13 de jul. de 2018

..."Um pouco antes desse amanhecer, naquele instante em que acordei pra ver"...




Espera, um momento.

Deixa o dia começar, deixa o sol chegar, esquentar, deixa o hora, o sorriso, deixa o vento bater, o abrir da janela, deixa, deixa, eu virar pro outro lado e te ver...

Deixa a calma, deixa a alma preencher os segundos parados, os minutos que congelam naqueles segundo de trás....

Deixa o beijo... Um momento. Não chama, não pede, não tenta.... Deixa o espaço entre o vão e a palavra. 
Entre a palavra e a coisa, entre a coisa e o vão...  
Deixa eu te ver, deixa sentir...

Deixa a tua presença preencher os cantos, os contos, todos os sons do nosso amor... Deixa que cada nó se faça, e se desfaça entre nós.

Porque é assim que se chama, porque assim a chama, porque é assim que chamo, só pra mim... Amor. 





Foto: http://www.pranazen.com/mantenha-a-calma/

"... Parece que o coração carece e diz: ‘Para!’ silencia, se embrulha e se embaralha... "




Porque podemos parecer Fortaleza.
Escudo de aço, armadura impenetrável... Porque é possível calar, controlar qualquer som ou gemido, todo grito.
Porque podemos segurar o choro. Impedir que a lágrima chegue a cair, ou que essa mesma lágrima se forme, no canto do olho.

Porque podemos parecer Fortaleza.
Velha máquina 'descabeada' e sem wifi... Porque é possível bloquear, desviar toda fonte ou acessos, toda conexão. 
Porque podemos desligar a tomada.
Impedir que a mensagem se torne nuvem, ou que a ideia se torne mensagem, pelos teclados de um celular qualquer. 

Porque podemos parecer Fortaleza. 
Blindar o corpo, o olhar, ou mesmo o ar que nos circula naquele mísero instante.
Podemos parecer tanto, tão bem e convencidamente.
Podemos até acreditar, ou deixar que acreditem.
Podemos tudo isso, até mais.
Podemos.

E ainda assim, quase que óbvio, quase clichê: nem tudo que parece, nem tudo que se vê, é exatamente o que demonstra ser...

(Se a ideia era suportar de tudo, que bom já não dá mais. 
Se tudo que se arremessa fosse paz, não precisaria (pare) ser fortaleza...)

“These are the days it never rains but it pours”




Um dia de sol no meio da chuva,

Gotas de orvalho num dia de sol.

Todo o belo, doce, todo o sutil...

Furacão, granizo, terremoto, avalanche. Todos lindamente inesperados, imprevistos nos radares das brisas mal interpretadas, das nuvens de chuva mal lidas, dos tremores imperceptíveis.

O que pensa? O que responde que não seja dor, o que esconde que não seja o mesmo, o que propaga que não seja tão, simplesmente, inapagável?

Procure as respostas que ficaram faltando, procuro o diálogo que não aconteceu.

Deixe de fora todos os sem sentido do formato, abandono as antigas formas de sentir.

Lembre de cada flor ou pedra do caminho, tento não tropeçar pelos abismos que cruzam meus pés.

Tão tolos, tão perdidos...

Como se a escuridão de antes não fosse suficiente, como se os dias frios, as noites vãs, as ausências, a morte...

A morte que espreita aquele lado vazio, ou embaixo da cama, e que já levou o sono alguma vez.

Naturalmente...

Como um dia de sol no meio da chuva, gostas de orvalho num dia de sol. 





Foto: https://www.hellorf.com/video/28311832/similar