22 de dez. de 2017

"Well, just wake up, kiss that good life goodbye..."


Vamos brincar de gangorra?

Com três impulsos te jogo no alto, mas não esqueça, podemos cair...

E esse gosto amargo da sua distância apaga dos meus lábios o beijo interminado de ontem... Beijo de despedida e eu nem sabia, beijava eu, desavisada, porque nunca sabemos exatamente qual dos beijos pode ser o último e talvez por isso eu beije cada um com tanta intensidade...

Já estive pronta pra ir, se é que se apronta pra isso... Já estive pronta pra ir embora, tão rápido quanto para irmos à Paris, ou ao Capão, ou para passar o Reveillon num beijo, ali na esquina, logo mais.

Já estive pronta pra ir, pois o meu coração  acelera, mas não arreia as malas onde não vê repouso, não finca os pés em terra que não seja fértil, não se permite amar sem a profundidade toda do oceano no olhar, e fica atento aos suspiros do verão.

Já estive pronta pra ir, mas você preferiu não deixar - e nunca saberei bem a verdade - se por capricho, por vontade, se só pra saber se eu ficaria, se pra saber se eu encaixava ali, entre as suas coisas mais preciosas, ou se caberia em alguma estante, alguma vitrine, algum canto especial que usamos para aquecer a alma em noites frias, ou pra tornar mais quente as noites quentes.

E esse gosto amargo da sua distância retira, lentamente, os véus singelos da paixão, põe abaixo a doçura de encantamentos, derrubando nossas noites com uma onda inesperada de informações, de testes, de percepções, de dados, de tudo aquilo que não se pede (até se nega!), quando a doçura é a dos encantamentos...

Não estava pronta agora, ainda arrematada pelo último beijo; não estava pronta agora, quando suas palavras se confundiam com acalanto; não estava pronta agora, quando o dia clareou entre nós e nossas horas continuavam as mais longas e quando toda a guarda te abria espaço pra me povoar, como em um jogo qualquer de conquistar territórios... Como quando os soldados desistem de guerrear.

Não estava pronta agora, mas com o amanhecer do dia, é o que era: um novo sol, uma nova manhã, e todo o carinho a ser embrulhado, guardado cuidadosamente em sua caixa de memórias, junto com as lembranças que não iria misturar nessa lama do agora, que seja lá porque afogava a tudo...

Guardaria longe as suas noites, as palavras, guardaria longe cada beijo, cada sensação. Guardaria longe toda a coragem de aproximar, de ser vista, de não esconder seus medos e estórias, de confessar seus medos e estórias, de se deixar seduzir. Guardaria.

O sol nascia, então. E terminava ali a noite passada.

Sentiu uma lágrima escorrendo, quente, pelo canto do olho. Queria um beijo, pra amparar...

Mas o sol nascia, então. E terminava, ali, a noite passada.

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