Não lembrava de desculpas antes.
A sensação era justamente essa, nenhum pedido de desculpas, apesar das gentilezas e delicadezas, como resultado de qualquer briga ou conflito, vinham análises e ponderações, mas nenhum reconhecimento concreto de um erro, que se mostrasse forte o suficiente para justificar: “me desculpe”.
Seria assim agora também?
No lugar de um olhar sincero de empatia, de alguma autocrítica, do saber o quanto maltratou o outro, independente do outro, independente do erro do outro, da imperfeição do outro, da falta do outro... Saber o quanto machucou, por si mesmo: por suas falhas, suas faltas, suas imperfeições, e pensar que poderia ter escolhido um outro meio, pensar que se fosse hoje, faria diferente. Sentir na pele: “me desculpe”.
Seria assim agora também?
Inverter os papéis, virar o jogo, ganhar a partida: - "não fui eu o responsável, você me levou a isso, olha tudo que sofri, não foi fácil para mim, ninguém teria suportado, como você foi terrível"...
O “erro” como simples reflexo das implicações do outro, praticamente única opção, questão de sobrevivência, até... O “erro” como não erro, como consequência das falhas alheias – nada teria sido assim se ela não tivesse ido por ali.
Mas ela o vê. E entende. E sente muito.
do outro lado, sabe o quanto foi machucada e sabe que não deu causa a tudo isso, que não parou ali sozinha, mas acima de tudo – sabe que havia opções.
Outras saídas que não representassem essa.
Outros caminhos que não envolvessem esses outros paralelos, esses buracos, esse abandono.
Fizeram suas escolhas. E as faziam agora, novamente.
Não conseguiria. Não levaria a conta inteira para casa, por mais triste e inegável que fosse a parte sua...
Porque a mesma luz que iluminava suas faltas, clareava também seu auto amor e todos os dias de sol, e todos os dias sem sol que se dedicou para melhorar.
Clareavam sua escolha por não repartir seu coração, seu corpo e seus desejos por aí, por sofrer a cada noite em que se afastavam, mas não correr para conectar outras linhas, segurar outros braços, outros barcos, pela correnteza.
Não perdia da boca o sabor do sal, da onda, do medo. E mesmo assim, caminhava, com coragem, - mas não seguiria pela metade.
Foto: http://luarapresentes.blogspot.com/2013/10/desculpas-em-grande-estilo-enviando.html
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