25 de dez. de 2020

“Que recolhe todo o sentimento, e bota no corpo uma outra vez”



E se apaixonou novamente.

Quando já era impossível, foi possível em seus lábios: num beijo quente, lento, demorado, veio a paixão e a tomou nos braços, embalou seu corpo, afogou tudo que era e emergiu com a intensidade de um novo amor, mas sabor conhecido de dias passados, das memórias, das histórias. Era paixão, da que arrebata. Da indefinível, intensa, da que segue na roupa, no corpo, nos cheiros, da que você tenta desviar, burlar pensamentos, escapar... mas termina sem rédeas, envolta, a galopes.

Saudade que tinha de sentir tanta vida, dessa enchente, do vulcão, de tudo que ascende, queima, mas alaga, por ser chama e correnteza, por ser como o próprio sangue e ainda mais que o próprio sangue, por envolver dentro, por reverberar fora: pele - vibração, que te leva tudo e circula e te circula - ah, paixão.

Eram só desejo, em cada inalação. Era entrega, êxtase, calmaria e então êxtase, apenas êxtase, uma outra vez... E incendiaram as palavras. E afogaram pensamentos. E ficaram atentos, juntos, dentro e fora de si mesmos. Eram só desejo. E era tudo, simplesmente.




Foto: https://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/26/molecula-do-beijo-pode-levar-a-droga-para-aumentar-o-desejo/

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