25 de abr. de 2009

Dualidade - Parte I



Ela

Ela caminhava triste, pequenas curvas na testa.
Nuvem cinza pesando os ombros.
Assim, clichê,
ele veio com o sol e a fez rir.
Tornou-se sua luzinha favorita, tilintando,
da qual não conseguia, sem porquê, se afastar.
E ela apegou-se tanto e rápido, que mesmo sozinha,
já contava das estrelas no céu,
esqueceu da nuvem, da tristeza.

Selaram seus sonhos num beijo,
selaram seus beijos na chuva e no sol,
numa praia deserta, no mergulho mais fundo, no mar.

Ela caminhava e não ia só.
Em suas mãos, outras mãos
em outras mãos, esperança.
Seguiam juntos, num balanço novo
na sintonia única dos olhos que brilham
- juntos.

Até que assim, sem saber como ou porquê,
ela correu. (ops, outra vez...)
Correu e perdeu-se
entre malas e salas,
entre viagem, bagagens,
perdeu-se entre férias, diárias
ela perdeu-se em suas próprias (e assassinas) rimas.

Pois foi neste outro dia, acordou sem ele.
Seu pé procurou em vão
pelos lençóis
e a garganta fechou, sem voz.
Perguntou.
E veio a resposta, trovoada no centro da manhã.
Enquanto as palavras lhe faltaram,
percebia palavras virarem lágrimas
lágrimas excessivas, exaustivas, derramando
que seguiam nesse rio
navegando longe.

Tentou respirar, por lágrimas de volta em palavras,
por palavras cadenciadas em papel,
tentou segurá-lo um pouco mais,
respirá-lo dentro da sua mais completa falta.
Sentia embolar no nó da dor do amor que vai.

Foi quando suspirou,
e ainda triste o viu voltar
sem flores, calado
sentou do seu lado
e concordou.

Ela pôs vestido novo, amarrou o cabelo
perfume de rosa, batom de jasmim
ela o desejou de tanto!
Foi que a ausência dele a perfurou de saudade.
Ela desejou bebê-lo em longos goles
e notou que ele esvaia,
estranha a água que evapora
antes de lhe tocar a garganta.

Rondou o travesseiro por seus cheiros
apertou forte seu corpo deitado,
mas já não havia cheiro,
nem corpo
já não havia “te amos” de manhã
ou recados em canção
já não havia olhos apaixonados
ou saudade apertada
já não a via,
nem havia
amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E se o dito te inspirar a dizer, estou aqui.