
Era uma vez uma menininha. Ela tinha um coração bom, mas gostava de brincar com fitas coloridas (sem saber bem o porquê, inclusive) e por isso, às vezes, as fitas se enrolavam, davam nós, laços, formavam correntinhas rosas, azuis, verdes, amarelas... é, uma menina de bom coração que gostava de dançar com fitas coloridas e as fitas se prendiam no caminho e a menina se prendia no caminho, nos galhos, pelas grades dos portões que ela não deseja entrar. Às vezes, fitas se confundiam com cordas, e a menina era arrastada por trilhas que desejava menos ainda. Cordas sabem apertar.
A menina tem um bom coração, mas desconhece as vontades. Ela escolhe muito pouco e assim, os caminhos vão escolhendo ela. Fitas-cordas a esticam por desejos alheios – fitam tapam seus lábios, cordas tocam, desafinadas, melodias desconhecidas.
Outra fita, amarela, tapa seus olhos de menina. Uma rosa, prende às costas suas mãos. Tudo por que ela mesma gostava de brincar com seus laços (sem saber bem o porquê, inclusive).
No meio da lagoa tinha o sapo celular. O sapo gritava incessante (coaxava, parece), toda a vez que a menina fugia de medo. Ela, pequena, amarela, se escondia bem no fundo da caverna, tapava forte os ouvidos (se não fosse o eco!), entupia os ouvidos com fitas quadriculadas.
Algumas vezes tinha fome, então comia amoras encantadas, que lhe tiravam a voz e o sono. E as vezes, para conseguir locomover-se, a menina virava peixe, e seguia com a correnteza...
A menininha não respondia aos berros do celular-sapo (aquele mesmo, que queria ser um príncipe), nem aos bips/sorrisos do MSN, nem a quase, quase nada – todos estavam do outro lado do aquário e ela vivia bem dentro dele.
Não é por mal, acreditem. A menina tem um bom coração. Acontece que, às vezes, as paredes do aquário são largas demais. As fitas são longas demais. Ela se perde um pouco longe demais. E tudo, tudo toca. Menos ela?
Eu entendo.
ResponderExcluirNão é? ❤️
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