28 de dez. de 2006

"Há algo que jamais se esclareceu... onde foi exatamente que larguei, aquele dia mesmo, o leão que sempre cavalguei?"

Na estrada.





Passou a mão na garganta, acariciando o pescoço e implorando qualquer nova vibração, qualquer nota, a emissão de uma palavrinha sequer que soasse inteligível na frustrante e simplória língua dos homens.


Parou a mão na testa, como se seus dedos pudessem cavar idéias, desamarrar os pensamentos, trazer alguma paz. Nada.


Em vão cada tentativa – só o silêncio (peito apertado, cabeça girando, olhos mareados, ar que não entra, som que não sai), tumulto pouco saudável entre a dor e o desejável, arrependimento, mágoa, raiva martelando... e o ar não entra, e o som não sai.


Talvez... talvez devesse ter gritado. Talvez beijado. Talvez partido. Mas nada restou, palavras sobrepostas e sem sentido, lembranças cortadas de um monólogo esquecido - só o silêncio incontrolado, incontrolável, dessa grande confusão de tudo que não foram, ou eram.



"Não sei o que em mim

só quer me lembrar

que um dia o céu reuniu-se a terra num instante por nós dois..."

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