10 de jan. de 2009

E outra versão do começo.

Começou ali.

Pensou. Ou ele disse?
Não importa. O fato é que começou ali, naquele sofá. Ela entregou o livro para que ele passasse o tempo, esquecendo dos ares quase-que-bem-que pornográficos de um ou outro conto.

Ele gostou. A cena nunca mais repetiu, como tinham tantas vezes imaginado, mas naquele dia, aquela cena, ele lia, sorrindo.


Começou ali, portanto, o livro e seu autor como uma espécie de padrinho de um beijo que poderia, de um amor que poderia, de tudo que foi e agora acabou.

Achou engraçado, quando, fuçando as coisas durante a sua própria fossa, achou trechos dele, espalhados, contando sua dor. Era como se o autor estivesse ali, agora, no sofá do seu lado, revoltado pelo fim do relacionamento que tinha tido o gosto de abençoar.

Em sua homenagem, portanto, ou usando disso como desculpa para valer-se das palavras do autor, para extravasar seu instante, copiou, incansável, as palavras que lhe dizia.

Overdose daquele que seria, para sempre, seu melhor padrinho.

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