Quando já era impossível, foi possível em seus lábios: num beijo
quente, lento, demorado, veio a paixão e a tomou nos braços, embalou seu corpo,
afogou tudo que era e emergiu com a intensidade de um novo amor, mas sabor
conhecido de dias passados, das memórias, das histórias. Era paixão, da que
arrebata. Da indefinível, intensa, da que segue na roupa, no corpo, nos
cheiros, da que você tenta desviar, burlar pensamentos, escapar... mas termina
sem rédeas, envolta, a galopes.
Saudade que tinha de sentir tanta vida, dessa enchente, do
vulcão, de tudo que ascende, queima, mas alaga, por ser chama e correnteza, por
ser como o próprio sangue e ainda mais que o próprio sangue, por envolver
dentro, por reverberar fora: pele - vibração, que te leva tudo e circula e te
circula - ah, paixão.
Eram só desejo, em cada inalação. Era entrega, êxtase, calmaria e então êxtase, apenas êxtase, uma outra vez... E incendiaram as palavras. E afogaram pensamentos. E ficaram atentos, juntos, dentro e fora de si mesmos. Eram só desejo. E era tudo, simplesmente.
Foto: https://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br/2018/01/26/molecula-do-beijo-pode-levar-a-droga-para-aumentar-o-desejo/
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