9 de jan. de 2014

Porque Sim.


Nem ia falar em saudade.

Não que não sentisse. Desde a hora que ele saiu pela porta, era saudade. Quando arrumou a cama de manhã, quando recolheu as taças, quando trocava de roupa: saudade.

Entendeu que a saudade não era pela distância ou pelo tempo. Era saudade trazida pela ausência do recente, do novo... dele. Curioso, porque disseram que pra sentir saudade é preciso de tempo, mas o tempo mal havia passado, e era saudade, presente.

Ainda assim, escolheu que não, nada de falar em saudade. Preferiu guardar a palavra, como quem finge não a conhecer, esconder dos lábios e dos teclados, fixar apenas nessas outras tantas sensações que a percorriam sem qualquer licença.

Das palavras dele, uma frase: “você tá bem?” Ele perguntava como quem queria ver atrás de cada pensamento. Como aquela amiga que escreveu pela manhã: “manda notícias sinceras de você”.

E como estava, sinceramente?

Sentiu certo receio de contar sobre tudo mais o que sentia, sobre cada pedacinho... Receio de assustar, já que estava, ela própria, assustada – ao notar que responder “bem” era pouco (tão pouco!), ver que sentia essa paz, e a alegria...

Sim, tudo vem no seu tempo; sim, a saudade estava e estaria à espreita; sim, não queria pressa, atropelos, ansiedade. Mas, sim, esse era um dia daqueles em que tudo de bom se sente um pouco mais, e decidiu aproveitar. Deliciar-se no êxtase que vinha de cada notícia dele, do coração acelerado, do gosto do beijo em sua boca.

Se devemos permitir quinze minutos por dia para a tristeza, ela deixaria vários outros intervalos para a paixão.

E porque não?

Afinal, ela estava bem.   


Crédito da foto: http://www.mensagenscomamor.com/frases_de_saudades.htm

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