
Não era uma tempestade, era apenas vento. Entretanto, batia de tal forma as janelas, que seu coração disparava de medo. Vento de inverno e lua cheia. Ele parecia irritado aquela noite, era uma noite de coisas estranhas. Ainda acordada às cinco da manhã, após incalculáveis tentativas de dormir, após abrir e fechar mais de dez vezes o computador, finalmente, desistiu. Ficaria acordada até clarear, esperaria a manhã, quando tomaria um café, seguiria para o trabalho.
Seu coração não aquietava.
Mais cedo, dirigia perto do farol e um vento estupidamente voraz sacudiu as pessoas na rua. Sentiu o próprio carro desequilibrar no asfalto, ouviu um estrondo, percebeu expressões tão pasmas quanto a dela vindas pelo lado de fora. Continuou sua rota, e mais a frente um curto-circuito em um poste – apagam-se as luzes por toda a rua, por outras ruas vizinhas, apagam-se as luzes em seu trajeto. Achou esquisito, e se assustou um pouco mais, mas ainda não havia medo.
Um menino chorando na escada do supermercado. Seu medo foi menor que a correspondência. Perguntou. Ele tinha sido agredido por outro passante, com quem cruzara instantes antes – negro alto e forte, com expressão tão pesada quanto a energia a sua volta. O menino foi apunhalado por uma lata de óleo, nas costas. Ela não sabia o que ele tinha feito. Não sabia se tinha feito alguma coisa. Era muito magro e não passava de um metro. Franzino. Devia ter dez anos. Quis abraçá-lo e dizer que a dor ia passar, mas apenas chamou o segurança. e falou duramente seu advoguês. Foi embora pensando em que tipo de ser humano se tornou. O que o mundo fez dela? O que fizera de si mesma? Entristeceu. Algo era maior que a compaixão. Perguntou-se se era medo.
Seguia a noite, acendeu um cigarro. Pegou uma taça, bebeu um pouco. Não costumava fumar. Concentrou-se na fumaça. Tentou tragar. Achou que era em vão. Não controlaria os ares aquela noite.
Voltou pra casa. O vento não a poupou. Nem um pouco. Nem por instantes. Ele brigava com as janelas e derrubava coisas. Despertava ruídos. Sentiu medo. Medo das coisas que não se explica. Quis pegar o telefone, ligar. Não o fez. Era seu ritual de passagem para vida adulta, quando agüentaria sem quebrar, nas ventanias e tempestades.
Não resistiu, acendeu as luzes. Ainda não conseguia enxergar. Rezou. Lembrou do protagonista do filme. O que afastou a mulher invisível escrevendo sobre ela. Pegou de volta o computador. Desatou em palavras, na esperança de afastar seus fantasmas e retomar seu sossego. Ah, era estranha a noite.
Seu coração não aquietava.
Mais cedo, dirigia perto do farol e um vento estupidamente voraz sacudiu as pessoas na rua. Sentiu o próprio carro desequilibrar no asfalto, ouviu um estrondo, percebeu expressões tão pasmas quanto a dela vindas pelo lado de fora. Continuou sua rota, e mais a frente um curto-circuito em um poste – apagam-se as luzes por toda a rua, por outras ruas vizinhas, apagam-se as luzes em seu trajeto. Achou esquisito, e se assustou um pouco mais, mas ainda não havia medo.
Um menino chorando na escada do supermercado. Seu medo foi menor que a correspondência. Perguntou. Ele tinha sido agredido por outro passante, com quem cruzara instantes antes – negro alto e forte, com expressão tão pesada quanto a energia a sua volta. O menino foi apunhalado por uma lata de óleo, nas costas. Ela não sabia o que ele tinha feito. Não sabia se tinha feito alguma coisa. Era muito magro e não passava de um metro. Franzino. Devia ter dez anos. Quis abraçá-lo e dizer que a dor ia passar, mas apenas chamou o segurança. e falou duramente seu advoguês. Foi embora pensando em que tipo de ser humano se tornou. O que o mundo fez dela? O que fizera de si mesma? Entristeceu. Algo era maior que a compaixão. Perguntou-se se era medo.
Seguia a noite, acendeu um cigarro. Pegou uma taça, bebeu um pouco. Não costumava fumar. Concentrou-se na fumaça. Tentou tragar. Achou que era em vão. Não controlaria os ares aquela noite.
Voltou pra casa. O vento não a poupou. Nem um pouco. Nem por instantes. Ele brigava com as janelas e derrubava coisas. Despertava ruídos. Sentiu medo. Medo das coisas que não se explica. Quis pegar o telefone, ligar. Não o fez. Era seu ritual de passagem para vida adulta, quando agüentaria sem quebrar, nas ventanias e tempestades.
Não resistiu, acendeu as luzes. Ainda não conseguia enxergar. Rezou. Lembrou do protagonista do filme. O que afastou a mulher invisível escrevendo sobre ela. Pegou de volta o computador. Desatou em palavras, na esperança de afastar seus fantasmas e retomar seu sossego. Ah, era estranha a noite.
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