3 de jul. de 2008

"They’re advertising in the skies, for people like us..."

Ela o amou à primeira vista. Seus olhos se encontraram e foi sugada. Encarava meio encantada, paralisava no som macio da voz ou no brilho estranho do olhar ou no que mais que houvesse demais que envolvesse aquele sorriso. O barulho perfeito de sua pausa. O contorno das mãos e os gestos híbridos, oscilantes entre vagos e precisos. Sua presença a fazia desejar ser mais.
Com o tempo, amou suas idéias. Concentrava-se na velocidade de seus pensamentos, zig-zags soltos e coordenados a faziam querer não ser: morrer e nascer idéia –criada, pensada, inventada por ele. Rica, veloz, ensurdecedora.
Foi quando amou seu coração. Amou cada uma de suas extensões: as trezentas mil preocupações constantes, a vontade de amar mais e mais o mundo, o valor imenso dos gestos sinceros.
Antes de dormir, escolhia ouvi-lo falar. Falava por uma abraço apertado e forte, enforcante. Falava com mordidas, quase sempre na orelha esquerda. Falava quando deslizava os dedos sem perceber pelos seus cabelos. Suas falas eram as mais lindas não-palavras.
Amou, não menos, seu corpo. Amou sua boca e o beijo intenso, amou seu jeito de respira-la como se ela fosse o pouco oxigênio que restasse no planeta. A respiração em seu pescoço. Beijo na nuca, mãos, abraço. As vezes o abraço era tão forte, que não havia vácuo. Eram eles e mais nada.
Amou tanto e de tal forma, que se sentia dissolvendo, extravasando, desaparecendo no amor.
Ela sempre pensou que o amor fosse dela. Era ela, que pertencia e desfalecia no amor.

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