Nem ia falar em saudade.
Não que não sentisse. Desde a
hora que ele saiu pela porta, era saudade. Quando arrumou a cama de manhã,
quando recolheu as taças, quando trocava de roupa: saudade.
Entendeu que a saudade não era
pela distância ou pelo tempo. Era saudade trazida pela ausência do
recente, do novo... dele. Curioso, porque disseram que pra sentir saudade é
preciso de tempo, mas o tempo mal havia passado, e era saudade, presente.
Ainda assim, escolheu que não, nada de falar em saudade. Preferiu guardar a palavra, como quem finge não a conhecer,
esconder dos lábios e dos teclados, fixar apenas nessas outras tantas
sensações que a percorriam sem qualquer licença.
Das palavras dele, uma frase: “você
tá bem?” Ele perguntava como quem queria ver atrás de cada
pensamento. Como aquela amiga que escreveu pela manhã: “manda notícias sinceras
de você”.
E como estava, sinceramente?
Sentiu certo receio de contar sobre tudo mais o que sentia, sobre cada pedacinho... Receio de
assustar, já que estava, ela própria, assustada – ao notar que responder “bem” era
pouco (tão pouco!), ver que sentia essa paz, e a alegria...
Sim, tudo vem no seu tempo; sim,
a saudade estava e estaria à espreita; sim, não queria pressa, atropelos,
ansiedade. Mas, sim, esse era um dia daqueles em que tudo de bom se sente um
pouco mais, e decidiu aproveitar. Deliciar-se no êxtase que vinha de cada
notícia dele, do coração acelerado, do gosto do beijo em sua boca.
Se devemos permitir quinze
minutos por dia para a tristeza, ela deixaria vários outros intervalos para a paixão.
E porque não?
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