
Vivia na ponta dos pés. Para os poucos que notaram, parecia estranho. Nem era tão baixa. Nem era baixa, em verdade. Caminhava na ponta dos pés, como se quisesse estar um pouco mais perto de Deus, pouco mais distante de tudo que fosse humano, terreno.
Coloridas sapatilhas, andava como quem baila.
(...)
Durante a conversa, sentiu algo estranho. A sola de seus pés, apoiada no chão. Calcanhares alinhados, de modo que era sugada pela força do movimento. Da ausência dele. Estática. Ela era chão, firme, parada na esquina. Ele perguntou se estava bem. Era a primeira vez que a sentia perto. Fez que sim com a cabeça, mas negou-se a emitir sons. Qualquer movimento em falso, qualquer barulho, poderia afastá-la daquela verdade.
(...)
Ele fez de tudo para mantê-la ali, mas era tarde. Malas prontas sobre a cama, naquele momento soube que ela jamais voltaria. Pensou no que dizer para despedir-se e não disse nada. Despedia-se desde o primeiro dia. Sempre soube que ela iria. Sempre soube que era passagem, e por isso alegrou-se e despediu-se em todos os momentos que tiveram. Estranho, pensou. Ela, na ponta dos pés, dirigiu-se silenciosamente até a porta. E partiu.
(...)
Ao passar por ali, sentiu saudade. Vaga lembrança de um dia em que seu mundo foi outro. Quando sentiu sem medo a presença dele e agarrou-se, também sem medo, ao que conheceu como amor. Ela o amou. Amou seus passos aqueles dias. Gostaria de encontrá-lo, de dizer-lhe isso, de dizer que nunca passaria, que não se deixaria esquecer. Viu a senhora do outro lado da vitrine, apoiada na ponta dos pés. Achou estranho aquilo, uma mulher na ponta dos pés. (...) Não era uma vitrine.
Coloridas sapatilhas, andava como quem baila.
(...)
Durante a conversa, sentiu algo estranho. A sola de seus pés, apoiada no chão. Calcanhares alinhados, de modo que era sugada pela força do movimento. Da ausência dele. Estática. Ela era chão, firme, parada na esquina. Ele perguntou se estava bem. Era a primeira vez que a sentia perto. Fez que sim com a cabeça, mas negou-se a emitir sons. Qualquer movimento em falso, qualquer barulho, poderia afastá-la daquela verdade.
(...)
Ele fez de tudo para mantê-la ali, mas era tarde. Malas prontas sobre a cama, naquele momento soube que ela jamais voltaria. Pensou no que dizer para despedir-se e não disse nada. Despedia-se desde o primeiro dia. Sempre soube que ela iria. Sempre soube que era passagem, e por isso alegrou-se e despediu-se em todos os momentos que tiveram. Estranho, pensou. Ela, na ponta dos pés, dirigiu-se silenciosamente até a porta. E partiu.
(...)
Ao passar por ali, sentiu saudade. Vaga lembrança de um dia em que seu mundo foi outro. Quando sentiu sem medo a presença dele e agarrou-se, também sem medo, ao que conheceu como amor. Ela o amou. Amou seus passos aqueles dias. Gostaria de encontrá-lo, de dizer-lhe isso, de dizer que nunca passaria, que não se deixaria esquecer. Viu a senhora do outro lado da vitrine, apoiada na ponta dos pés. Achou estranho aquilo, uma mulher na ponta dos pés. (...) Não era uma vitrine.
oi,
ResponderExcluirFoi "apenas o fim..." ou porque gostamos quando não mais o temos?
beijos...