2 de fev. de 2007

"...Eu vou ficar são..." - Mas a vontade era apenas enlouquecer.

Ele queria medidas exatas. Queria cálculos e números exatos que explicassem a intensidade das coisas. Ela desconhecia dos índices e não entendia os critérios de aprovação ou reprovação dele.
É que às vezes, os sentimentos a enroscavam, como torrente - adorava cantar palavras como se chovessem, como a água correndo no rio, sem freios, sem medos, sem padrões... Falava demais e descontroladamente. Faltavam beijos para impedi-la de continuar....

Teve certeza que tantas palavras seriam indigestas, em algum ponto. Não pelas palavras em si, não era isso. O problema era a falta do silêncio deles próprios.
Como explicar?

Tanto tempo e todos os diálogos se tornaram desproporcionais a tão pouco contato. Na medida em que se aproximavam com palavras e contavam suas estórias, foram deixando de viver para descobrir como seriam – não em tese, mas no dia a dia, na troca do café da manhã pelo beijo, no abraço apertado e inesperado, na briga, na raiva, na saudade. No amor e no silêncio.

Contentaram-se apenas com que era permitido ter um do outro: palavras soltas em telefonemas intermináveis. Disfarçavam e fingiam não ver o vazio pela ausência um do outro.

Não queria saber sobre as noticias do jornal. Tampouco queria falar sobre o calor da cidade, sobre o engarrafamento, sobre seus intermináveis erros no relacionamento anterior... Mas falava. Já nem eram as palavras, elas sequer importavam. Era o contato. “Melhor que nada”, pensou. Melhor que ter apenas a saudade.

Desejava apenas a chance de cometer novos erros, novos acertos. De provar tudo de novo que gostaria de tentar – de dividir com ele aquele aperto, de mostrá-lo tudo que não saberia dizer – a saudade, o ódio, o carinho...

Queria o abraço calado: encontrá-lo no meio do caminho, de um jeito que não pudesse fugir, nem dele, nem de si mesma.

Nada mais de lutas, nada mais de “nãos”, queria tudo de uma forma tão irresistível que ela não saberia como recusar. Perdoaria. Esqueceria. Ririam depois, como fizeram antes.

Ele queria medidas exatas. Tinha fôrmas certas e emolduradas. (Ela não se encaixava mais. Acredito que ela nunca se encaixou...).

Ainda assim, por um segundo, ele soube traduzir o silêncio do coração dela. Ainda assim, por um segundo, ele entendeu, e sussurrou sobre a saudade, sobre a espera, sobre a ausência, sobre a tristeza que ela sentira. Ele leu seus olhos a distância.
Pena que só por um segundo.
Pena que ele não correu até ali.

- Medidas exatas jamais mediriam o buraco em seu coração.

8 comentários:

  1. Liana, adoro o jeito que vc escreve!!!

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  2. Anônimo1:39 AM

    Bela garota, bela poesia... versos ricos em sentimentos puros vindos diretamente do coração... traz consigo também decepções passadas e esperança no futuro próximo o grande amor tão esperado... quem sabe o amor não estás do outro lado do monitor escrevendo agora? A vida também pode ser "simples assim", mas sempre achamos de criar empecilhos no caminho da felicidade... Um grande beijo!

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  3. Hum... Quem é você??? rs...

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  4. Anônimo4:23 PM

    Eu sou o seu mais novo fã (devem ser muitos)... Mas não sou apenas mais um fã, e sim um cara que estás em busca do seu grande amor... e nessa busca sem fim adquiri cicatrizes profundas por achar que era a pessoa certa e me "jogar de cabeça"... Tomei muita porrada, meu coração apanhou muito, mas acredito que o amor ainda é importante na nossa vida... O amor vem sendo "enterrado" pela humanidade e não podemos deixar que isso aconteça... Por isso estou aqui, pois encontro um amor puro e sincero até no seu nome (Oliva)... Você é uma garota sensacional, tenho certeza, embora não a conheça pessoalmente ainda... Eu quero te roubar pra mim! Posso??

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  5. Anônimo2:51 AM

    Kd vc minha bela garota??? Estou à espera de um novo texto seu... Já li todos os seus textos e confesso que me encantei ainda mais a medida que lia linha após linha... Te desejo uma ótima semana!!! Beijos!!!

    PS: "De qualquer jeito seu sorriso vai ser meu raio de sol..."

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. com um texto tão bom quanto este só me resta lhe dar abraços, beijos e língua... sem uma palavra sequer. sem a saudade senão para ser morta no segundo seguinte. Não sou o anônimo (apesar de aqui ser). beijos e beijos

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  8. Anônimo11:39 AM

    Para quem nao a conhece indico que a assista em suas ricas palestra. Acabei de assistir uma. Na FTC parabens Liana pelo seu conhecimento e profissionalismo.

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E se o dito te inspirar a dizer, estou aqui.