28 de nov. de 2017

"I hope you don't mind, that I put down in words... "


Proposta.

Vamos não nos casar?

O que a acha então, cada um com seu edredom, dormindo espalhados na cama e trocando mensagens gentis de boa noite, daquelas que aquecem o corpo e quase tem cheiro, e quase tem sabor...

Vamos não nos casar, esperar ansiosos nossa noite chegar, aquela ansiedade boa, aquela das borboletas, adolescente, saltitando pela barriga, das mãos geladas, do coração apressadinho...

Vamos não nos casar! Encher a banheira, comprar o champagne, e na nossa noite será sempre festa, sempre feriado, sempre offline...

Vamos não nos casar e nos abarrotar de gentilezas, de mimos, de primores, vamos vibrar no toque da campainha, no abrir da porta, e depois, sofrer um pouquinho na hora de partir, e ficar com o gosto da saudade na solitude...

Vamos adormecer nos braços da saudade que arrepia... Meio singela, meio sensual... A saudade que sussurra no ouvido: "me espera, volto já!" ahhhhh, vamos não nos casar!!!!

E nos falar no intervalo, e nos falar em todo intervalo, em cada brecha do dia, você me diz bom dia, manda flores, e eu tiro fotos loucas (e me prometo: será a última!), até uma próxima refeição (foto de comida, não!!!) e quando eu vir, já enviei, já foi, já mandei, vamos trocar fotos esquisitas e atrapalhar o trânsito das estrelas...

Vamos não nos casar e fazer de cada beijo uma estréia, de cada manhã primavera, de todas as noites nossas noites no coração um do outro.

Vamos não casar, ter tempo ao léu, cada um com cada um, sozinhos com nossos espelhos, vamos ter tempo de maturar, de crescer, até o outro chegar... e teremos novidades pra contar, um detalhe a mais pra desvendar...

Vamos não casar e usar alianças de tempo, de vento, de história, alianças de colorir, visíveis aos nossos olhos, visíveis em nossos olhos, visíveis para aquele que nos vir... Na fila do pão, no mercado, no meio do almoço, atravessando a rua ou esperando nosso encontro chegar...

Vamos não nos casar sem medo, sem padre, sem contrato, vamos não nos casar sem nem pressa, porque o nosso não-casamento será cuidadosamente planejado no universo do não-planejamento, perto do vale dos sem-expectativa, rodeado pelas flores de deixa-acontecer.

Vamos não nos casar e ser assim, como essas palavras, que pegam, amarram, afogam... que param o carro porque querem vir, urgentes, porque querem tanto, tanto, ser do mundo...!

E assim, de repente, seremos os não-casados menos e mais casados que "foram uma vez," dos que se ouvia e falava em cada conto de fadas (e de bruxas).

Um comentário:

E se o dito te inspirar a dizer, estou aqui.