Goodbye.
Ela saiu de casa e deixou a porta aberta. Não tinha a intenção de voltar. Portanto, não faria diferença. Não queria sentimentos. Não queria ouvir a porta fechando, ou sentir o vento frio em suas costas.

Ela preferia partir. Dentre todas as escolhas, dentre as opções, resolveu sair pela porta e não voltar mais.
Ligou catorze vezes. Ele tentou inutilmente localizá-la entre as roupas no armário, entre os lençóis da cama, perdida entre algum antigo DVD, pelas fotos do computador. Em vão. Ela partiu. Ele partiu também, ao tempo que sentia a dor no peito que fez absolutamente tudo pra evitar sentir algum dia, alguma outra vez.

Queriam a formula para esquecer um do outro. Gotas, comprimidos, um xarope colorido com groselha. Qualquer antídoto contra a saudade, contra o abismo imenso entre os quinze minutos logo antes de dormir e os cinco primeiros minutos ao acordar, qualquer coisa eficaz contra a garganta seca de quando abraçavam o travesseiro ou lembravam do perfume. Contra o vazio.

Remédio mesmo, só o tempo - pensou. E enquanto pensava, detestava o tempo. Tic-tac que a ninava todas as noites, tic-tac da noite que não passa, tic-tac do dia que não chega, tic-tac do não saber o que fazer com todas aquelas horas sem amor, sem as risadas soltas no meio do minutos, involuntárias, inexplicáveis, de paixão. Sem as suas risadas que eram dele. Sem a sua “ela” que era dele.
Ele queria ser apenas dele mesmo. Mas ela não queria ser tanto só pra si mesma.
Trágico fim de um beijo sabor chiclete.