
Ele
Um raio.
Decidiu num raio.
Após outras noites, também anoiteceu
Estabeleceu suas metas num traçado preciso
sem margens recortadas
sem páginas em branco
de caneta preta, ferro, fogo, sem borracha
traçou seus passos na maior escala
nesse mapa que guardou no bolso.
Já bolado e prático o esquema
saiu sozinho pelo lado da cama
despediu-se com um beijo qualquer
e foi sem deixar notícia
sem prévia, e sem aviso.
Quando já tinha dado como certo seu caminho
foi bem no meio do mapa,
uma curva.
Esgueirava esse rio, enchente de lágrimas
sufocando seus planos,
esgotando toda e qualquer paciência.
Escorregou na culpa,
entre cartões e presentes
entre trezentas e repetitivas ligações
era ela e um coração derramado
com olhinhos pequenos de esperança
A segurou nos braços, enfim,
e pensou mesmo em perder seu mapa
em mudar seu rumo,
selar novo beijo,
escrever outra estória.
Pobres e pequenos pensamentos
se desfizeram em marca antiga
de vozes e fantasmas que carregava
de memórias e gestos
somados a intensa complexidade
de todo mal entendido que era ela.
Pelas frestas, escorreram seus planos
esperanças, desejos,
pelas frestas de uma porta trancada
ela e seus choques se dissolviam.
E do outro lado,
olhos castanhos miravam na fechadura.
Ela.
Viu por fim sua dor, seus medos,
sua raiva, angústia tanta,
viu restos de sonho, adormecidos,
viu tantas outras portas fechadas e cofres lacrados com cadeados
Ela viu de um tudo, mas procurava, em vão.
Não havia.
O amor.
Foto: http://dualidadeondulatoriacorpuscular.blogspot.com/2008_10_01_archive.html
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